Marcos Eugênio
A dengue, uma preocupação nacional, que vem
assustando em vários municípios sertanejos paraibanos, a exemplo daqueles localizados
na região de Teixeira, com índices de infestação preocupantes, parece que não
vem sendo levado a sério pela Secretaria Municipal de Saúde de Patos. Faz tempo
não percebemos os agentes de endemias fazendo o trabalho de inspeção nas
residências, apesar de estarmos vivendo um período em que o alerta vermelho foi
acionado, por se tratar de uma estação que, apesar da forte estiagem que assola
a região, pode ocorrer pancadas de chuvas a qualquer momento.
Os R$ 600 mil direcionados pelo governo federal
para que Patos desenvolva ações educativas contra dengue ainda não foram usados
nesse sentido. O presidente do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde e de
Endemias, João Bosco Valares, diz que a situação começa a preocupar e que o
mosquito já se espalha pela cidade. Acrescentou que o trabalho dos agentes de
endemias não está acontecendo porque o Governo do Estado não fez entrega do
Abate, larvicida usado contra o mosquito e que o secretário de Saúde de Patos,
Eisenhower Brito Segundo irá à Secretaria Estadual de Saúde esta semana para tentar
resolver o problema.
Mas só que, somente com larvicida não se vence
a batalha contra o mosquito. Tentamos contato com o secretário Segundo para explicar
o porquê da ausência de campanhas conscientizadoras na cidade, com uso dos recursos
transferidos pela União, mas seu telefone estava desligado.
Como ovos do Aedes aegytpi, mosquito transmissor
da dengue e febre amarela, pode levar até mais de um ano para eclodirem,
precisando apenas de um pouco de água para isso ocorrer, qualquer chuvinha pode
contribuir para isso. A população, que também precisa ser bastante vigilante,
tomando os devidos cuidados preventivos, está carente de ações de combate,
especialmente as educativas, que gerem atenção nos cuidados diários com a água
usada, a exemplo das caixas de água, trato correto com o lixo domiciliar, ao
regar as plantas.
Cemitérios, sucatas são pontos estratégicos de
combate à dengue, devendo receber quinzenalmente a visita de agentes de
endemias, por se tratarem de locais que servem de criatórios do mosquito.
Domicílios fechados, são muitos em Patos, precisam da ação dos agentes de
endemias.
Na reunião provocada pelo GIAASP em Patos para
tratar de vários aspectos da saúde pública da cidade, a ação dos agentes de
endemias foi questionado. O representante do Sindicato, João Bosco, reconheceu
as falhas, mas disse que enquanto sindicato a obrigação é zelar apenas pela
garantia dos direitos trabalhistas deles.
Outro problema gritante em Patos é a falta de
saneamento básico, como bem citou o secretário Eisenhower, enfatizando que
apenas 5% da cidade dispõem desse serviço. Hoje se sabe que a larva do mosquito
não sobrevive somente em água limpas e paradas. Vem se adaptando às águas
poluídas, o que agrava ainda mais o problema que requer vigilância constante. A
6ª Gerência Regional de Saúde começa a mobilizar os carros fumacê, usados para
matar o mosquito adulto infectado, reduzindo a transmissão da doença, devendo esse
serviço ser desenvolvido em áreas mais críticas da região.
“A gente orienta cada município desenvolver um
cronograma de ações, sejam educativas, de combate, educativas com sua população,
atraindo parceiros como igrejas, entidades de classe, escolas, unidades de
saúde, todos com o propósito de evitar a dengue”, comentou Davi Nunes, gerente
regional de saúde.
Em Água Branca o problema se agrava devido o
abastecimento, com localidades em que água só chega a cada dez, doze dias. O
serviço de abastecimento da Cagepa não consegue atender a todos os bairros por
falta de estrutura de tubulação. O município foi agraciado com projeto para
nova adutora (R$ 400 mil), porém é uma obra que leva tempo. A população vem
fazendo reservas de água em todo tipo de vasilhames, uma atitude desesperadora em
momento de seca.
Porém a proliferação desses vasilhames, sem os
devidos cuidados, torna-se atrativo para o Aedes se desenvolver. A Prefeitura vem
conclamando a população para lutar contra a dengue. Ações educativas ocorrem na
rádio local, nas escolas, comunidades, onde há aglomerações de pessoas há
tentativas de conscientização.
Em Teixeira o índice de infestação predial
supera 8% em certas localidades, epidemia que vem tirando o sono das
autoridades locais. Se os municípios tivessem maior compromisso com a saúde
pública, mantivessem o trabalho educativo, de monitoramento durante todo o ano
problemas dessa natureza dificilmente ocorreriam.
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