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quinta-feira, 11 de julho de 2013

Alcoolismo e tabagismo – vícios causadores de destruição pessoal, familiar e social.



Dr. Inácio Andrade Torres*

Tristeza. O consumo de álcool pelas brasileiras aumentou consideravelmente. Segundo dados do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas/LENAD, feito em 2012, em seis anos, aumentou em 20% o número de
pessoas que ingerem bebidas alcoólicas de forma frequente, ou seja, um ou mais vezes semanalmente.

Isoladamente, entre as brasileira, o aumento foi de 34,5%. Em contrapartida, o índice dos brasileiros que não consomem álcool  ficou em 52%, mantendo-se praticamente estável em relação à primeira edição do levantamento, de 2006.

Conforme Ronaldo Laranjeira, coordenador desse estudo, o aumento no consumo feminino trará consequências para a Saúde Pública, pois há evidências de que ingerir diariamente duas ou mais doses de álcool,
eleva em 20% o risco de desenvolver câncer de mama nas mulheres. Referindo-se ao comportamento alcoólico nocivo pelo consumo de álcool, a população feminina sofreu mudança ainda maior, passando de 36% para 49%.

Realce-se: entre os humanos, o tabagismo e o alcoolismo são os  principais fatores de risco para o câncer de boca. Portanto, queridos
brasileiras e brasileiros, fechem a boca para bebidas alcoólicas e abram os olhos para a vida que é maravilhosa e única.

Acudindo os fumantes. No dia 8 de abril deste ano, o governo federal assinou uma portaria, que liberou R$ 12 milhões para que até trinta mil unidades de saúde disponibilizem tratamento para fumantes,
oferecendo-lhes aconselhamento breve, abordagem comportamental, terapias de reposição da nicotina, antidepressivos e também treinamento.
Esse feito do governo brasileiro atende a uma conduta  propugnada pela Organização Mundial da Saúde/OMS, denominada “Convenção – quadro para o controle do Tabaco”, na qual o Brasil é visto como membro prioritário, além de signatário.

Todo cuidado com esse dinheiro é pouco. Se não houver uma destinação correta do mesmo, com um planejamento que contemple realmente o aumento de cobertura do tratamento, a estimulação, o treinamento e apoio para os trabalhadores da saúde desempenharem seu papel, rastreando o uso do tabaco e, seguramente acolhendo os dependentes no processo de deixar o vício, de nada adiantará, teremos certamente uma campanha sem êxito.

São riscos preocupantes dessa portaria: primeiro, que esses recursos liberados sejam usados preferencialmente para a compra de medicamentos, essa tendência de medicalização no Brasil através do SUS é antiga e notória; e a falta de familiaridade dos trabalhadores da saúde na abordagem do fumante. Segundo, a baixa relação custo-efetividade do tratamento. Existem pesquisas que sugerem que a medicalização na abordagem do fumante é estimulada pela indústria farmacêutica e que a maior parte das pessoas para de fumar sem assistência – simplesmente resultados de campanha de informação.

Um bom conselho para o governo: a pesquisadora Vera Luiza Costa e   Silva, coordenadora do Centro de Estudos Sobre Tabaco e Saúde da    Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, recomenda
que esse dinheiro seja investido em ações de cessação, prevendo também refinar e ampliar o “Disque Saúde – Pare de Fumar”, em ministração de cursos de ensino à distância para os trabalhadores da saúde interessados, na a promoção de campanhas de informação à população, incluindo cartões com dicas para deixar de fumar e na determinação para que planos de saúde suplementar tomem medidas de promoção da saúde, que se constituem em medidas promissoras e que pode dar bons resultados.

De fato, a informação é uma ferramenta significativa na guerra contra  o fumo. Aliás, mesmo bem feitos, os programas governamentais de cessação não apresentam o mesmo impacto de outras políticas de redução do consumo do tabaco. A proibição de fumar em locais fechados, por exemplo, tem custo mais baixo e impacto mais alto sobre o consumo quando comparada a programas de tratamento do fumante.

Devemos pensar bem no argumento da Dra.Vera Lúcia, ao afirmar que “a distribuição de medicamentos e a lei ainda não regulada favorecem o consumo de tabaco e sugerem uma lógica de enxugar gelo, que no final agrada à indústria farmacêutica e libera a fumageira.”

Concluo louvando e  parabenizando o Grupo Alcóolicos Anônimos que neste dez de julho, completou 78 anos de bons serviços prestados ao mundo inteiro, num trabalho silencioso, sem alarde, constante e
cauteloso, livrando e salvando muitos  homens e mulheres, cujo sofrimento causado pelo álcool e cigarro, acabavam afetando também suas esposas, seus filhos e outros parentes.

Registramos por fim a oração por eles – Alcoólicos Anônimos – proclamada, mas que cabe em todo ambiente, pela força e  luz dela emitida, sendo encontrada nas paredes de milhares de salas de reunião
de AA, sabendo-se apenas que foi  escrita por um poeta inglês, e que para alguns, na construção do grupo de A. A, essa oração foi o mais valioso tijolo, de fato a pedra angular. Diz a oração: “Concedei-nos, Senhor, a Serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, Coragem para modificar aquelas que podemos, e Sabedoria para distinguir umas das outras”.



*Dr. Inácio Andrade Torres é odontólogo, cirurgião buco-maxilo-facial  e estomatologista, professor universitário, colunista do pbnoticias.com, garimpandopalavras e colaborador da Arapuan.

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