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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O avarento: um ser sem luz


Autoestima - uma leitura saudável para começar bem o seu dia!

Inácio A. Torres


Os dicionários definem avareza como sendo um excessivo e sórdido apego ao dinheiro, uma falta de generosidade, mesquinhez. Aos adeptos da avareza, dar-se dentre outras, as seguintes denominações: avarento, amarrado, fominha, esganado, migalheiro, mesquinho, miserável, pão-duro, sovina, unha de fome, seguro, mão de vaca, forra-gaitas.

Nas aulas de catecismo com o Padre Carlos, aprendemos que pecado é toda transgressão de um preceito religioso, uma culpa, uma crueldade, um vício, enfim tudo aquilo que fere ensinamentos e bons costumes cristãos. Após essa introdução, calmamente ele ia explicando os tipos de pecados: mortal, venial, original até que chegava aos pecados capitais.

Confesso que gostava dessas aulas. No conteúdo, elas traziam uma mensagem que nos faziam pensar sobre o bem e o mal, conduziam-nos a uma investigação geral sobre aquilo que é bom. Na sua explanação o professor se preocupava com a evolução espiritual de seus alunos e com a perfeição do ser humano. Hoje, apesar de considerar que pecado é algo subjetivo, e que depende muito do conceito embutido na cabeça de cada ser humano, sobretudo do seu EU, o EU gestor de atitudes, gestos e atos e do psiquismo, não me atrevo a contestar os ensinamentos de meu velho professor de religião.

Ele contava que os pecados capitais foram catalogados na idade média, constituindo-se em um dos grandes legados da igreja católica medieval. E para facilitar a aprendizagem, citava-os em ordem alfabética: avareza, gula, inveja, ira, luxúria, orgulho e preguiça, resumindo cada um mais ou menos nessas palavras.

Avareza é apego exagerado ao dinheiro, aos bens materiais e riquezas. A gula é a deseducação alimentar, comer só por prazer, sem limites. A Inveja dificulta o sucesso humano e quase todo invejoso é infeliz. A ira é a raiva contra alguém, é o culto a vingança e um veneno para o cérebro, na medida em que desorienta as pessoas. Luxúria é a permissividade do sexo, a banalização da sexualidade e da sensualidade. Orgulho é preocupação excessiva com a aparência visando conquistar e ser admirado pelos outros. E, por último, a preguiça, que é a negligência e a ausência de vontade que conduzem ao autoabandono e desleixo.
 
De todos esses pecados, em nossa opinião, a avareza talvez seja um dos mais prejudiciais aos humanos. O avarento é um sofredor. É um ser que se deixa consumir pelo egoísmo e pela ânsia de sempre querer ter mais. Com isso, acaba não vivendo e nem deixando aqueles que lhe estão mais próximos viver. Afasta-se de sentimento nobres para vivenciar cotidianamente uma concorrência consigo mesmo. Imagine com os outros!?

A justa norma ensina: não se deve valorizar o homem pelo que tem, mas pelo que ele é. O invejoso, por não ser capaz de fazer essa avaliação, também é incapaz de interpretar as reflexões bíblicas e de grandes pensadores. E essa sua incompetência provém de sua ambição... uma ambição que lhe enfraquece a visão tornando-a turva. Uma ambição que transforma o avarento em um ente cegamente apaixonado pela usura, esquecendo-se, por viver mergulhado em um mar de vagas aspirações e delírios que, às vezes, perdendo-se também se ganha.

Prestemos atenção nesse ensinamento bíblico:

“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.

Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal” (Mateus, 6:19-34).

E, por fim, nesse pensamento atribuído ao Dalai Lama:

“Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido”.


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