Foto:Marcos Eugênio |
Se problemas não forem
solucionados, médicos ficarão impedidos de atender no hospital por determinação
do CRM-PB
A falta
de condições mínimas para o exercício da medicina no Hospital Regional Janduhy Carneiro, em Patos, levou o
Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) a determinar a interdição
ética da instituição. A medida deve ser aplicada nos próximos dias e foi
motivada pelo resultado de inspeções realizadas pelo Departamento de Fiscalização
do CRM-PB, que identificou sérios problemas na instituição, como falta de médicos
na escala de plantão, deficiências na estrutura física e superlotação.
Na
última quinta-feira (28), o CRM-PB enviou um ofício ao secretário estadual de
Saúde, Waldson de Souza, relatando a situação crítica do hospital, o que também
já tinha sido feito em uma audiência realizada no dia 19 de junho, mas até o
momento nenhuma solução para o problema foi tomada. “A interdição ética
recomendada pelo Conselho no caso do Hospital Regional de Patos decorre do fato
de inexistirem condições mínimas para o exercício da medicina no local. A par
de sua deficiente estrutura física e de sua superlotação, a escala de plantões
apresenta grandes lacunas, especialmente nos finais de semana, o que compromete
seriamente o atendimento à população daquela região”, disse o presidente do
CRM-PB, João Medeiros.
Ele
explicou que a interdição ética recomendada não significa fechamento da
unidade. “O Governo do Estado da Paraíba é quem determina se o mesmo fica ou
não aberto. Os médicos ficam impedidos de dar expediente no Hospital Regional
de Patos até a Secretaria de Saúde proporcionar as condições mínimas para que
eles possam dar atendimento de saúde digno e seguro à população”, explicou o presidente
do conselho.
A
escassez de médicos no Hospital Regional de Patos se dá por dois motivos: cerca
de nove profissionais solicitaram dispensa porque serão candidatos nas próximas
eleições e outros médicos não querem mais cumprir a escala extra de plantões
por não concordarem com a remuneração inferior a que é oferecida nos hospitais
de porte semelhante em Campina Grande e João Pessoa. “O hospital precisa
urgentemente de médicos para completar a escala, pois as condições de trabalho
são péssimas”, disse o diretor de Fiscalização do CRM-PB, Euripedes Mendonça.
Ao
longo do mês de junho, vários médicos entraram em contato com CRM-PB
preocupados com a situação do hospital e solicitando orientações. “Alguns
profissionais estão há mais de 24 horas de plantão, esgotados e sem substitutos
imediatos. Em um Hospital de alta complexidade como o Regional de Patos não
cabe improvisação, ou seja, um clínico não deve assumir as tarefas de um
cirurgião e vice-versa, pelos riscos decorrentes”, destacou Eurípedes Mendonça.
O
presidente do CRM-PB disse que a situação crítica do Hospital Regional de Patos
já soma quase um mês e a falta de perspectiva de solução é incompatível com o
exercício ético da medicina. “A Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba tem
sido repetidamente notificada dos problemas existentes e não foram tomadas
medidas efetivas para resolvê-los. O Conselho não efetivará a interdição se a
Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba tomar medidas concretas para corrigir
os problemas do Hospital Regional de Patos”, destacou o presidente do CRM-PB.
Além
do problema no corpo médico, a crise também atinge a equipe de enfermagem. Nos
últimos dias, o Conselho Regional de Enfermagem também fiscalizou o hospital
para verificar a dimensão do problema de
insegurança no ato de enfermagem e há também possibilidade de interdição do
corpo de enfermagem.
De
acordo com Eurípedes Mendonça, o Hospital Regional de Patos não está
oferecendo condições mínimas de
segurança para o trabalho médico e evidentes riscos para os pacientes.
“Infelizmente, a superlotação está comprovada e em vez de aumentar o número de
médicos, a situação é inversa e sem solução. Os médicos que trabalham no
hospital, além do estresse natural de quem trabalha com urgência e emergência,
estão em pânico sem saber se trabalharão sozinhos, como é caso dos médicos
clínicos gerais, se terão que atender casos de infarto agudo do miocárdio na
ausência de clínicos”, disse.
A
fiscalização no Hospital Regional Janduhy Carneiro, em Patos, foi determinada
pela promotora de Justiça da Comarca de Patos, Edivane Saraiva de Souza, no
final do mês de maio. Após a solicitação, o CRM-PB já fiscalizou o hospital
duas vezes e o relatório da inspeção foi encaminhado para a Secretaria Estadual
de Saúde, para direção geral do hospital e para o Ministério Público do Estado.
Formato Assessoria de
Comunicação
Kaylle
Vieira – 8815.7887
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