A Universidade
Federal de Campina Grande, em parceria com outras entidades e instituições de
ensino superior públicas e privadas realizou de 30 de maio a 02 de junho, em
Cajazeiras, o I Congresso de Saúde da Família do Sertão Paraibano, que teve
como tema “Atenção primária à saúde no Brasil: qual a nossa identidade?” Dele,
com muita honra, participamos como facilitador de duas oficinas e, juntamente
com minha esposa fomos homenageados, conforme o relato a seguir por ela mesma
escrito.
Uma fala de
agradecimento
Plenária de
encerramento com entrega de Certificados e premiação de trabalhos científicos
no I Congresso de Saúde da Família do Sertão da Paraíba.
A nossa fala é
uma das formas de agradecer pelo reconhecimento de algo que foi considerado
bom: a nossa atuação em Cajazeiras, simbolizado(a) pela Premiação de Trabalhos
Científicos no I Congresso de Saúde da Família do Sertão da Paraíba.
O prêmio,
intitulado Goreti e Inácio Andrade, teve como vencedores os alunos : Mariana de
Morais Fortunato (apresentadora); Ana Lídia Carvalho Pinheiro Lins, Dêniar
Crystlene de Sousa Aires, Marília Cléssia Pinheiro e Andrezza Karine
Araújo de M. Pereira, cujo trabalho intitula-se Promovendo a saúde na escola:
uma idéia que dá certo – relato de experiência.
Justifico a
ausência, do Prof. Inácio Andrade Torres, por conta de uma agenda anterior para
este dia, em sua cidade natal, Patos, que não pode ser adiada.
Ele, o
professor Inácio e Eu nos sentimos muito felizes e honrados com esta tão
grandiosa homenagem.
Aumenta nossa
responsabilidade ao recebê-la.Indagamos: será justa? É merecida?
Para massagear
nosso ego, aceitamos de coração e mente aberto(s) a um ato tão significante
para qualquer ser humano que busca ou buscou se firmar profissional e
pessoalmente.
Viemos à
convite para Cajazeiras. O desafio? em dois anos implementar o Curso Técnico em
Enfermagem que acabara de ser absorvido do Colégio Diocesano pela UFPB. No
entanto, aqui, estamos há 32. Acreditamos espiritualmente que fomos chamados
pelo Padre Inácio Rolim, para cumprirmos uma missão, nesta terra, que ensinou a
Paraíba a ler.
Trabalhamos na
UFPB, em Centros de Saúde, Hospitais, em Instituições privadas (no meu caso, na
FSM), em diversas comunidades, diversos projetos, estudando e publicando para
levar a missão da educação e da saúde, através da pesquisa, do ensino e da
extensão, às zonas rurais e urbanas. Trocando saberes e energias. Recebendo e
compartilhando. Aprendendo a aprender, a fazer, e em especial a conviver
e a ser, conforme se fundamentam os pilares da educação.
De nossa vida
profissional fala o currículo. Agora, gostaríamos de expressar um pouco de
nossa vida transpessoal e familiar, já que estamos em um Congresso que traz a
família e sua saúde como foco.
Trouxemos de
João Pessoa, em 15 de setembro de 1980, em nossa bagagem de formação, um
professor de Biologia e odontólogo com residência em Cirurgia
Buco-Maxilo-Facial e uma enfermeira sanitarista, licenciada em enfermagem,
especialista em Saúde Pública e em Metodologia do Ensino de Enfermagem.
Em nossa
bagagem mais preciosa, nossa vida, trouxemos nosso primogênito Bruno, com 10
meses de vida. E que hoje é médico da Estratégia Saúde da Família.
Concomitantemente,
com as atividades profissionais da prática docente-assistencial, pelo
acolhimento, pela tranquilidade da cidade e graças a facilidade de conseguirmos
babás e secretárias domésticas, decidimos planejar nossa família com 5 filhos.
Deus, na sua
generosidade, deu-nos mais filhos. Uma segunda filha, Ankilma, aqui
presente, nascida em Patos, sendo hoje enfermeira, mestra nos fundamentos
do cuidado; as gêmeas, nascidas em Cajazeiras: Morgana que é
psicóloga, especialista em terapia da dor e cuidados paliativos e
Sara, advogada que trabalha a questão dos direitos humanos, mais
especificamente da criança e do adolescente.
Por fim, após 8
anos, concluídos os mestrados e outros cursos, decidimos ter o nosso
caçula, Inácio Andrade Torres Júnior, aprovado no último PSS da UFPB para o
curso de Engenharia Civil, a ser cursado em João Pessoa a partir do próximo
semestre.
Recebemos mais
graças divinas. Tivemos a grande alegria de ganharmos uma netinha, Maria Alice,
Filha de Bruno casado com a cajazeirense Chiara Brasil, enfermeira e
especialista em Saúde da Família, e o nosso genro, o esposo de Ankilma, Marcelo
Feitosa, cajazeirense, administrador, professor universitário e pós-graduado em
gestão de pessoas.
Fomos adotados
por Cajazeiras e adotamos Cajazeiras. A adoção é um grande ato de amor. Hoje
conhecemos Cajazeiras e Cajazeiras nos conhece. É, portanto, um vínculo afetivo
muito forte.
Maior prova
desta adoção e deste vínculo, tivemos quando recebemos o diagnóstico de ser
portadora de Câncer de mama.
Agora, -
permitam-me – promover a socialização de uma dor.
Houve uma
mobilização silenciosa, sem alarde, de muita fé, com redes e rodas de orações, de
envio de mensagens, de apoio a mim e a minha família. Daí o porquê de tanto
fortalecimento em nossa fé, em nossa credibilidade em Deus e nos amigos e
amigas.
Lutamos juntos
e hoje estou aqui, após 7 anos e 7 meses, tratada, curada e levando
a esperança para outras e outros companheiros, que ora enfrentam, buscam e
defendem a vida como o bem mais precioso da humanidade.
Tivemos suporte
para superar. Suportar com serenidade, cautela, determinação. A Terapia
Comunitária foi um desses suportes. Como aprendi na Terapia Comunitária:
“só reconheço no outro, aquilo que conheço em mim”; daí, reconhecendo esta dor
igual no outro, formamos um grupo de mulheres mastectomizadas, o Grupo Amigos
do Peito de Cajazeiras, para nos apoiarmos e trabalharmos as nossas
fragilidades psicológicas e físicas. Hoje, somos em torno de 50 integrantes.
Dito isto,
convocamos, evocamos e provocamos vocês para que estimulem um cuidado simples.
O auto-exame das mamas, que não previne, mas pode diagnosticar cedo (o meu caso
suspeitei em um autoexame) o câncer e outras doenças mamárias.
Portanto, olhem
e vejam o seu corpo, façam autoexame da boca, das mamas, da pele, dos
testículos, do pênis, da vagina e outros. Esses órgãos constituem o seu corpo.
São vocês. Peçam ao(a) companheiro(a), pai, mãe , irmãos, que deem uma
olhada onde você não alcança.
Enfermeiros e
médicos não negligenciem o exame clínico das mamas das usuárias (transformem-no
em um procedimento de rotina). Solicitem a mamografia – exame garantido por lei
- antes que se apresentem queixas. Como a prevenção do câncer de colo uterino,
façam do exame clínico mamário e da mamografia práticas do cotidiano de atenção
primária em saúde
Enfim, em
nossos nomes e no de nossos familiares, recebam o agradecimento por esta
manifestação de carinho e de reconhecimento que, neste momento, vocês
espontaneamente fazem, por dois seres humanos que com suas fraquezas e coragem,
virtudes e imperfeições, acertos e falhas, compartilhados com vocês, alunos,
colegas, amigos, comunidade, babás, secretárias domésticas e especialmente
familiares, conseguiram ir ao encontro do outro nessa alegre dança da vida, do
dar e do receber.
Em nome do
Presidente deste Congresso, Dr. Vinícius Ximenes, agradecemos a todos e a todas
que participaram desta “conspiração afetiva” colaborando para que estas
homenagens de tanta felicidade acontecessem. Por fim, nossa saudação afetuosa
aos também homenageados, neste grande congresso científico, Gastão Wagner de
Sousa Campos, sanitarista e pesquisador da ENSP/FIOCRUZ e Maria Freire
Nascimento de Santana, parteira do HRC.
Nosso
muitíssimo obrigado.
Carinhosamente
Professores Goreti e Inácio Andrade
Cajazeiras -
PB, 02 de junho de 2012
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