Preparar
os profissionais de saúde para que entendam com maior profundidade as
patologias com relação às síndromes hipertensivas, que podem se agravar durante
a gestação, e melhorem a assistência às mulheres no ciclo gravídico-puerperal
(período que compreende a gravidez e o pós-parto). Este é objetivo da capacitação
oferecida pelo Governo do Estado, Instituto Social Fibra e CEAG – Instituto Educacional
de Ensino a cerca de 100 funcionários da Maternidade Dr. Peregrino Filho, de
Patos, abrangendo enfermeiras, técnicas de enfermagem e médicos.
A grande abordagem
nessa nova qualificação é em relação à eclampsia e pré-eclampsia (hipertensão
arterial que surge na gestação), tema que serviu de estudos científicos na
Maternidade de Patos, com resultados apresentados no congresso nacional de
ginecologia e obstetrícia, ano passado em Fortaleza. Segundo uma das
facilitadoras da capacitação que acontece desde ontem, segunda-feira, sendo
concluída hoje, na 6ª Gerência Regional de Saúde, a mestra de Enfermagem em
Obstetrícia e Neonatal, Gislene Marcon Bastos, a mortalidade materna é alta no
Brasil e a eclampsia é apontada como das principais causas.
Ela
explica que se houver maior cuidado com a mulher, profissionais da enfermagem
mais qualificados, seguindo as prescrições médicas, consegue-se reduzir a
mortalidade materna, algo já que vem ocorrendo com os casos decrescentes de
mortes por eclampsia no Brasil. Essa é uma das diretrizes recomendadas pelo
Ministério da Saúde que prioritariamente passa pelo PSF. O pré-natal bem feito,
com a mulher tendo uma gravidez acompanhada, realizando todos os exames
necessários, monitoração da pressão arterial e recebendo as orientações
necessárias diminui significantemente o risco de morte. A pré-eclampsia é
considerada uma gestação de alto risco. Quando ela é detectada a mulher passa a
receber maior atenção e qualquer e qualquer alteração que ocorra ela será
encaminhada para internação.
“O
Programa Saúde da Família é a base de toda a saúde. Se essa base for boa tudo
caminha bem. Se você tem uma equipe que oferece um pré-natal de respeito, ou
seja acompanha a mulher durante toda sua gestação, a chance de mortalidade por
eclampsia, patologia com causas ainda desconhecidas, será bem menor”, comenta
Gislene.
Ela
revela que a equipe do PSF, médicos, enfermeiros precisam de maior qualificação
sobre pré-eclampsia. Por ser generalistas, têm que lidar com todo tipo de
doenças da comunidade e não possuem uma visão mais ampla sobre a saúde da
mulher no tocante a essa patologia hipertensiva. É nessa preocupação que o
Governo do Estado e o Instituto Fibra pretendem ampliar a capacitação
beneficiando todos PSF’s da região de Patos. O projeto está sendo elaborado e
as áreas de Santa Luzia e Teixeira podem vir a ser as primeiros a receber essa mesma
capacitação que tem encerramento em Patos nesta terça-feira 29, direcionada aos
médicos e enfermeiros.
Uma
capacitação também foi solicitada pelo diretor técnico da Maternidade Peregrino
Filho, Dr. Paulo Athayde. Trata-se de dois equipamentos que ainda não possuem
pessoal qualificado para manuseá-los, o partograma e cardiotocografia, instrumentos
que ajudam a analisar melhor o parto, com exames mais detalhados que dão
informações precisas sobre a evolução do quadro da parturiente aos médicos, possibilitando
a esses tomarem iniciativas mais precisas que garantam a saúde da mãe e de seu
filho. Essa capacitação está muito ligada ao processo de humanização dos serviços
do SUS. “Fazendo uso desses instrumentos os médicos passam a ter parâmetros
maias seguros que dirão se há possibilidade da mulher ter parto normal ou não”,
explicou Gislene.
Segundo
dados da OMS de 2000, mais de meio milhão de mulheres morrem ao ano de causas
relacionadas à gravidez. Do total, 99% dessas mortes ocorrem em países em
desenvolvimento, sendo que 10% a 15% estão associadas à pré-eclampsia e
eclampsia.
Sobre
esse assunto o diretor clínico da Peregrino Filho, Paulo Athayde,que coordenou
uma pesquisa científica ano passado usando como público a clientela da
Maternidade de Patos, também discorreu sobre eclampsia para os participantes. Ele falou sobre a evolução clínica da
patologia, principais riscos, prevenção, tratamento, exames, controle de
pressão arterial, dentre outros temas que fazem parte do universo da síndrome
hipertensiva e da rotina da equipe médica. Ele também defendeu um trabalho de
capacitação no PSF para garantir um acompanhamento de qualidade às gestantes e
assim evitar o agravo da eclampsia, patologia que tanto preocupa os órgãos de
saúde devido o alto índice de mortes por ela provocadas.
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