Em um discurso inflamado, no qual criticou a
ação da Polícia Militar que cercou hoje de manhã a fazenda Paraíso, em
Mogeiro, para tentar concluir o despejo que teve início da semana
passada, o deputado estadual Frei Anastácio (PT) se irritou e disse que
não deixará, durante sua atuação, de defender os trabalhadores rurais e
reclamar do tratamento dado pelas autoridades paraibanas à causa
agrária. "Vou continuar defendendo os trabalhadores e não penso em porra
de Mesa", disse ele sobre a intensa articulação que já está em curso
para a eleição dos dirigentes do poder legislativo a partir de 2015.
Em seguida ao discurso de Anastácio, o deputado Edmilson Soares
(PEN) que presidia a sessão, pediu que o setor de atas retirasse do
registro a palavra "porra".
Caso Mogeiro - “Existia a promessa do juiz que
expediu a ordem de despejo, de que hoje seria realizada uma reunião
entre Incra, proprietário das terras, Comissão Pastoral a Terra, e
trabalhadores para tentar um acordo. Mas, o que estamos vendo é que nada
foi cumprido e a situação é preocupante, uma vez que os trabalhadores
irão resistir ao despejo e irá haver confronto com a polícia”, alertou o
deputado.
Na quinta-feira da semana passada, durante a ação de reintegração
de posse, dois tratores destruíram várias casas de taipa, plantações de
macaxeira, milho, hortaliças e vários outros produtos orgânicos e
diversas outras culturas.
O deputado estadual Frei Anastácio (PT) disse que foi formada mais
uma praça de guerra na fazenda. “Mais de cem policiais do pelotão de
choque que dispararam bombas de efeitos moral, usaram spray de pimenta e
bala de borracha contra os trabalhadores. E a mesma coisa está
acontecendo neste momento”, disse o deputado.
Frei Anastácio disse que depois de mais de 40 anos de luta, ao lado
dos trabalhadores, nunca havia presenciado situação semelhante. “Foi
triste ver casas sendo destruídas, plantações sendo arrancadas pelos
tratores, animais mortos e os posseiros sem poder fazer nada. E hoje irá
acontecer a mesma coisa. Espero que haja bom senso para evitar mortes
no local”, descreveu o deputado.O petista disse que dos trinta hectares
de plantações dos posseiros, foram destruídos mais de dez hectares de
várias culturas, na semana passada.
A fazenda Paraíso é ocupada por cerca de 50 posseiros que moram nas
terras há muitos anos. Segundo Frei Anastácio, muitos dos posseiros
moram na fazenda há mais de 50 anos. “O que essas famílias estão
reivindicando é o direito à terra onde eles nasceram e cresceram. O
conflito teve início este ano, com a proibição do proprietário, Zé
Guilherme, dos trabalhadores continuarem plantando, uma atividade que
eles desenvolviam desde que nasceram na terra ”, explicou o deputado. Os
posseiros são assistidos pela Comissão Pastoral da Terra, que está
acompanhando todo processo de luta dos trabalhadores e trabalhadoras.
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