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quinta-feira, 26 de abril de 2012

Bairros de Patos com epidemia de dengue

Fotos:Marcos Eugênio
 
Amorim falou sobre ações municipais
 

“Hoje podemos dizer que há epidemia de dengue nos bairros Belo Horizonte e Jardim Queiroz”. Essa foi a afirmativa do coordenador de epidemiologia da Secretaria de Saúde de Patos, José Amorim, durante as longas discussões ocorridas na noite desta quinta-feira na reunião do Conselho Municipal de Saúde, que debateu também a adesão ao SARGUS (Sistema de Apoio à Construção do Relatório de Gestão).

O debate em torno da dengue pôs na mesa um problema que ressurge a cada ano, sentido pela população, que tem grande parcela pelas consequências sentidas na pele, ao não fazer o dever de casa, evitando e eliminando possíveis criatórios do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença que só no ano passado teve 1.027 casos notificados nesta cidade e a confirmação de 362 em laboratório.

O Conselho de Saúde abriu espaços para todos falarem de sua competência, erros e acertos. Amorim fez uma explanação de como o trabalho de combate vem acontecendo na cidade. Deixou claro a prioridade de ação pelas equipes de agendes de combate de endemias, os bairros Belo Horizonte, onde houve uma morte de uma criança de sete anos, com suspeita de dengue hemorrágica, algo que está sendo ainda investigado, Jardim Queiroz e Novo Horizonte, onde a meta é tratar 100% dos imóveis com o larvicida Novaluron, recomendado pela OMS no combate à dengue, como inibidor de síntese de quitina.

Nas discussões se falou inclusive da falta de compromisso da classe médica na notificação dos casos, deixando a responsabilidade, dele, para o corpo de enfermagem nas unidades de saúde básica. O coordenador de epidemiologia do município voltou a lembrar que a população é o principal parceiro na guerra contra a dengue. “É preciso que ela faça sua parte”, acrescentou.

Foram apresentados problemas vividos pelas equipes DA (Difícil Acesso) dos agentes de endemias, pela falta de equipamentos, como escadas, para se chegar a reservatórios d’água de difícil acesso. Um dos agentes presentes lamentou, enfatizando que parte dos colegas faz corpo mole nesse trabalho de combate ao Aedes. Apresentou números, como o recolhimento este ano de 1076 pneus que poderiam servir de criatórios do mosquito, informando que os bairros Belo Horizonte, Santo Antônio e Salgadinho são os que possuem maior número de imóveis de difícil acesso para ser tratados.

Houve críticas à postura de muitos cidadãos que não permitem que os agentes de endemias entrem em suas casas para vistoria e tratamento da água com larvicida. Já os agentes de saúde pública do Ministério da Saúde à disposição da 6ª GRS, Francisco Queiroga e Eugênio Pacceli rebateram, apresentando formulários, as informações de que havia faltado o larvicida para Patos. O produto fornecido ao município de 23 de janeiros deste ano aos dias atuais daria para tratar 42 milhões de litros de água, sendo que apenas 7.837 depósitos com água foram tratados. “Houve um grande equívoco quando disseram ter faltado larvicida para os agentes de endemias desenvolverem seu trabalho de combate”, comentou Pacceli.

Imóveis que receberam a última visita de um agente em maio do ano passado, outras a seis, imóveis fechados que podem estar servindo de viveiros do mosquito, foram outras informações que serviram para acalorar ainda mais o debate. Amorim disse que tudo que pode ser feito pelo governo municipal no combate a dengue está acontecendo e sugeriu uma nova capacitação para os agendes de controle de endemias.

O presidente do Conselho Municipal de Saúde, também presidente do Sindicato de Agentes de Saúde e de Endemias de Patos e Região, João Bosco Valadares falou da importância de cada um reconhecer seus erros e arregaçar as mangas para um trabalho mais efetivo contra a dengue. Também defendeu o horário corrido de seis horas para os agentes, devido as condições climáticas locais, insuportável para os profissionais. “Se os agentes não estão cumprindo com sua carga horária isso é uma questão administrativa, que deve cobrar deles”, comentou Bosco. 

Keyla Brandão, apoiadora da 6ª Gerência Regional de Saúde elogiou o trabalho, a luta de Sandra de Lourdes, coordenadora municipal da Atenção Básica, em prol da melhoria da saúde de Patos, mas lamentou a falta de interesse dos gestores municipais a programas federais, a exemplo do PMAQ - Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica e Rede Cegonhas, que poderiam trazer importantes conquistas para a população.

A pauta seguiu com as discussões em torno do SARGUS - Sistema de Apoio à Construção do Relatório de Gestão, com a coordenadora da Atenção Básica. O SARGUS trará uma série de contribuições tanto para gestão quanto para o controle social. O objetivo é fornecer aos gestores municipais e estaduais um instrumento informatizado que facilite a elaboração e o envio do Relatório Anual de Gestão (RAG), utilizando as bases de dados nacionais com informações que servirão para qualificar os processos e práticas do monitoramento e avaliação da gestão.

O SARGSUS também viabilizará uma base de dados para armazenar e disponibilizar informações estratégicas, possibilitando aos gestores o cumprimento dos prazos legais de aprovação do RAG nos respectivos Conselhos de Saúde, bem como gerar relatórios de monitoramento, facilitando a avaliação de desempenho deste processo da gestão do SUS. 

Marcos Eugênio

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