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terça-feira, 19 de agosto de 2008

Central de Transplantes de Patos captou 10 córneas

Garimpando entrevista
Dr. Nilson Neto de Araújo Morais
(oftalmologista)

Formado em Medicina pela UFPB em Oftalmologia, com título de especialização pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia e Associação Médica Brasileira, tendo feito residência no Hospital de Olhos Leiria de Andrade – Fortaleza – CE, Nilson Neto Morais dirige o Departamento de Oftalmologia do Hospital Regional de Patos, além disso é médico voluntário da Central de Transplante desta cidade. Ainda encontra tempo para clinicar em seu consultório no Centro Médico de Patos e desempenhar a função de médico perito do Detran. Nilson Neto concede entrevista ao Garimpando Palavras, em que fala um pouco sobre a política de transplantes desenvolvida na cidade de Patos, estatísticas, preconceito em relação ao tema e os rumos da CT.

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– Em 2004 a Secretaria de Saúde do Estado instalou em Patos, no Hospital Regional Janduhy Carneiro, uma unidade da Central de Transplantes, visando ampliar o número de transplantes de córnea da Paraíba. Qual a importância dessa CT para Patos e região?
Dr. Nilson Neto - Com a instalação dessa unidade, conseguimos aumentar o número de captações das doações de córneas, consequentemente estamos colaborando com a diminuição da fila de espera dos pacientes que estão esperando pela possibilidade de receber essas córneas para poder voltar a enxergar.

garimpandopalavras – Qual a metodologia de trabalho da Central de Transplante de Patos?
Dr. Nilson Neto - A Central de Transplantes tem profissionais de plantão 24 horas, e quando são informados de algum óbito no nosso município, os colaboradores entram em contato com os familiares sobre a possibilidade da doação das córneas. Caso a família concorde com a doação, esses colaboradores acionam a equipe de captação, a fim de realizar a cirurgia da retirada das córneas. Após a retirada das córneas, elas são enviadas para o Banco de Olhos e, então, preparadas para o transplante, e enviadas para o médico que vai realizar o transplante propriamente dito.

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– De 2004 até hoje, quantas córneas já foram doadas para transplantes na CT de Patos?
Dr. Nilson Neto - Conseguimos captar 10 córneas. Isso significa que 10 pacientes voltaram a enxergar.

garimpandopalavras – Uma das propostas do governo do estado para a CT de Patos era também realizar transplante de pele. Isso vem sendo possível?
Dr. Nilson Neto - Ainda não conseguimos iniciar os transplantes de pele, os renais e outros transplantes, principalmente por falta de estrutura do laboratório de análises clínicas. Porque, para a realização desses outros transplantes, seria necessário que o nosso laboratório de Patos realizasse todos esses exames necessários para o transplante desses outros órgãos.

garimpandopalavras – As campanhas para doação de órgãos são tímidas no Brasil. Que avaliação o senhor faz do preconceito da sociedade com relação a esse tema?
Dr. Nilson Neto - Nós observamos que, após a realização dessas campanhas para doação, o número de doadores sempre apresenta um aumento importante. Logo, concluímos que se houvessem campanhas permanentes na mídia, certamente poderíamos aumentar o número de transplantes e diminuir o sofrimento desses pacientes que estão nas filas de espera.

garimpandopalavras – O senhor tem estatísticas de quantas pessoas aguardam por um órgão no Brasil, e mais especificamente na Paraíba?
Dr. Nilson Neto – Ano passado foram realizados no Brasil 15.855 transplantes, sendo 11.4117 foram de córnea. Em segundo lugar ficaram os transplantes de rim, com 3040 e em terceiro o de fígado, com 917. Desde 2001 que os transplantes de córnea lideram as estatísticas. Durante esse período foram 60.468 pessoas que voltaram a enxergar.
A lista de espera na Paraíba chega a 508 por um rim; 82 córnea; 17 fígado e 01 coração. Em nosso Estado foram feitos 127 transplantes no ano passado, sendo 123 de córnea; 03 de rim e um de fígado. A lista de espera por um órgão no Brasil é de 66.558 pacientes, ativos e semi-ativos.

garimpandopalavras – De que forma se dá o processo de doação de um órgão?
Dr. Nilson Neto - O paciente passa por um médico da Central de Transplante credeciado pelo Ministério da Saúde, que detecta a necessidade da realização do transplante. Então, o médico solicita o transplante e o paciente entra para a fila de espera da doação. Dependendo do tipo de transplante, o paciente fica a espera de uma doação que seja compatível com a dele, ou seja, que seja compatível com o seu tipo de sangue, idade, biótipo do paciente. Por isso, que às vezes, mesmo sendo o primeiro da fila, demora para conseguir esse órgão compatível com ele.
garimpandopalavras – Qual a taxa de rejeição de uma córnea durante o transplante?
Dr. Nilson Neto - No caso específico da córnea, praticamente não existe rejeição, porque a córnea é avascular, ou seja, ela não possui sangue, então não precisa dessa compatibilidade sanguínea.

garimpandopalavras – Quais as perspectivas futuras para a Central de Transplantes de Patos?
Dr. Nilson Neto
Esperamos que em um futuro breve possamos realizar não só as captações de córneas, mas também, realizar transplante renal e de pele. E, em um futuro mais longínguo, os outros tipos de transplante: fígado, pâncreas, pulmão e coração.

fotos: garimpandopalavras

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