A farra com o dinheiro público não é novidade
nesse país, cuja corrupção está impregnada em todas as esferas. A operação
Dublê desencadeada pela PF na manhã desta sexta-feira 04 é apenas a ponta do
iceberg das manobras promovidas por gestores públicos. Não é à toa que brigam,
travam verdadeiras guerras pelo poder. As facilidades para quem controla recursos
públicos, na maioria das vezes com intuito de tirar proveito em benefício próprio,
são mecanismos que fogem ao controle fiscalizador da sociedade.
O incrível de tudo, ainda, é a facilidade do
enriquecimento ilícito não declarado. Bens de políticos se multiplicam instantaneamente
sem que seus honorários sejam compatíveis com a grandeza patrimonial que surge
num piscar de olhos, desafiando a lógica da economia. Muita farra, luxo, ostentação
de poder. Assim caminha a sociedade, na margem, alheia a essas particularidades
daqueles que recebem para usurpar os cofres públicos.
A PF fala algo em torno de R$ 5 milhões a
quantia desviada de programas sociais, educação, da infraestrutura pelas
prefeituras, especialmente as de Catingueira e Cacimba de Areia. Para muitos o
valor pode soar como pequeno. Mas se formos para a ponta do lápis percebemos
que cinco mil computadores ou mais que dariam para ser comprados com essa soma
poderiam ampliar bastante a política de inclusão digital, de capacitação
técnica de tantos jovens que sobrevivem no semi-árido paraibano.
Quantas crianças não poderiam ser beneficiadas
com a construção de cinco creches modelos, as mais modernas do Brasil; quantos
mamógrafos não poderiam atender a demanda na prevenção do câncer de mama e por
ai vai, não faltariam exemplos de emprego correto dos recursos oriundos dos
impostos dos contribuintes, que engordam tantos picaretas.
A podridão existente no âmbito do setor
público, uma herança ibérica que solidificou e se adaptou tão bem em nosso
território, contagia muitos outros proponentes a ocuparem os mesmos cargos,
exemplificado pelo de prefeito. Acredito que o primeiro ideal de um candidato,
talvez esteja sendo pessimista ao extremo, mas, por todo o histórico
brasileiro, é tirar proveito econômico, “ajeitar sua vida sua de seus
familiares”, mesmo que para isso tenha que falsificar documentos, fraudar
licitações, como as apontadas contra os prefeitos Edivan Félix e Betinho. Não
há outra explicação.
Muitos dizem que o dinheiro e o poder cegam.
Não acredito nisso. O comportamento ético, a moral, respeito ao próximo, quando
verdadeiros, possui blindagem contra esse tipo de safadeza. Tantos e tantos
casos de acusados de pequenos furtos apodrecerem em celas imundas, sem a
oportunidade de uma regeneração, tendo que viver na escola do crime tendo como
professores pessoas irrecuperáveis. Por outro lado temos a justiça dos ricaços,
que contratam advogados de grande expressão e acabam se safando. Não duvido que
daqui a alguns dias tudo volte à “normalidade”, ou seja, a impunidade para o
colarinho branco se manterá e o povo será chamado de trouxa novamente.
Marcos Eugênio
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