Bolinha: Palhaço que ri
e chora
Inácio A. Torres
coisasdecajazeiras.blogspot.com |
Vivíamos os
anos noventas, quando Conhecemos José Nilson da Silva, o Bolinha. Por essa
época, ele trabalhava na Loja de peças para automóveis e oficina mecânica de S.
Gilberto Brandão (em memória), localizada na praça Coronel Matos, no centro de
Cajazeiras.
Vindo do
Ceará, Bolinha pretendia ser mecânico. Tornara-se aprendiz, e com muita firmeza
e vontade, acrescida do apoio de Francisco Brandão, Gilbertinho (em memória),
recebeu o acolhimento de S. Gilberto e dos colegas de trabalho dentre esses
Edilson, Pedro, Chico e outros.
Como tinha
pouco conhecimento da arte, suas atribuições restringiam-se a fazer cafezinho
para a turma da loja e da oficina, varrer o salão, limpar as ferramentas e
controlar pedido de peças para reposição.
Depois de
certo tempo - e desconhecemos as razões -, Bolinha tomou novos caminhos, vindo
depois por convicção a exercer a função de palhaço de rua. Tornou-se uma pessoa
pública, muito querida e admirada em Cajazeiras e na região. Hoje soubemos de
seu falecimento.
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Resta-nos a
conformação e a lembrança de um Bolinha que resistiu a tantas incompreensões
nos palcos existenciais e que superou injustiças e sofrimentos nas peças que o
teatro da vida lhe reservou. Para você Bolinha, que a exemplo de tantos
palhaços pelo Brasil afora, disseminou alegrias mesmo tenda a alma recheada de
angústias, transcrevemos abaixo numa exaltação ao seu trabalho essa poesia de
Lourival Batista, intitulada “Palhaço que ri e chora”.
“Pinta o rosto, arruma palma
Dentre os néscios e os sábios;
O riso aflora-lhe aos lábios,
A dor tortura-lhe a alma;
Suporta, com toda calma,
Desgostos a qualquer hora…
Quando quer bem, vai embora;
Vive num eterno drama:
Pensa, sonha, sofre e ama,
Palhaço que ri e chora.
Se ama alguém com desvelo,
Deixá-lo é martírio enorme;
Se vai deitar-se não dorme;
Se dorme, tem pesadelo,
Sentindo um bloco de gelo
Que o esfria dentro e fora.
Desperta, medita e cora,
Sente a fortuna distante,
Julga-se um judeu errante,
Palhaço que ri e chora.
Pelo destino grosseiro,
A vida jamais o agrada;
Se sente a alma picada,
Tem que ir ao picadeiro.
Não pode ser altaneiro,
Não tem repouso uma hora…
Chagas dentro, rosas flora,
Guarda espinhos, mostra flor!
Misto de alegria e dor,
Palhaço que ri e chora.
Palhaço, tem paciência,
Que da planície ao pináculo,
Este mundo é um espetáculo,
Todos nós, a assistência.
À falta de inteligência,
Gargalhamos qualquer hora…
Choramos sem ter demora,
Sem ânimo, coragem e fé,
Porque todo mundo é
Palhaço que ri e chora
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