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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Autoestima

Bullying: a violência que não podemos deixar invadir o espaço escolar

Inácio A. Torres

Nos últimos anos o bullying escolar tem sido um assunto bastante veiculado na imprensa. E, vem, também, despertado interesse junto aos trabalhadores da saúde e da educação.

Universalmente definido como “um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento”, o bullying vem crescendo no espaço escolar.
 
Insultos, intimidações, apelidos cruéis e constrangedores, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outro(s) aluno(s), levando-o(s) à exclusão, além de danos físicos, psíquicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying.
 
Além do contexto escolar, o bullying expande-se para outros cenários. Por exemplo, em locais de trabalho (nesse caso chamado de assédio moral); nas instituições de longa permanência para idosos; nas prisões; nos condomínios residenciais; nas forças armadas, nas famílias e outros locais que abrigam humanos.
 
Segundo a Dra. Cleodelice Zonato - autora do Programa Educar para a Paz - estudos sobre comportamento bullying entre escolares identificam e classificam assim os tipos de papéis sociais desempenhados pelos seus protagonistas: “vítima típica”, aquele que serve de bode expiatório para um grupo; “vítima provocadora”, aquele que provoca determinadas reações contra as quais não possui habilidades para lidar; “vítima agressora”, aquele que reproduz os maus-tratos sofridos; “agressor”, aquele que vitimiza os mais fracos; e “espectador”, aquele que presencia os maus-tratos, porém não o sofre diretamente e nem o pratica, mas que se expõe e reage inconscientemente a sua estimulação psicossocial.
 
Para ela, trata-se de uma questão séria, presente em todas as escolas, e que, embora já esteja espalhada pelo mundo afora, somente nos últimos tempos, vem despertando interesse de ser mais estudada no Brasil. A Dra Cleodelice informa que, no mundo, as taxas de prevalência de bullying escolar indicam que entre 5% a 35% dos alunos estão envolvidos no fenômeno. No Brasil, os resultados de uma pesquisa por ela realizada no interior do estado de São Paulo, em estabelecimentos de ensino públicos e privados, com um universo de 1.761 alunos, comprovam que 49% desses alunos estavam envolvidos no fenômeno e desses, 22% figuravam como “vítimas”; 15% como “agressores” e 12% como “vítimas-agressoras”.
 
As causas do bullying escolar, conforme a literatura especializada, são muitas, realce-se as carência afetiva, ausência de limites e ao modo de afirmação de poder e de autoridade dos pais sobre os filhos, por meio de “práticas educativas” que incluem maus-tratos físicos e explosões emocionais violentas.
Mas, como enfrentar e combater a prática de bullying escolar? É verdade que não existe uma receita pronta para isso, visto ser um problema que, além de inúmeros atores envolvidos (pais, alunos e professores), tem inúmeras e variadas causas. Todavia, são sempre bem vindas orientações de especialistas. Um exemplo desses podemos encontrar no livro “Bullying: mentes perigosas nas escolas”, de autoria da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, produzido pela editora Fontanar.
 
Essa autora conceitua e mostra com muita clareza, a diferença existente entre brincadeiras espontâneas entre alunos e a prática de atos de violência e perversidade. Argumenta “os agressores costumam escolher um aluno-alvo que geralmente já apresenta sintomas de baixa autoestima. A prática do bullying acaba por agravar esses sintomas, abrindo caminho para a ocorrência de quadros graves de transtornos psíquicos que podem trazer prejuízos irreversíveis as suas vítimas”.
 
Os protagonistas de bullying não conseguem conviver pacificamente com os colegas diferentes da maioria, como por exemplo alunos mais baixos, mais altos, mais magros, mais gordos, e outros. Contra esses, todo tipo de discriminação, indiferença e achincalhamento. É aí que entra a necessidade de capacitação dos professores no sentido de aprenderem a identificar esse tipo de violência e de buscarem os meios operacionais pedagógicos de enfrentamento. Na verdade nem sempre é fácil conviver com os diferentes. Para isso é preciso ter grandeza de espírito e prática familiar de generosidade, algo que pouco praticado nos lares atualmente.
 
 Coluna:Autoestima - uma leitura saudável para começar bem o seu dia! 

 

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