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sábado, 2 de janeiro de 2010

Autoestima - uma leitura para começar o dia!



Inácio Andrade Torres – 02/01/2010


SOBRE TEMPO E JABUTICABAS

Rubem Alves é um desses autores que, pelo estilo elegante, misto de poesia, ciência e religiosidade, encanta e cativa o leitor estimulando-o a fazer a leitura do texto, por completo. Nascido em 15 de setembro de 1933, em Boa Esperança, sul de Minas Gerais, lugar imortalizado por Francisco Alves e Lamartine Babo, no samba-canção, "Serra da Boa Esperança", gravado em 1937, esse mineiro tem dado uma grande contribuição ao Brasil, sobretudo no campo educacional.

Bem sucedido no campo da Teologia, ainda jovem iniciou-se na igreja Presbiteriana como pastor, havendo feito uma grande peregrinação no seu estado. Em 1968, denunciado pela sua própria igreja como subversivo, foi perseguido pelo regime militar, fugindo do Brasil para ir morar nos Estados Unidos.

Hoje vive no Brasil, sempre publicando livros de crônicas, de literatura infantil, filosofia, educação e religião, sendo bastante prestigiado pelo povo e no meio acadêmico. O gambá que não sabia sorrir, Teologia do cotidiano, Concerto para corpo e alma e E aí? - Cartas aos adolescentes e a seus pais são algumas de suas inúmeras obras.

O texto abaixo de sua autoria, tem, conforme veiculado na internet, a seguinte dedicatória (dele próprio): “Para os meus amigos com mais de 50 anos, que já não suportam mediocridades.Estou passando para lhes deixar um abraço e uma mensagem”.

Contei meus anos e descobri que, com absoluta certeza, terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em  reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral ou semelhante bobagem, seja ela qual for.

Lembrei-me agora de Mário de Andrade, que afirmou: ‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.’ Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de Deus.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo. O essencial faz a vida valer a pena. Basta o essencial!”


Coluna publicada simujltaneamente com o pbnoticias.com


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