RELAÇÕES AFETIVAS
Foto:caroline-freitas.blogspot.com |
Iara da Silva Machado
Quando
se fala de relações afetivas é comum pensar-se nas trocas emocionais que
experimentam as famílias, os amigos, colegas e conhecidos, estabelecendo um
grau de proximidade ou afastamento dessas pessoas no cotidiano.
Daí,
a classificação em relações “íntimas” ou “sociais”, logo as relações afetivas
são aquelas que envolvem afeto, ou seja, emoções e sentimentos positivos ou
negativos, em maior ou menor intensidade.
É
adequado afirmar-se que construímos relações afetivas ao longo da vida em todos
os contextos nos quais transitamos, porém são nos lares que essas relações se
expressam de modo mais intenso, devido a proximidade diária e reconhecimento
das fragilidades e potencialidades manifestas por cada um.
Eckhart
Tolle em seu livro Praticando o poder do AGORA, afirma que “o verdadeiro amor
não tem oposto”. Quando reflete que não se pode afirmar que se ama uma pessoa
num momento, e no instante seguinte agredir essa mesma pessoa. Argumenta que quando
esse comportamento acontece, não é a manifestação do amor que está presente na
relação e sim uma compensação do ego, que provisoriamente encontra na outra
pessoa uma possibilidade de “preenchimento”, só que, como não é legítima, a
diluição disso pode gerar níveis altos de frustração e daí o ato inadequado.
Ora,
o ser humano busca satisfação, bem estar e sentido existencial. Como ainda não
descobriu a potencialidade em “si mesmo” acredita-se que os outros são
responsáveis pela felicidade almejada, portanto, também da felicidade que não
chega.
Assim,
o desafio que aguarda a todos é a internalização de que cada um é responsável
pelo seu próprio bem estar e que as pessoas a nossa volta são companheiros (as)
de viagem, na busca de suas próprias verdades e realizações, e que poderemos
até sonhar juntos, sonhos possíveis e trabalharmos para alcançá-los, mas não
podemos, nem devemos depositar no outro a obrigatoriedade de que esses sonhos
se concretizem, pois corre-se um grande risco desse projeto naufragar e a
pessoa alimentar a imensa ilusão de que a culpabilidade do insucesso é do
outro; terceirizando equivocadamente a responsabilidade que é antes de tudo do
si mesmo, pela escolha que fez de está ali, naquela situação, naquele
exercício, naquele compromisso, naquele lugar...
Relações
afetivas não deveriam ser prisões emocionais, e sim um grande laboratório de
trocas humanas, de expressões genuínas, de “falas do coração”, de verdades
pessoais sem medo de assumir “sentimentos negativos e emoções menos dignas”. As
vivências afetivas poderiam ser momentos de fé na vida e celebração da
existência, com todas as lágrimas que precisam ser drenadas e também com todos
os sorrisos que precisam ser vividos.
Uma
verdade perene é a transitoriedade da vida e a impermanência de tudo que é
manifesto, a fluidez do estado de coisas é algo indomável para o ser humano,
como se a própria natureza estivesse a dizer que realmente só temos o AGORA
para usufruir, logo, poderemos escolher vive-lo com o máximo de qualidade
positiva e no fluxo da energia do amor, que gera saúde integral para o ser,
porque é a matriz do viver.
Assim,
as relações afetivas são as nossas oportunidades de deixar florescer em nosso
próprio ser o melhor de cada um que compartilhar conosco um quanto dos seus
corações e de doar para esses a boa parte da nossa essência, semeando o perdão,
o amor, a fé e a gratidão.
Iara machado é psicóloga e colunista do pbnoticias e garimpandopalavras
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