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sexta-feira, 25 de março de 2011

Dengue é discutida em audiência pública no Legislativo patoense


A Câmara Municipal de Patos ofereceu na noite de ontem mais um importante e atual tema para ser discutida pela sociedade, a dengue, uma doença preocupante e que precisa do esforço de todos para que sua prevenção seja eficaz. A sessão solicitada pelo vereador Sales Junior (PRB) teve a participação do secretário municipal de saúde, Eisenhower Brito Segundo, do gerente da 6ª Regional de Saúde, vários técnicos, Conselho Municipal de Saúde, que debateram sobre a situação atual da dengue na cidade, as ações desenvolvidas. 

Um fato lamentável, mais uma vez, foi a ausência da população na audiência. De um contingente de mais de 100 mil habitantes, apenas seis pessoas demonstraram interesse pelo debate de mais de duas horas, quando o assunto foi destrinchado pelos convidados. Por unanimidade todos lamentaram o fato, até porque muitos criticam o trabalho do Legislativo, mas não comparecem para discutir temas que dizem respeito ao seu cotidiano, mexem com seus direitos e obrigações, como é o caso da dengue, que precisa de todos no controle de seu vetor, o Aedes aegypti.

O secretário Segundo fez longa explanação sobre as ações desenvolvidas pelo município em  parceria com o estado. No histórico sobre dengue indicou o homem como principal responsável, devastando as matas, retirando o habitat do inseto, pelo crescimento da virose, que já se apresenta no mundo com quatro sorotipos, provocando muitas mortes nos países epidêmicos.

O secretário ressaltou a educação, a conscientização da população como principal arma de combate ao mosquito, responsável este ano por mais de 2.884 casos da doença na Paraíba, Patos liderando os casos suspeitos com 544 notificações. 

Agendes Mirins de Endemias

Uma das ações do município, além das desencadeadas em forma de mutirão, na conscientização, inspeção de imóveis e eliminação de criatórios em terrenos baldios, é o projeto Agentes Mirins de Endemias que está sendo implantado pela Secretária de educação em parceria com a da Saúde, que terá a participação de três mil alunos da rede municipal, devidamente fardados, que atuarão como verdadeiros soldados contra o Aedes, multiplicadores de informações.

Patos terá um Dia Municipal da Dengue, em data diferente do nacional, o projeto será encaminhado ao Legislativo. A intenção é envolver a sociedade dois a três meses antes do período de chuvas, período este propício para a eclosão dos ovos e desenvolvimento do mosquito, a partir do acúmulo involuntário das águas da população, mas que precisa atenção desta para eliminar esses meios de proliferação da dengue.

A vereadora Peteca questionou Eisenhower sobre o arrastão da dengue nas Sete Casas, quando a população recebeu material informativo e nem sequer prestava atenção, apenas reclamava que aquela ação não resolvia nada, apenas se as casas recebessem o larvicida. Ele explicou sobre o novo produto, o Diflubenzuron, só é colocado em depósitos nos quais são encontrados focos do mosquito. Voltou a lembrar da importância da informação, a conscientização dos habitantes no trato de vasilhames com água, caixas destampadas, dentre outros meios que facilitam a reprodução do Aedes. 

O presidente do Conselho Municipal de Saúde, João Bosco Valadares, falou que a dengue é um problema muito antigo em Patos e que só com a união de esforços, educando a população, haverá sucesso nessa guerra contra a doença. 

O gerente da 6ª Regional de Saúde, Davi Nunes da Paz, explicou o planejamento das estratégias nesse trabalho com a população e nos hospitais, com o registro das notificações que auxiliam nesse planejamento. Disse que a Gerência de Saúde vem trabalhando não apenas com Patos, mas com todos os outros 23 municípios de sua jurisdição, apoiando os municípios em suas ações.
Falou dos problemas estruturais, da logística que o Estado possui para oferecer, da importante parceria com o município, e que, nesse processo de saúde pública não existe espaço para querelas políticas. “Precisamos quebrar definitivamente esse paradigma que a adversidade política não permite a união em prol da sociedade de estado e município. Enquanto gestores temos o dever de unir forças para oferecer à sociedade seus direitos à saúde, educação, enfim dar resultados aos seus impostos”, comentou Davi.

Ainda sugeriu aos vereadores que ampliassem os debates em torno da dengue, que fossem convidados outras entidades que têm interesse direto nessa questão, a exemplo do Ministério Público. 

José Amorim, da Vigilância em Saúde de Patos, apresentou um relato do que vem sendo realizado na guerra contra o mosquito. Como exemplo citou a parceria com a SES no recolhimento de pneus velhos em borracharias, terrenos baldios. “Em janeiro deste ano recolhemos 400 pneus que foram levados para um destino final. Agora temos mais de 400 pneus estocados aguardando o caminhão do Estado para retirá-los de Patos”, disse Amorim.

O vereador Sales, proponente da sessão especial, elogiou o alto nível dos palestrantes, as informações esclarecedoras e o trabalho que vem sendo desenvolvido por Patos em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde, por meio de sua 6ª Gerência, cujos resultados já aparecem no último boletim com brusca queda nos índices de infestação. 

Segundo pesquisadores do Instituto Osvaldo Cruz, o mosquito Aedes aegypti é de origem africana (aegypti – egípcio) e que pode ter sido introduzido no Brasil com a vinda dos escravos no período colonial. Na década de 50, com a epidemia de febre amarela urbana houve ações nas Américas que acabaram erradicando o mosquito, causador também da febre. Houve relaxamento das campanhas, até pelo registro de erradicação do mosquito, mas no final dos anos 60, início dos anos 70, ele e reintroduzido no Brasil, principalmente através das regiões Norte e Nordeste, devido o grande trânsito de cargas vindas descargas de países da América Latina e do Norte que não fizeram a erradicação do Aedes.

Ascom

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