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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

CARTA A IMPRENSA


Aos amigos, colegas, alunos e ex-alunos

Por decisão pessoal, estou mantendo contato com alguns setores da imprensa paraibana no intuito de poupar a família do Pe. Jerônimo Medeiros, bem como os paroquianos da Igreja Santo Antônio e a comunidade católica do nosso Sertão de insinuações maldosas, que em nada contribuem à prática do bom jornalismo, cuja proposta hermenêutica é, além de informar, conscientizar a sociedade numa perspectiva libertária. Esse principio, que tem sua gênesis no Iluminismo (séc. XVIII), foi motivador de algumas das mais significativas transformações/revoluções sociais que definem o panorama contemporâneo. Tomemos como exemplo a Revolução Francesa, cujos ideais iluministas, expostos através das práticas enciclopedistas e dos jornais, eram difundidos às classes desvalidas por Robispierre; ainda nesse ponto, é precisamos questionar se os movimentos antecessores ao famoso Maio de 1968, como a Primavera de Praga e os protestos estudantis que ocorriam no norte europeu, não teriam fundamentado e articulado as ideias do movimento estudantil parisiense pela luta de um modelo educacional desburocratizado, permitindo a difusão, projeção e expansão das correntes de pensamento contemporâneas, referenciadas por Sartre, Simone de Bouvoier, Bourdieu, Foucalt, entre outros... Será que se a imprensa do mundo inteiro -  fortemente representada pelo New York Times, Fination Times, CNN, BBC of London, e alguns outros veículos/meios - não tivesse tomado partido em mostrar algumas das atrocidades ocorridas nos claustros da cortina de ferro, as ditaduras socialistas teriam sobrevivido?
Não quero pensar a imprensa, como os meios de comunicação, em seus aspectos totalitários, definidos por Ingnácio Ramonet em A tirania da comunicação. Penso em valorá-la do ponto de vista libertário, por acreditar que num estado democrático de direito ela seja necessária à orientação, sobretudo dos humildes, que ao contrario de mim emite, direciona, orienta e, talvez até seja manipulador de pensamentos. Que sou eu, um homem falível como qualquer outro, dotado de defeitos e pouquíssimas virtudes para julgar os posicionamentos, angustias e maus êxitos de quem quer que seja???
O questionamento, para alguns excessivamente clichê, parte das postagens de alguns comentários postados durante as últimas horas em websites que noticiam a morte do Pe. Jerônimo Medeiros.
Na minha ignorância cibernética sei que existem ferramentas capazes de bloquear postagens esdruxulas. Diante disso, peço encarecidamente aos websites de conteúdo jornalístico, que façam uma triagem nas mensagens enviadas no intuito de desdenhar não só do Pe. Jerônimo mas de toda condição humana. Solicito também a retirada, na medida do possível, dos comentários que torturam mais os familiares abalados e os amigos traumatizados. Aos meus alunos e ex-alunos, considerem o pedido, levando em conta as vezes que me procuraram e eu não medi esforços para ajuda-los. Fazendo isso, tenham certeza, vocês estarão contribuindo para o exercício da ética e da dignidade.
Que Deus abençoe a todos,

Afetuosamente,

Prof. Ms. Flaubert Paiva
Patos – Paraíba, 27 de setembro de 2011

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