Fotos:Marcos Eugênio |
Amorim falou sobre ações municipais |
“Hoje podemos dizer que há epidemia de dengue
nos bairros Belo Horizonte e Jardim Queiroz”. Essa foi a afirmativa do coordenador
de epidemiologia da Secretaria de Saúde de Patos, José Amorim, durante as
longas discussões ocorridas na noite desta quinta-feira na reunião do Conselho
Municipal de Saúde, que debateu também a adesão ao SARGUS (Sistema de Apoio à
Construção do Relatório de Gestão).
O debate em torno da dengue pôs na mesa um problema
que ressurge a cada ano, sentido pela população, que tem grande parcela pelas
consequências sentidas na pele, ao não fazer o dever de casa, evitando e
eliminando possíveis criatórios do mosquito Aedes aegypti, transmissor da
doença que só no ano passado teve 1.027 casos notificados nesta cidade e a confirmação
de 362 em laboratório.
O Conselho de Saúde abriu espaços para todos
falarem de sua competência, erros e acertos. Amorim fez uma explanação de como
o trabalho de combate vem acontecendo na cidade. Deixou claro a prioridade de
ação pelas equipes de agendes de combate de endemias, os bairros Belo Horizonte,
onde houve uma morte de uma criança de sete anos, com suspeita de dengue
hemorrágica, algo que está sendo ainda investigado, Jardim Queiroz e Novo
Horizonte, onde a meta é tratar 100% dos imóveis com o larvicida Novaluron,
recomendado pela OMS no combate à dengue, como inibidor de síntese de quitina.
Nas discussões se falou inclusive da falta de
compromisso da classe médica na notificação dos casos, deixando a responsabilidade,
dele, para o corpo de enfermagem nas unidades de saúde básica. O coordenador de
epidemiologia do município voltou a lembrar que a população é o principal
parceiro na guerra contra a dengue. “É preciso que ela faça sua parte”,
acrescentou.
Foram apresentados problemas vividos pelas
equipes DA (Difícil Acesso) dos agentes de endemias, pela falta de equipamentos,
como escadas, para se chegar a reservatórios d’água de difícil acesso. Um dos
agentes presentes lamentou, enfatizando que parte dos colegas faz corpo mole
nesse trabalho de combate ao Aedes. Apresentou números, como o recolhimento
este ano de 1076 pneus que poderiam servir de criatórios do mosquito,
informando que os bairros Belo Horizonte, Santo Antônio e Salgadinho são os que
possuem maior número de imóveis de difícil acesso para ser tratados.
Houve críticas à postura de muitos cidadãos que
não permitem que os agentes de endemias entrem em suas casas para vistoria e
tratamento da água com larvicida. Já os agentes de saúde pública do Ministério
da Saúde à disposição da 6ª GRS, Francisco Queiroga e Eugênio Pacceli rebateram,
apresentando formulários, as informações de que havia faltado o larvicida para
Patos. O produto fornecido ao município de 23 de janeiros deste ano aos dias
atuais daria para tratar 42 milhões de litros de água, sendo que apenas 7.837
depósitos com água foram tratados. “Houve um grande equívoco quando disseram
ter faltado larvicida para os agentes de endemias desenvolverem seu trabalho de
combate”, comentou Pacceli.
Imóveis que receberam a última visita de um
agente em maio do ano passado, outras a seis, imóveis fechados que podem estar
servindo de viveiros do mosquito, foram outras informações que serviram para
acalorar ainda mais o debate. Amorim disse que tudo que pode ser feito pelo
governo municipal no combate a dengue está acontecendo e sugeriu uma nova
capacitação para os agendes de controle de endemias.
O presidente do Conselho Municipal de Saúde, também
presidente do Sindicato de Agentes de Saúde e de Endemias de Patos e Região, João
Bosco Valadares falou da importância de cada um reconhecer seus erros e arregaçar
as mangas para um trabalho mais efetivo contra a dengue. Também defendeu o
horário corrido de seis horas para os agentes, devido as condições climáticas
locais, insuportável para os profissionais. “Se os agentes não estão cumprindo
com sua carga horária isso é uma questão administrativa, que deve cobrar deles”,
comentou Bosco.
Keyla Brandão, apoiadora da 6ª Gerência
Regional de Saúde elogiou o trabalho, a luta de Sandra de Lourdes, coordenadora
municipal da Atenção Básica, em prol da melhoria da saúde de Patos, mas
lamentou a falta de interesse dos gestores municipais a programas federais, a
exemplo do PMAQ - Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da
Qualidade da Atenção Básica e Rede Cegonhas, que poderiam trazer importantes
conquistas para a população.
A pauta seguiu com as discussões em torno do
SARGUS - Sistema de Apoio à Construção do Relatório de Gestão, com a
coordenadora da Atenção Básica. O SARGUS trará uma série de contribuições tanto
para gestão quanto para o controle social. O objetivo é fornecer aos gestores
municipais e estaduais um instrumento informatizado que facilite a elaboração e
o envio do Relatório Anual de Gestão (RAG), utilizando as bases de dados
nacionais com informações que servirão para qualificar os processos e práticas
do monitoramento e avaliação da gestão.
O SARGSUS também viabilizará uma base de dados
para armazenar e disponibilizar informações estratégicas, possibilitando aos
gestores o cumprimento dos prazos legais de aprovação do RAG nos respectivos
Conselhos de Saúde, bem como gerar relatórios de monitoramento, facilitando a
avaliação de desempenho deste processo da gestão do SUS.
Marcos Eugênio
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