Foto:Marcos Eugênio |
A
seca, fenômeno natural que, historicamente, tem castigado os nordestinos,
apresenta conseqüências que, se não analisadas de forma correlacionadas com
outros fatores pode levar a uma compreensão da impossibilidade de se construir
sustentabilidade na região semiárida brasileira. Percebe-se que a gravidade de
suas conseqüências, a cada nova seca, revela a necessidade de uma abordagem
integradora das políticas públicas destinadas ao desenvolvimento da região.
Entretanto, historicamente, ao contrário percebe-se que a região foi abordada
por políticas setoriais, sem integração. Geralmente, não há integração das
ações das secretarias de governo, desde os municípios, estendendo-se pelos
governos estaduais e respingando, também, nos ministérios do governo federal.
Há casos em que, inclusive, há competição de uma secretaria em relação à outra.
Em alguns casos há interesse de projeção política, de quem está nessas
secretarias, para ocupar futuros espaços políticos, por isso, ao invés de
integração há competição.
A
realidade revela a necessidade de um novo caminho. Esse novo caminho nos diz
que é necessário e urgente que haja um esforço concentrado para que as
políticas possam assumir outra abordagem metodológica, de modo a atende as
várias necessidades, não só da população humana, mas, de todos os aspectos
relacionados aos habitantes, incluindo, as pessoas e os demais seres que compõe
a biodiversidade da região. Nesse contexto, a educação contextualizada é
aspecto fundamental e requer urgência de ser absorvida pelo currículo da
educação formal como meio pedagógico que permite maior contribuição para o
desenvolvimento local.
Há
muitos fatores de ordem cultural e, portanto precisam ser abordados pela
educação, mas, a partir de outro paradigma pedagógico que possibilite as
crianças, adolescentes, jovens e até mesmo os adultos estudar na perspectiva de
ampliar seus conhecimentos, a partir da realidade onde estão vivendo. Isso, sem
dúvida, poderá influenciar um novo processo de rever comportamentos e valores,
construir novas referências de relacionamento entre as pessoas e para como o
meio ambiente onde estão inseridos, gerando elementos de sustentabilidade, a
partir das potencialidades existentes no horizonte da convivência com o clima
semiárido.
Há
muitas situações em que os políticos se referem às pessoas como se fossem
culpadas pelo estado de pobreza em que vivem, porque tem muitos filhos, porque
não se planejam, enfim porque não adotam procedimentos de pessoas que tiveram acesso
a novas formas de conhecimento e por isso estão adotando novos procedimentos de
vida. É necessário, portanto, mergulhar nessa realidade para poder conhecer as
razões dessas pessoas viverem assim e, a partir desse conhecimento desenvolver
políticas que tratem essas pessoas, com uma abordagem integradora, para
promovê-las como cidadãos e cidadãs, capazes de contribuírem, de forma efetiva,
com o desenvolvimento local. O estado necessitar assumir, metodologicamente
outro caminho: promover ao invés de prover. Este é um dos caminhos para a
sustentabilidade da região. Promover as pessoas para serem cidadãos e cidadãs
de modo a assumirem a missão, com eficácia, de mudar a realidade onde vivem, a
partir dos limites e potencialidades inerentes a região, gerando um novo
paradigma: convivência com a realidade semiárida.
José Dias Campos
Coordenador Executivo/CEPFS
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