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sexta-feira, 15 de março de 2013

Rede, música de ninar, sons da natureza embalam bebês na UTI da Maternidade de Patos


Há bebês que nascem com apenas seis meses de gestação


A rede lembra o espaço intrauterino da mãe

O relaxamento é importante para o bebê gastar menos energia

UTI Neonatal

Vanderzita e Paulo Athayde

Um utensílio que faz parte da indumentária do sertanejo na hora de dormir tornou-se a sensação da UTI neonatal da Maternidade Dr. Peregrino, de Patos. Simulando intra-uterino da mãe, a rede é armada na incubadora, ajudando na diminuição da frequência respiratória e cardíaca do recém-nascido, fazendo com que este gaste menos energia, devido o relaxamento proporcionado e contribuindo para seu desenvolvimento. 

Nem todos os bebês que se encontram em tratamento intensivo podem fazer uso da rede. O método, que vem sendo implantado em diversas maternidades, não é recomendado para àqueles em estado mais grave, que precisam estar ligados a muitos aparelhos, fazendo uso de oxigenioterapia, segundo a pediatra Vanderzita Mazzaro, médica da Maternidade de Patos, que acrescenta que, mesmo recebendo medicação na UTI, os bebês agasalhados em redes estão ali para passar mais tempo e assim ganhar peso. Não podem ser removidos para enfermarias devido ser bastante pequenos. 

O choro, o estresse do bebê é substituído pela tranquilidade, contribuindo para que a criança perca menos energia e passe a ganhar peso, importante para seu desenvolvimento. “As mães, avós aprovaram de imediato a novidade. E ntão aqueles bebês mais irritados, mais chorosos, que ficam muito instáveis, a saturação do oxigênio por vezes dá saturação, nas redes eles ficam mais relaxados e com isso consomem menor energia. Consequentemente acumulam essa energia que se transforma em gordura fazendo-os ganhar mais peso”, enfatiza Mazzaro.

Mas não só a rede é oferecida para que o recém-nascido possa ficar mais tranquilo. A Maternidade utiliza a musicoterapia como elemento terapêutico, destinando uma hora por dia para essa prática. São cantigas de ninar, sons da natureza que embalam o sono das crianças em tratamento. Além da música, o silêncio faz parte da terapia. Uma hora por dia os funcionários falam em tons de voz mais baixos, os alertas sonoros dos equipamentos são colocados em modo silencioso e algumas luzes são desligadas, criando um ambiente propício ao relaxamento.

O diretor técnico da Peregrino Filho, Dr. Paulo Athayde, explica que à medida que o bebê reduz seus gastos energéticos diminui-se o risco à infecções, melhora o sistema imunológico, gasta menos com oxigênio, se diminui custos hospitalares.

A Maternidade Dr. Peregrino Filho referência em alta complexidade para mais de 90 municípios, já recebeu bebês que nasceram com até 23 semanas de gestação, que não conseguiram sobreviver. Atualmente há dos recém-nascidos de 29 semanas, em torno de seis meses.

A equipe médica da Maternidade está discutindo com a direção a implantação de mais dois projetos para ampliar a assistência à saúde de mães e bebês. Um deles trata da educação em saúde junto às mães que possuem filhos na UTI, para que aprendam a lidar com eles, os cuidados, promover o aleitamento materno, além de lazer, relaxamento com elas. Da equipe deverão participar médicos, enfermeiras, fisioterapeuta, nutricionista, fonoaudióloga, enfim, toda a equipe do Hospital, Amigo da Criança, mantido pelo Governo do Estado e administrado pelo Instituto Social Fibra. 

Outro projeto, em análise, visa trabalhar melhor o pré-natal, para que as mulheres possam ter uma gestação mais tranquila e com menos riscos. A ideia, segundo Vanderzita, é fazer uma ponte com todas as mulheres assistidas nas suas respectivas unidades de saúde de Patos e região, para que visitem a Maternidade, se insiram na rotina da Peregrino Filho, conheçam os procedimentos, participem de palestras, e assim desmistifiquem  os medos, as inseguranças do atendimento hospitalar num momento de profundas mudanças físicas e emocionais que ela vive.

Paulo Athayde diz que o primeiro passo para a consolidação desse projeto foi dado pela Maternidade mês passado, ao oferecer uma capacitação para profissionais de saúde do PSF da regional Patos, com ênfase em pré-natal de baixo risco e humanização no atendimento, destinado especialmente ao pessoal da enfermagem. 

“Nos próximos dias o Governo do Estado e o Instituto Fibra vão capacitar médicos do PSF da regional Patos em pré-natal de alto risco. E daqui a uns quinze dias estaremos abrindo nosso ambulatório de alto risco. A gente quer fazer aquele algo mais. Tecnologia de UTI qualquer hospital pode ter,  mas queremos fazer o diferencial, que é preparar a paciente antes dela entrar na Maternidade e quando ela chegar ser bem acolhida da melhor maneira possível  e que ganhe algum conhecimento que esteja agregado ao filho dela, a qual possa também desfrutar de algum lazer no período que estiver acompanhando seus bebês”, explicou Athayde. Nesse processo é importante a parceria com os municípios.

Resistência – Mesmo encontrando resistência de alguns gestores municipais de saúde da região de Patos, o diretor clínico da Peregrino Filho diz que o trabalho em busca de melhorias para a saúde da mulher e da criança será constante. “Acho que não há conflitos de interesses. Acredito que todos nós queremos o melhor para a saúde da população e por isso vamos buscar os municípios para ampliarmos, melhorarmos nossos serviços à sociedade”, completou Paulo Athayde.


Marcos Eugênio (8802-9016)
DRT 1.178

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