Foto: O Globo |
Líder
da Orquestra Tabajara, arranjador modernizou o clarinete brasileiro no choro
Maestro
da mais longeva orquestra de bailes do país, a Tabajara, o pernambucano
Severino Araújo, 95, morreu na noite de ontem, no Rio, por falência múltipla de
órgãos.
Ele
estava internado no hospital Ipanema Inn havia 15 dias. Afastara-se do comando
da banda há cinco anos, por problemas de saúde que foram se agravando.
Filho
de um mestre de banda de Limoeiro (PE), Araújo aprendeu música desde a
infância, inicialmente como clarinetista, e assumiu o comando da Orquestra
Tabajara em 1938, quatro anos após sua criação, em João Pessoa.
Buscou
igualá-la às big bands americanas, adotando um formato com cinco saxofones,
quatro pistões e quatro trombones, o que fez o conjunto se destacar e se mudar
para o Rio em 1945, para acompanhar artistas e fazer um programa na rádio Tupi.
"Além
de clarinetista e líder de banda, ele era um grande arranjador. Foi ele quem
arranjou boa parte do repertório da Tabajara, inspirado nas big bands americanas
que ele ouvia em discos quando era menino", diz o pesquisador Zuza Homem
de Mello, que trabalhou como agente de orquestra.
"O
Severino marcou a presença da Tabajara como uma orquestra que tocava choros
dançantes. Eram diferentes do choro regional. 'Espinha de Bacalhau' [composição
de Araújo] era feito para os bailes. E isso se tornou uma marca das orquestras
de bailes brasileiras", afirma Zuza.
Araújo
liderou por quase sete décadas o conjunto. Um problema na perna, há cinco anos,
o deixou com dificuldades de locomoção e o fez passar o comando para seu irmão
Jaime Araújo, 87 -outro irmão, Plínio, 91, é o baterista.
"A
orquestra faz sucesso ainda, e isso tudo foi plantado por ele. Tudo que a gente
toca, a maneira de tocar, tem raízes profundas e continua. A Orquestra Tabajara
é uma escola, tem um legado", declarou Jaime.
"Ele
contribuiu muito para a linguagem do clarinete moderno, principalmente no
choro", disse o clarinetista Nailor "Proveta" Azevedo, da Banda
Mantiqueira.
Araújo
era casado com Neuza Monteiro, 85, sua segunda mulher, e deixa quatro filhos:
Francisco e Ieda, de seu primeiro casamento, Tânia e Ronaldo.
O
maestro seria velado nesta madrugada e será sepultado hoje ao meio dia, no
cemitério São João Batista, em Botafogo (zona sul do Rio).
Folha
Nenhum comentário:
Postar um comentário