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quarta-feira, 13 de abril de 2011

AUTOESTIMA - UMA LEITURA SAUDÁVEL


    O DIA DO BEIJO - 13 DE BRIL (Inácio A. Torres)

Certa vez fui convidado para participar de uma oficina pedagógica, cujo tema versava sobre o beijo. Considerei o tema relevante e, como estomatologista, realcei-o sob o ponto de vista biológico, sem deixar de dar alguns toques históricos, psicológicos e sociais. Desejoso de que informações provenientes daquele debate sejam disseminadas com outras pessoas, apresento resumidamente, hoje dia consagrado ao Beijo, neste espaço, um pouco de algumas delas.

Com certeza a história da origem do beijo entre humanos é cheia de especulações. O naturalista Charles Darwin assegura que esta carícia é uma sofisticação das mordidas que os macacos trocavam nos seus ritos pré-sexuais. Para Freud, o beijo tem a ver com as etapas do desenvolvimento psíquico do ser humano. Na fase que vai até um ano de idade, por conta do ato de mamar, a criança passaria a associar todas as sensações de gratificação à boca. A criança aprende que tocar com os lábios algum objeto macio proporciona uma sensação calmante e agradável.

Outros estudos afirmam que o beijo originou-se na sociedade primitiva como forma de garantir a sobrevivência. Para suprir a carência do sal inexistente àquela época, os indivíduos lambiam o suor uns dos outros. Há também relatos de que o beijo surgiu da observação de como os pássaros alimentavam seus filhotes.

Garimpando fragmentos sobre a historia do ato de beijar, constatamos que na idade média, cavaleiros beijavam-se antes de partir para os combates. Nos rituais pagãos, contemplava-se os beijos na boca. Com um beijo facial Cristo foi traído. Ao beijar o solo de cada país por onde andou, João Paulo II, o Papa viajante, quis demonstrar através desse gesto o carinho e o respeito para com a os habitantes. A revolução industrial instituiu o beijo de mão. Na Rússia o cumprimento entre homens se faz ainda pelo beijo na face.

Descobrimos que nem todos os povos conhecem ou praticam o beijo na boca como atividade erótica. Diversos povos asiáticos nunca usaram o beijo nos costumes sexuais. Esse ato entre muitas tribos indígenas do planeta ainda hoje é bastante tabuizado. O beijo ganhou notoriedade na França onde, por causa dele, tudo se pensava e se fazia desde duelos, raptos, traições, chantagem e até bruxaria. Já na Itália, beijar uma mulher era algo muito sério. Se uma moça fosse beijada em público por um rapaz, o casamento tornava-se praticamente obrigatório.

Outro aspecto relevante na descrição do beijo é a sua associação com o processo saúde-doença. Nessa relação, verifica-se muitos benefícios  e riscos. Como benefícios podem ser citados: aumento da circulação de hormônios promotores de bom humor; melhoria do funcionamento do estômago, vesícula, coração, cérebro; ativação de músculos da boca e face – calcula-se que no beijo estão envolvidos 29 músculos dessa região anatômica - evitando rugas; melhoria do metabolismo celular; e redução de insônia e dores de cabeça. Há pouco tempo, pesquisas comprovaram que homens, mulheres e crianças beijados costumeiramente, ao sair de casa para o trabalho ou para a escola, apresentam mais serenidade, equilíbrio e compreensão diante das situações com as quais se defrontam no dia-a-dia.   Já os riscos do beijo sucedem pelo contato salivar e labial. Esses contatos são riscos para o aparecimento de doenças, como cáries, herpes, aftas, gripe, hepatite, caxumba, tuberculose, etc....

No campo literário, o beijo continua sendo assunto inspirador de poetas e compositores. Augusto dos Anjos o descreveu numa antítese fisiológica: “O beijo[...] é a véspera do escarro”. Ovídio declarou que “Felizes os que colhem o mel dos lábios das moças deitadas em seus braços, a cabeleira solta, os olhos semicerrados, a face molhada do suor provocado pela fadiga dos prazeres do amor”.

Cyrano de Bergerac, mestre nas artes do amor e da guerra, escreveu: “O beijo, afinal de contas, o que é? Um juramento feito um pouco mais de perto; uma promessa com maior garantia; uma confissão que se quer confirmar; um grifo vermelho sob o verbo amar; um segredo que faz da boca ouvido; uma mensagem com gosto de flor; é respirar o ar direto do coração; é saborear um pouco a alma pelos lábios”.

O certo é que, da sociedade primitiva à contemporaneidade, apesar de haver passado por inúmeras mudanças, o ato de beijar continua para a humanidade como sinal de carinho, afeto, respeito e sensualidade. Pode representar o início de uma relação duradoura, firme, amiga, saudável, mas pode significar um descontentamento e até mesmo um agravo a saúde. Portanto, antes de beijar alguém na boca pense, avalie se vale a pena, use a racionalidade. Lembre-se, que pela boca pode entrar a saúde, mas também a doença.

Dedicado a todos os bons beijoqueiros (as) do Brasil, lembrando-os de que, apesar de institucionalmente o 13 de março ser considerado o dia do Beijo, não faz mal dar um beijo diariamente, sobretudo nos seus entes mais queridos esposas, esposos e filhos, e outros.

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