O Brasil conseguiu atingir metas de qualidade em matemática no ensino fundamental, mas não em português, aponta relatório divulgado ontem pelo movimento Todos Pela Educação organização que reúne empresários, educadores e gestores, entre outros segmentos.
Com o apoio do Ministério da Educação e de secretários estaduais, o movimento fixou cinco objetivos de melhoria no ensino a serem alcançados até 2022. Para o período, há metas intermediárias. Ontem foi divulgado o primeiro relatório de acompanhamento.
Um dos objetivos está relacionado à aprendizagem dos estudantes ("alunos com aprendizado adequado à série"). Tanto na quarta quanto na oitava série, foram atingidas as metas para matemática, mas não para português. Os resultados têm como base os exames federais Prova Brasil e Saeb.
Língua portuguesa da quarta série foi o recorte em que o resultado ficou mais abaixo do esperado: o objetivo era que 29% das crianças estivessem em um nível considerado adequado (equivalente à média dos países desenvolvidos) em 2007, mas o índice ficou em 27,9%.
Por outro lado, foi na quarta, em matemática, em que houve o melhor resultado. A meta era que 21,1% dos alunos estivessem no patamar adequado, e o percentual ficou em 23,7%.
Os resultados do ensino médio foram piores. Em matemática a meta não foi alcançada, e português ficou dentro da margem de erro (diferentemente do ensino fundamental, nesta etapa a prova é amostral).
Segundo o presidente-executivo do Todos Pela Educação, Mozart Neves, os resultados relativos à aprendizagem "são muito preocupantes", considerando o desempenho em língua portuguesa e a queda no rendimento, nas duas disciplinas, com o passar das séries.
O relatório não explica o porquê da diferença de rendimento dos alunos em língua portuguesa e matemática. A recomendação do grupo para melhorar o quadro é que haja uso de programas adequados para formação de professores e melhoria nas condições de trabalho dos educadores. Problema
A secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar, disse que "a aprendizagem é o nosso grande problema". Para ela, matemática melhorou mais rapidamente porque a área passou a ser prioridade, "após anos de preocupação quase exclusiva com a alfabetização".
Pilar afirma que o Proletramento, programa criado em 2005 pelo governo federal que foca a formação dos professores em matemática e português, é uma das explicações para a melhora em matemática.
Sobre o desempenho insatisfatório de português, "o próprio debate sobre alfabetização na década passada, muito centrado na disputa entre teorias, acabou atrapalhando". Outras duas das cinco metas fixadas pelo movimento já puderam ser avaliadas.
O país não cumpriu a de número de jovens de 4 a 17 anos na escola e alcançou a de jovens de 19 anos com ensino médio concluído. No geral, o relatório afirma que houve avanços, "mas não na velocidade esperada".
Folha
foto:www.upis.br
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