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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Sustentabilidade no semi-árido brasileiro


Foto:Marcos Eugênio

A seca, fenômeno natural que, historicamente, tem castigado os nordestinos, apresenta conseqüências que, se não analisadas de forma correlacionadas com outros fatores pode levar a uma compreensão da impossibilidade de se construir sustentabilidade na região semiárida brasileira. Percebe-se que a gravidade de suas conseqüências, a cada nova seca, revela a necessidade de uma abordagem integradora das políticas públicas destinadas ao desenvolvimento da região. Entretanto, historicamente, ao contrário percebe-se que a região foi abordada por políticas setoriais, sem integração. Geralmente, não há integração das ações das secretarias de governo, desde os municípios, estendendo-se pelos governos estaduais e respingando, também, nos ministérios do governo federal. Há casos em que, inclusive, há competição de uma secretaria em relação à outra. Em alguns casos há interesse de projeção política, de quem está nessas secretarias, para ocupar futuros espaços políticos, por isso, ao invés de integração há competição.

A realidade revela a necessidade de um novo caminho. Esse novo caminho nos diz que é necessário e urgente que haja um esforço concentrado para que as políticas possam assumir outra abordagem metodológica, de modo a atende as várias necessidades, não só da população humana, mas, de todos os aspectos relacionados aos habitantes, incluindo, as pessoas e os demais seres que compõe a biodiversidade da região. Nesse contexto, a educação contextualizada é aspecto fundamental e requer urgência de ser absorvida pelo currículo da educação formal como meio pedagógico que permite maior contribuição para o desenvolvimento local. 

Há muitos fatores de ordem cultural e, portanto precisam ser abordados pela educação, mas, a partir de outro paradigma pedagógico que possibilite as crianças, adolescentes, jovens e até mesmo os adultos estudar na perspectiva de ampliar seus conhecimentos, a partir da realidade onde estão vivendo. Isso, sem dúvida, poderá influenciar um novo processo de rever comportamentos e valores, construir novas referências de relacionamento entre as pessoas e para como o meio ambiente onde estão inseridos, gerando elementos de sustentabilidade, a partir das potencialidades existentes no horizonte da convivência com o clima semiárido. 

Há muitas situações em que os políticos se referem às pessoas como se fossem culpadas pelo estado de pobreza em que vivem, porque tem muitos filhos, porque não se planejam, enfim porque não adotam procedimentos de pessoas que tiveram acesso a novas formas de conhecimento e por isso estão adotando novos procedimentos de vida. É necessário, portanto, mergulhar nessa realidade para poder conhecer as razões dessas pessoas viverem assim e, a partir desse conhecimento desenvolver políticas que tratem essas pessoas, com uma abordagem integradora, para promovê-las como cidadãos e cidadãs, capazes de contribuírem, de forma efetiva, com o desenvolvimento local. O estado necessitar assumir, metodologicamente outro caminho: promover ao invés de prover. Este é um dos caminhos para a sustentabilidade da região. Promover as pessoas para serem cidadãos e cidadãs de modo a assumirem a missão, com eficácia, de mudar a realidade onde vivem, a partir dos limites e potencialidades inerentes a região, gerando um novo paradigma: convivência com a realidade semiárida.

José Dias Campos
Coordenador Executivo/CEPFS


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