Um estudo inédito revelou que o que se conhece
atualmente como câncer de mama pode ser desdobrado em dez diferentes
tipos, abrindo caminho para uma revolução no tratamento, que deve ficar
cada vez mais específico para cada tipo de tumor.
A pesquisa, realizada por cientistas do Canadá e da Grã-Bretanha e publicada na prestigiada revista Nature,
analisou mais de 2 mil mulheres com câncer, e seus resultados devem
começar a ser aplicados em hospitais dentro de no mínimo três anos.
Para os especialistas, é possível comparar o câncer de mama a um
mapa do mundo. Os exames atuais, mais abrangentes, teriam a capacidade
de classificar a doença em diferentes "continentes".
Agora, com as novas descobertas, será possível mapear a doença em
até dez diferentes tipos, com um grau de definição muito maior, como se
fossem "países".
"O câncer de mama não é uma doença, mas sim dez diferentes doenças", disse o chefe do estudo, Carlos Caldas.
"Nossos resultados abrem caminho para que no futuro os médicos
possam diagnosticar que tipo de câncer uma mulher tem e os tipos de
remédios que vão ou não funcionar, de uma maneira muito mais precisa do
que é possível atualmente", acrescenta o pesquisador.
Análise: O que isto representa para os pacientes?
O potencial das descobertas deste estudo é vasto e pode ter
um papel transformador no tratamento do câncer de mama ao redor do
mundo. No entanto, a aplicação da nova classificação ainda levará anos e
o impacto imediato para pacientes será limitado.
Há diferenças claras entre as taxas de sobrevida para cada tipo de câncer identificado.
As variedades dois e cinco, por exemplo, tendem a apresentar cerca de 40% de chances de sobrevida de 15 anos. Os tipos três e quatro têm 75% de chances de sobrevida do mesmo período.
Em termos de tratamento, as notícias são ruins. Até o momento há uma terapia bem delimitada para apenas um dos dez tipos: o medicamento Herceptin.
Os outros grupos permanecerão com procedimentos genéricos, à base de sessões de quimioterapia e radioterapia.
A esperança é que no futuro novos medicamentos sejam criados para cada tipo específico da doença.
Há diferenças claras entre as taxas de sobrevida para cada tipo de câncer identificado.
As variedades dois e cinco, por exemplo, tendem a apresentar cerca de 40% de chances de sobrevida de 15 anos. Os tipos três e quatro têm 75% de chances de sobrevida do mesmo período.
Em termos de tratamento, as notícias são ruins. Até o momento há uma terapia bem delimitada para apenas um dos dez tipos: o medicamento Herceptin.
Os outros grupos permanecerão com procedimentos genéricos, à base de sessões de quimioterapia e radioterapia.
A esperança é que no futuro novos medicamentos sejam criados para cada tipo específico da doença.
No momento, os tumores são classficados de acordo com sua aparência sob as lentes de microscópios e exames com "marcadores".
Aqueles identificados com "receptores de estrogênio" deveriam
responder a tratamentos que utilizam o tamoxifeno (um modulador seletivo
da recepção deste tipo de hormônio) e os classificados com "receptores
Her2" deveriam sofrer impacto da terapia com o medicamento Herceptin.
A grande maioria dos tipos de câncer de mama (mais de 70%) responde
bem aos tratamentos com hormônios. Entretanto, a reação às terapias
varia muito. "Alguns respondem bem, outros fracassam terrivelmente.
Claramente precisamos de uma classificação mais detalhada", diz Caldas.
Revolução
Os pesquisadores analisaram detalhes da genética celular de mais de
2 mil tumores, levando em consideração quais genes haviam sofrido
mutação, quais estavam se multiplicando e quais estavam sendo
desligados.
Após as análises, as células cancerígenas foram agrupadas em dez diferentes classificações, denominadas "IntClust" um a dez.
"Este é o maior estudo já realizado sobre os diferentes tipos de
tumores de câncer de mama e vai alterar a maneira com a qual analisamos a
doença, tendo um impacto enorme na forma de diagnosticar e tratar o
câncer de mama nos próximos anos", disse Harpal Kumar, chefe do
instituto de Pesquisa do Câncer da Grã-Bretanha, que financiou a
pesquisa.
Os cientistas precisam agora comprovar os benefícios da nova
classificação antes que médicos e hospitais de todo o mundo passem a
utilizá-la –um processo que pode levar de três a cinco anos.
Para Delyth Morgan, chefe de campanhas contra o câncer de mama na
Grã-Bretanha, o estudo pode "revolucionar a maneira com a qual a doença é
diagnosticada e tratada".
A pesquisa é um exemplo do que se conhece atualmente por "medicina
personalizada" –que consiste em tratar uma doença a partir do mapeamento
detalhado de seu comportamento genético.
O princípio pode, no futuro, ser aplicado às pesquisas que medem a
resposta a medicamentos para doenças cardiológicas e tratamentos para
conter o vírus HIV, dentre outros.
BBC Brasil
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