Inácio Andrade Torres*
A literatura universal tem inúmeros pensamentos e conceitos sobre a mulher. Alguns, embora emitidos por homens considerados sábios, para muita gente, não passam de verdadeiras insanidades, recheadas de injustiças e cavilações.
Independente do tempo e local em que foram pronunciados, receberem contestações sábias e delicadas, por isso temos a crença de que seja válido o registro nos dias de hoje, para que sirvam de exemplo e testemunho de que sempre houve e haverá na terra vontade masculina de se promover o respeito à mulher em sua integridade. E isso é algo que – conforme Bosco Aguirre - interessa não somente às mulheres, mas também a todos os homens que queremos viver, de igual para igual, com aquelas que junto a nós, e não contra nós, podem construir um mundo mais humano e mais feliz.
Analisemos algumas dessas investidas. Sócrates disse: no dia em que me julguei igual aos deuses, Xantipa, minha mulher, entornou-me sobre a cabeça um vaso de imundície. Destilou Platão: por isso eu nunca soube se devia incluir a mulher entre os animais racionais ou irracionais. Provocou Shakespeare: se as lágrimas das mulheres pudessem fecundar a terra, de cada lágrima nasceria uma serpente. Inquiriu Luthero: quem é capaz de sustentar que a mulher pertence ao gênero humano? Schopenhauer excitado resmunga: eu disse um dia que as mulheres eram animais de cabelos compridos e de idéias curtas. Sem menor excitação, alfineta Nietzche: O homem descende dos deuses, mas a mulher descende de macaco!
Nessas expressões estão embutidas um pouco do repertório de vida de cada autor. Para quem conhece suas biografias, tais afirmativas certamente não produzam estranheza. Aliás, devemos aceitar o outro como ele é, e como ele pensa, sem necessariamente concordamos o seu pensamento. Agir – como diz Gandhi - não permitindo que a discordância de opiniões seja motivo de ódio.
Pois bem, com muita ponderação, analisemos agora o pensamento avesso aos supracitados, defendidos também por grandes pensadores universais. Iniciemos por Victor Hugo, que com sua poesia intitulada o homem e a mulher, aclamada e censurada desde o século XIX, mas sempre viva, continua vivificando a relevância feminina em todo o planeta e resistindo o olhar vesgo dos estóicos da contemporaneidade. Diz o grande poeta francês: O homem é a mais elevada das criaturas. A mulher é o mais sublime dos ideais. Deus fez para o homem um trono, para a mulher um altar. O trono exalta, o altar santifica. O homem é o cérebro. A mulher o coração. O cérebro produz a luz. O coração o amor. A luz fecunda. O amor ressuscita. O homem é o gênio. A mulher o anjo. O gênio é imensurável. O anjo indefinível. A aspiração do homem é a suprema glória. A aspiração da mulher é a virtude extrema. A glória traduz grandeza. A virtude traduz divindade. O homem tem a supremacia. A mulher a preferência. A supremacia representa a força. A preferência representa o direito. O homem é forte pela razão. A mulher invencível pelas lágrimas. A razão convence. A lágrima comove. O homem é capaz de todos os heroísmos. A mulher de todos os martírios. O heroísmo enobrece. O martírio sublima. O homem é o código. A mulher o evangelho. O código corrige. O evangelho aperfeiçoa. O homem é o templo. A mulher o sacrário. Ante o templo nos descobrimos. Ante o altar ajoelhamo-nos. O homem pensa. A mulher sonha. Pensar é ter um cérebro. Sonhar é ter na fronte uma auréola. O homem é um oceano. A mulher um lago. O oceano tem a pérola que embeleza. O lago tem a poesia que deslumbra. O homem é um águia que voa. A mulher um rouxinol que canta. Voar é dominar o espaço. Cantar é conquistar a alma. O homem tem um farol, a consciência. A mulher tem uma estrela, a esperança. O farol guia. A esperança salva. Enfim, o homem está colocado onde termina a terra. A mulher onde começa o céu.
Que tal agora saborearmos esse conceito de mulheres escrito por Pablo Neruda!? Elas sorriem quando querem gritar. Elas cantam quando querem chorar. Elas choram quando estão felizes. E riem quando estão nervosas. Elas brigam por aquilo que acreditam. Elas levantam-se para injustiça. Elas não levam "não" como resposta quando acreditam que existe melhor solução. Elas andam sem novos sapatos para suas crianças poder tê-los. Elas vão ao médico com uma amiga assustada. Elas amam incondicionalmente. Elas choram quando suas crianças adoecem e se alegram quando suas crianças ganham prêmios. Elas ficam contentes quando ouvem sobre um aniversário ou um novo casamento.
E o que pensar das palavras do Talmud Hebreu?! um livro que contem dentre os ditados dos rabinos, um que diz: “Tome cuidado ao fazer uma mulher chorar, pois Deus conta as suas lágrimas. A mulher saiu da costela do homem. Não dos pés para ser pisoteada. Mas do seu lado para ser igual. Debaixo do braço para ser protegida e do lado do coração para ser amada”.
Cremos firmemente que homens e mulheres devem somar forças e vontades. Que as mulheres se unam para defender os homens, e os homens se unam para defender as mulheres. Precisamos caminhar juntos, onde um não sufoque o outro com exigências, vigilâncias, ciúmes. Não torture com palavras, chantagens e simulações. Saiba tolerar e ser tolerado dentro da medida exata. Saiba aceitar as divergências de opiniões. Nunca atropele o sucesso do outro. Saiba falar e calar na hora certa e guardar a privacidade absoluta do casal. Saiba compartilhar afazeres e atividades dentro e fora do lar. Nunca explore um ao outro no trabalho e nas economias. Que sempre prevaleça a verdade de um para com o outro, mesmo que essa verdade seja dolorosa. Que orem a Deus em união de espíritos, pois duas almas têm mais força e mais luz. Que levantem o astral um do outro sempre que necessário. Que admitam a independência e a liberdade de cada um em todos os propósitos de bem estar e felicidade do casal. Que compartilhem alegrias e tristezas, vitórias e insucessos. Que procurem viver decididamente ser ter vergonha de ser natural ao máximo. Esse deve ser o objetivo e o anseio de homens e mulheres que se desejam e se amam. Com respeito isso é possível, não apenas no 8 de março (Dia Internacional das Mulheres) ou no segundo domingo de maio (Dia das Mães) ou no segundo domingo de agosto (Dia dos Pais), mas durante todos os dias do ano.
Encerramos deixando para análise do leitor dois pensamentos de especialistas contemporâneos em questões de gênero: [...] tudo, ou quase tudo que as mulheres pretendiam, já foi alcançado – ao menos no nível legal [...] quando a igualdade está realizada, torna-se impossível pensar na mulher sem levar em conta os homens. Isso retira a razão de ser do feminismo, que era uma reflexão da mulher sobre a mulher, em forte oposição ao homem. Agora ocorre um fenômeno diferente [...] nas relações entre os sexos, o que existe atualmente é o mal-estar masculino (Elizabeth Badinter). Após o feminismo, surge o masculismo, diz Luiz Cuschnir, um movimento que busca conhecer o pensamento, sentimentos, medos, desejos e angustia dos homens [...] ao contrário do que se pensa, o homem tem uma sensibilidade latente, mas não consegue expressá-la [...] é educado para desde pequeno ignorar as emoções e executar tarefas.
O certo é que todos nós (homens e mulheres) ainda guardamos intimamente muitos valores antiquados e obedecemos a muitas normas machistas. Para avançarmos temos de nos interessar em conhecer o outro com quem convivemos, com quem moramos, com quem repartimos nosso cotidiano. Em síntese, sendo o homem a favor da mulher e vice-versa, somente assim conseguiremos paz na terra às mulheres e homens de boa vontade.
*Inácio Andrade Torres – Odontólogo – estomatologista e professor da UFCG/ETSC
A literatura universal tem inúmeros pensamentos e conceitos sobre a mulher. Alguns, embora emitidos por homens considerados sábios, para muita gente, não passam de verdadeiras insanidades, recheadas de injustiças e cavilações.
Independente do tempo e local em que foram pronunciados, receberem contestações sábias e delicadas, por isso temos a crença de que seja válido o registro nos dias de hoje, para que sirvam de exemplo e testemunho de que sempre houve e haverá na terra vontade masculina de se promover o respeito à mulher em sua integridade. E isso é algo que – conforme Bosco Aguirre - interessa não somente às mulheres, mas também a todos os homens que queremos viver, de igual para igual, com aquelas que junto a nós, e não contra nós, podem construir um mundo mais humano e mais feliz.
Analisemos algumas dessas investidas. Sócrates disse: no dia em que me julguei igual aos deuses, Xantipa, minha mulher, entornou-me sobre a cabeça um vaso de imundície. Destilou Platão: por isso eu nunca soube se devia incluir a mulher entre os animais racionais ou irracionais. Provocou Shakespeare: se as lágrimas das mulheres pudessem fecundar a terra, de cada lágrima nasceria uma serpente. Inquiriu Luthero: quem é capaz de sustentar que a mulher pertence ao gênero humano? Schopenhauer excitado resmunga: eu disse um dia que as mulheres eram animais de cabelos compridos e de idéias curtas. Sem menor excitação, alfineta Nietzche: O homem descende dos deuses, mas a mulher descende de macaco!
Nessas expressões estão embutidas um pouco do repertório de vida de cada autor. Para quem conhece suas biografias, tais afirmativas certamente não produzam estranheza. Aliás, devemos aceitar o outro como ele é, e como ele pensa, sem necessariamente concordamos o seu pensamento. Agir – como diz Gandhi - não permitindo que a discordância de opiniões seja motivo de ódio.
Pois bem, com muita ponderação, analisemos agora o pensamento avesso aos supracitados, defendidos também por grandes pensadores universais. Iniciemos por Victor Hugo, que com sua poesia intitulada o homem e a mulher, aclamada e censurada desde o século XIX, mas sempre viva, continua vivificando a relevância feminina em todo o planeta e resistindo o olhar vesgo dos estóicos da contemporaneidade. Diz o grande poeta francês: O homem é a mais elevada das criaturas. A mulher é o mais sublime dos ideais. Deus fez para o homem um trono, para a mulher um altar. O trono exalta, o altar santifica. O homem é o cérebro. A mulher o coração. O cérebro produz a luz. O coração o amor. A luz fecunda. O amor ressuscita. O homem é o gênio. A mulher o anjo. O gênio é imensurável. O anjo indefinível. A aspiração do homem é a suprema glória. A aspiração da mulher é a virtude extrema. A glória traduz grandeza. A virtude traduz divindade. O homem tem a supremacia. A mulher a preferência. A supremacia representa a força. A preferência representa o direito. O homem é forte pela razão. A mulher invencível pelas lágrimas. A razão convence. A lágrima comove. O homem é capaz de todos os heroísmos. A mulher de todos os martírios. O heroísmo enobrece. O martírio sublima. O homem é o código. A mulher o evangelho. O código corrige. O evangelho aperfeiçoa. O homem é o templo. A mulher o sacrário. Ante o templo nos descobrimos. Ante o altar ajoelhamo-nos. O homem pensa. A mulher sonha. Pensar é ter um cérebro. Sonhar é ter na fronte uma auréola. O homem é um oceano. A mulher um lago. O oceano tem a pérola que embeleza. O lago tem a poesia que deslumbra. O homem é um águia que voa. A mulher um rouxinol que canta. Voar é dominar o espaço. Cantar é conquistar a alma. O homem tem um farol, a consciência. A mulher tem uma estrela, a esperança. O farol guia. A esperança salva. Enfim, o homem está colocado onde termina a terra. A mulher onde começa o céu.
Que tal agora saborearmos esse conceito de mulheres escrito por Pablo Neruda!? Elas sorriem quando querem gritar. Elas cantam quando querem chorar. Elas choram quando estão felizes. E riem quando estão nervosas. Elas brigam por aquilo que acreditam. Elas levantam-se para injustiça. Elas não levam "não" como resposta quando acreditam que existe melhor solução. Elas andam sem novos sapatos para suas crianças poder tê-los. Elas vão ao médico com uma amiga assustada. Elas amam incondicionalmente. Elas choram quando suas crianças adoecem e se alegram quando suas crianças ganham prêmios. Elas ficam contentes quando ouvem sobre um aniversário ou um novo casamento.
E o que pensar das palavras do Talmud Hebreu?! um livro que contem dentre os ditados dos rabinos, um que diz: “Tome cuidado ao fazer uma mulher chorar, pois Deus conta as suas lágrimas. A mulher saiu da costela do homem. Não dos pés para ser pisoteada. Mas do seu lado para ser igual. Debaixo do braço para ser protegida e do lado do coração para ser amada”.
Cremos firmemente que homens e mulheres devem somar forças e vontades. Que as mulheres se unam para defender os homens, e os homens se unam para defender as mulheres. Precisamos caminhar juntos, onde um não sufoque o outro com exigências, vigilâncias, ciúmes. Não torture com palavras, chantagens e simulações. Saiba tolerar e ser tolerado dentro da medida exata. Saiba aceitar as divergências de opiniões. Nunca atropele o sucesso do outro. Saiba falar e calar na hora certa e guardar a privacidade absoluta do casal. Saiba compartilhar afazeres e atividades dentro e fora do lar. Nunca explore um ao outro no trabalho e nas economias. Que sempre prevaleça a verdade de um para com o outro, mesmo que essa verdade seja dolorosa. Que orem a Deus em união de espíritos, pois duas almas têm mais força e mais luz. Que levantem o astral um do outro sempre que necessário. Que admitam a independência e a liberdade de cada um em todos os propósitos de bem estar e felicidade do casal. Que compartilhem alegrias e tristezas, vitórias e insucessos. Que procurem viver decididamente ser ter vergonha de ser natural ao máximo. Esse deve ser o objetivo e o anseio de homens e mulheres que se desejam e se amam. Com respeito isso é possível, não apenas no 8 de março (Dia Internacional das Mulheres) ou no segundo domingo de maio (Dia das Mães) ou no segundo domingo de agosto (Dia dos Pais), mas durante todos os dias do ano.
Encerramos deixando para análise do leitor dois pensamentos de especialistas contemporâneos em questões de gênero: [...] tudo, ou quase tudo que as mulheres pretendiam, já foi alcançado – ao menos no nível legal [...] quando a igualdade está realizada, torna-se impossível pensar na mulher sem levar em conta os homens. Isso retira a razão de ser do feminismo, que era uma reflexão da mulher sobre a mulher, em forte oposição ao homem. Agora ocorre um fenômeno diferente [...] nas relações entre os sexos, o que existe atualmente é o mal-estar masculino (Elizabeth Badinter). Após o feminismo, surge o masculismo, diz Luiz Cuschnir, um movimento que busca conhecer o pensamento, sentimentos, medos, desejos e angustia dos homens [...] ao contrário do que se pensa, o homem tem uma sensibilidade latente, mas não consegue expressá-la [...] é educado para desde pequeno ignorar as emoções e executar tarefas.
O certo é que todos nós (homens e mulheres) ainda guardamos intimamente muitos valores antiquados e obedecemos a muitas normas machistas. Para avançarmos temos de nos interessar em conhecer o outro com quem convivemos, com quem moramos, com quem repartimos nosso cotidiano. Em síntese, sendo o homem a favor da mulher e vice-versa, somente assim conseguiremos paz na terra às mulheres e homens de boa vontade.
*Inácio Andrade Torres – Odontólogo – estomatologista e professor da UFCG/ETSC
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