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sábado, 3 de maio de 2014

Dom Tomás Balduino morre após série de internações em Goiânia

O bispo emérito da cidade de Goiás e fundador da Comissão Pastoral da Terra, dom Tomás Balduino, de 91 anos, morreu às 23h30 de sexta-feira (2) no Hospital Neurológico, em  Goiânia. Internado na unidade de saúde desde o dia 25, ele não resistiu a uma trombo embolia pulmonar.
O corpo do bispo está sendo velado na Igreja São Judas Tadeu, no Setor Coimbra, na capital. O velório acontece no local até as 10 horas de domingo (4), quando ocorrerá uma missa. Em seguida, o corpo segue para a catedral da cidade de Goiás, onde será velado e sepultado. O enterro está previsto para acontecer às 9 horas de segunda-feira (5).

No velório, uma das irmãs do bispo, Anunciata Balduino, lamentou a morte e disse que o irmão era muito querido por todos. "Ele era muito bom, muito amigo, muito brincalhão. É disso que a gente vai sentir saudade", afirmou.

Neste sábado (3), a presidente da República, Dilma Rousseff, divulgou uma nota de pesar sobre o falecimento do bispo. "Foi com tristeza que soube da morte de dom Tomás Balduíno, incansável lutador das causas populares. Bispo emérito da cidade de Goiás, dom Tomás era um persistente", destacou.

A presidente ainda destacou a luta de dom Tomás pelos direitos humanos. "Personagem central na fundação da Comissão Pastoral da Terra [CPT] e do Conselho Indigenista Missionário [Cimi], figura destacada na oposição ao regime militar, dom Tomás foi defensor intransigente dos direitos dos índios, dos trabalhadores sem-terra e dos mais pobres. Em nome do governo brasileiro, rendo, nessa hora de dor, minhas homenagens a vida de dom Tomás", concluiu a nota.

Biografia
Dom Tomás Balduino nasceu em Posse, no norte goiano, em dia 31 de dezembro de 1922. Registrado como Paulo Balduino de Sousa Décio, ao ser ordenado religioso dominicano, em Minas Gerais, ele recebeu o nome de Frei Tomás, como era costume.

O religioso ainda cursou filosofia em São Paulo e Teologia em Saint Maximin, na França, onde também fez mestrado em Teologia. Em 1950, ele lecionou filosofia em Uberaba. Em 1951 foi transferido para Juiz de Fora como vice-reitor da então Escola Apostólica Dominicana e também lecionou filosofia.
Em 1957, Dom Tomás foi nomeado superior da missão dos dominicanos da Prelazia de Conceição do Araguaia, no Pará, onde viveu de perto a realidade indígena e sertaneja. Na época a Pastoral da Prelazia acompanhava sete grupos indígenas. Para desenvolver um trabalho mais eficaz junto aos índios, o religioso fez mestrado em Antropologia e Linguística, na Universidade Nacional de Brasília, que concluiu em 1965. Estudou e aprendeu a língua dos índios Xicrin, do grupo Bacajá, e Kayapó.
O religioso foi nomeado Prelado de Conceição do Araguaia em 1965. Na época, ele defendeu os indígenas da ocupação de suas terras por empresas agropecuárias.
Em 1967, Dom Tomás foi nomeado bispo diocesano da cidade de Goiás, onde permaneceu durante 31 anos. Ao completar 75 anos, em 1999, ele apresentou sua renúncia e mudou-se para Goiânia. Dom Tomás Também ajudou pessoas perseguidas pela Ditadura Militar.
Dom Tomás foi personagem fundamental no processo de criação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em 1972, e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975.  A Assembleia Geral da CPT, em 2005, o nomeou Conselheiro Permanente. Por sua atuação firme e corajosa recebeu diversas condecorações e homenagens no Brasil e no exterior.
No dia 8 de novembro de 2006, Dom Tomás recebeu da Universidade Católica de Goiás (UCG) o título de Doutor Honoris Causa, devido ao comprometimento de Dom Tomás com a luta pelo povo pobre.
Dom Tomás recebeu da Oklahoma City National Memorial Foudation o prêmio Reflections of Hope, em 2008. A organização considerou que as ações de Dom Tomás são exemplos de esperança na solução das causas que levam a miséria de tantas pessoas em todo o mundo.

A Universidade Federal de Goiás (UFG) também outorgou o título de Doutor Honoris Causa a Dom Tomás em 2012.

G1

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