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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A cada 15 segundos uma mulher é agredida no Brasil




 
 
 
É em cima de dados dessa natureza, que mostram um cenário de violência assustador no Brasil que acontece a capacitação de Atualização no Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência, oferecida pela Secretaria de Estado da Saúde e Instituto Social Fibra aos profissionais da Maternidade Dr. Peregrino Filho de Patos, da qual participam três turmas desde a noite de ontem (quarta-feira 26).

O evento acontece no auditório da 6ª Gerência Regional de Saúde, tendo como facilitadoras Nelize Granjeiro, Ana Targino e Ângela Pontes de Aquino, técnicas da SES. Na abertura a coordenadora de enfermagem da Peregrino Filho, Gigliola Fernandes Silva falou da proposta de educação continuada da Maternidade, que é referência no atendimento à mulher vítima de violência.

Existe uma grande preocupação do Governo do Estado em relação à violência contra as mulheres e quer que elas recebam toda a proteção necessária, não apenas no atendimento pela rede hospitalar, com trabalho humanizado, profissionais qualificados para recebê-las, mas também que tenham acesso a todos os mecanismos legais de proteção, a exemplo do Disk 180, conselhos da mulher, CREAS, conselhos tutelares (prioritariamente quando tratar-se de meninas), delegacias, secretarias especializadas na sua defesa.

“Ao chegar ao Hospital a mulher que sofreu violência tem que ser recebida por pessoas capacitadas e sensíveis ao seu problema e que realmente a ajude, prestando socorro e acionando os órgãos que a protejam do agressor”, comentou Ana Targino.

Nessa capacitação a equipe da SES está trabalhando todos os setores de acolhimento da Maternidade Peregrino Filho, inclusive na sensibilização desde a porta de entrada, com porteiros, maqueiros, triagem, equipe médica, na própria Maternidade.

Três tópicos estão sendo discutidos com as turmas, formadas por psicólogos, farmacêuticos, enfermeiras e técnicas de enfermagem: sensibilização do profissional em saúde, dando grande ênfase no cuidar; apresentação do protocolo de assistência à mulher vítima de violência na Maternidade Peregrino Filho e o preenchimento na ficha de notificação compulsória. “Todos os anos a gente realiza essa atualização devido às mudanças no quadro funcional. É preciso que todos saibam como fazer esse acolhimento a quem chega numa situação bastante constrangedora ao Hospital”, disse Ana Targino, que coordena a capacitação. 

Só a partir de 1998 é que o Ministério da Saúde passou a tratar a violência contra a mulher como um problema de saúde pública, isso por perceber os altos investimentos dos cofres públicos com seu tratamento. São diversos tipos de violência a que são submetidas as mulheres brasileiras, como a violência sexual, psicológica, institucional, intrafamliar, de gênero, doméstica, física, patrimonial, dentre outras.

A violência institucional foi exemplificada pelas facilitadoras por fazer parte da rotina das instituições públicas. O simples ato de não saber escutar demonstra a negligência do servidor, além do preconceito, frieza, o não encaminhamento correto para os casos que lhe chegam. “É uma obrigação do profissional de saúde perceber a violência sofrida pela mulher, principalmente no âmbito hospitalar”, enfatizou Ana Targino. 

Em relação à cidade de Patos ela disse que há um agravante em relação à violência contra a mulher: a prostituição, muitas vezes associada ao consumo de drogas, em que garotas vendem seu corpo para manter o vício, como também a violência doméstica. Ângela Porto apresentou a ficha de notificação que passa a fazer parte da rotina dos funcionários da Maternidade. Falou dos procedimentos a ser adotados pelo acolhimento, os tipos e lesões, a evolução do quadro da mulher que chega apresentando sintomatologia de agressão, como também que encaminhamentos devem ser adotados pela Maternidade.

Algumas estatísticas são apresentadas nessa atualização com o pessoal da Peregrino Filho, como a de 70% dos casos de violência contra a mulher serem cometidos por seus parceiros; de cada 100 mulheres assassinadas 60 são mortas dentro de casa e a que aponta a capital João Pessoa como sendo a segunda do país em violência contra a mulher.

Ana Targino disse que a Lei Maria da Penha (11.340/06), que provocou desde sua aprovação a abertura de mais de 300 mil processos, supera 100 mil sentenças e mais de 1.500 prisões deu maior visibilidade à violência contra a mulher. Mas também alertou para o crescimento da violência, que precisa ser denunciada, até mesmo pelos vizinhos, que não precisam se identificar para fazer isso. 

Na Paraíba 37 municípios informam casos de violência contra à mulher no SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação. A Maternidade de patos, que reativou sua Comissão de Combate à Violência contra a Mulher, também passa fazer parte dessa rede de notificação, com essa capacitação. Este ano a Peregrino Filho já tem o registro de quatro mulheres vítimas de violência.

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