Marcos Eugênio
A paisagem cinzenta, o sol causticante, traz de
volta momentos não muito distantes de uma realidade que o sertanejo é tão bem acostumado
a enfrentá-la: a seca. “Lembro bem das secas de 1993 e 1998. Foram intensas. Em
2000 o açude público secou”, diz preocupado Genário Soares Pessoa, secretário
de agricultura de São Mamede, município localizado na microrregião de Patos, região
central da Paraíba, analisando a estiagem deste ano.
São Mamede tem como principal fonte geradora de
receitas a agricultura, este ano dizimada pela estiagem, segundo Genário.
Vivendo em situação de emergência, decreto já assinado pelo governo da Paraíba,
ainda levará algo em torno de um mês para que haja homologação por parte do
governo federal.
O abastecimento é um grave problema. Apenas um
carro-pipa, do município, é que faz a distribuição à população rural, cerca de
1.800 pessoas ainda vivem no campo. O secretário explicou que a água de beber,
retirada do açude público José Severino Araújo, construído pelo DNOCS, pode
chegar ao fim rápido, já que de sua capacidade de armazenamento, que é de 15
milhões de metros cúbicos, existem atualmente apenas 20% desse volume. A
evaporação é um grande acelerador nesse processo de secagem do reservatório.
“A extensão rural de São Mamede é enorme e o
abastecimento geralmente acontece de 15 em 15 dias em cada residência por que
só temos um caminhão”, comentou ao pbnoticias o secretário, frisando que o Exército,
após a homologação da situação de emergência, deverá contratar mais três ou
quatro caminhões para esse serviço. A água é tratada com hipoclorito de sódio pelos
próprios moradores, orientados, segundo Genário, pelo motorista do carro-pipa.
Ele disse que este ano a seca pegou todo mundo
desprevenido, sem alimento estocado para os animais e hoje sofrem pela falta de
pasto e de água para os rebanhos.
A maior parte das reservas hídricas
subterrâneas de São Mamede é imprópria para consumo humano devido a salinidade.
Com uma média histórica de 450 a 500mm de pluviosidade, as chuvas que caíram este
ano não atingiram 250mm, e para piorar, má distribuída, impossibilitando
inclusive que as famílias conseguissem encher suas cisternas com a água das
chuvas.
O município vem tomando algumas atitudes para
tentar minimizar a situação crítica na qual estão mergulhadas as famílias da
zona rural. Uma delas é a limpeza de poços artesianos. De um total de 150, já
foram limpos 40. Um projeto para a perfuração de mais 30 poços já teria sido
aprovado pelo governo federal, mas até o presente não saiu do papel.
A Secretaria de Assistência Social de São Mamede
cadastrou as famílias do campo e também distribui cestas básicas. Na cidade o
abastecimento está normalizado. Os moradores recebem água, tanto do açude
público local como pela adutora Coremas-Sabugi.
fotos:correiodaparaiba
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