Os juros caíram e o acesso ao crédito está cada vez mais facilitado no
país. Antes de assinar um contrato, porém, é importante conhecer as
diferentes linhas de financiamento oferecidas pelos bancos. A escolha do
tipo de empréstimo mais adequado para cada necessidade pode resultar em
uma boa economia.
Os especialistas em finanças pessoais são unânimes em dizer que pedir
empréstimo é uma atitude que só deve ser tomada em último caso. Apesar
de os bancos terem promovido reduções nas taxas neste ano, elas ainda
estão altas. O Brasil ainda está em quarto lugar no ranking dos maiores juros reais do mundo.
Mas, se houver mesmo necessidade, existem opções que podem pesar menos no bolso do que outras.
Compra de imóvel
O
financiamento imobiliário oferecido pelos bancos tem algumas das taxas mais
baixas do mercado, entre 9% e 12% ao ano, mais TR (Taxa Referencial). O motivo
é o fato de o próprio imóvel ser dado como garantia. Além das taxas mais
baixas, esse tipo de financiamento tem como diferencial o prazo. Em alguns
bancos, é possível assinar contratos de até 35 anos.
A queda da
Selic teve forte impacto em alguns
tipos de investimento no Brasil. Com a taxa básica de juros da economia em
7,25% ao ano, aplicações de renda fixa e em títulos públicos, por exemplo,
perderam atratividade.
"Quando
os juros estavam mais altos, era possível poupar por 10 ou 15 anos e conseguir
acumular o montante necessário para comprar um imóvel à vista. A queda dos juros
faz com que haja maior dificuldade para se guardar esse dinheiro", diz o
professor de finanças do Insper Otto Nogami.
Numa
situação assim, pedir empréstimo pode ser a solução mais adequada, afirma o
professor. E, nesse caso, as linhas específicas de crédito imobiliário
oferecidas pelos bancos são as mais adequadas, e muitas vezes a única opção.
Os bancos
disponibilizam valores mais altos e cobram juros mais baixos nessas linhas
porque o imóvel é dado como garantia. Se o consumidor não pagar, ele pode perder
o bem.
"O
financiamento de imóvel também tem benefícios que outros empréstimos não têm,
como o prazo alongado", acrescenta o educador financeiro Conrado Navarro.
Atualmente, os bancos chegam a oferecer financiamentos por prazos de até 35
anos.
É melhor pegar empréstimo no banco do que na
concessionária
O mecanismo
é semelhante ao do financiamento de veículos. É melhor pegar um financiamento
específico para comprar um carro do que um empréstimo pessoal tradicional, por
exemplo.
Como no caso
do financiamento o próprio carro é a garantia do pagamento, as taxas costumam
ser mais baixas. Segundo pesquisa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos
de Finanças, Administração e Contabilidade), as taxas cobradas no crédito para
compra de carro estão em 1,49% ao mês em média.
Na hora de
comprar um carro também costuma ser mais vantajoso pegar o empréstimo diretamente no banco do que fazer
negócio na concessionária. Isso porque o financiamento da concessionária
geralmente está atrelado à cobrança de outras taxas, como a de retorno, que
podem aumentar o valor final pago.
Consignado tem taxa de cerca de 2% ao mês
Em outras
situações, cabe ao consumidor pesquisar e encontrar a melhor linha de crédito
para aquele momento. "Quando precisa de dinheiro para uma
emergência, a maioria das pessoas saca o dinheiro da conta e acaba entrando no
cheque especial. Mas existem outras modalidades, melhores, que podem ser
usadas", diz Navarro.
Se surgir a
necessidade urgente de se comprar um eletrodoméstico para casa, por exemplo, é
melhor evitar o crediário das lojas, com juros médios de 4,1% ao mês.
O crédito
consignado, com juros de cerca de 2% mensais, é a melhor opção, diz Miguel de
Oliveira, da Anefac. Pode ser uma opção, também, para quem está com dívidas em
uma linha de crédito mais cara: o consumidor pode pedir o empréstimo consignado
e quitar a dívida antiga à vista, substituindo uma pela outra.
Mas essa
opção só está disponível para aposentados e pensionistas ou trabalhadores cujas
empresas têm convênio com algum banco para oferecer o benefício.
Empréstimo pessoal é opção para quem não tem
consignado
O empréstimo
pessoal oferecido pelos bancos é a alternativa para quem não tem acesso ao
consignado. A taxa média atual, segundo a Anefac, é de 3,02% ao mês.
"Se o
consumidor conseguir acessar linhas específicas, como a de antecipação do 13º
salário e de restituição do Imposto de Renda, a taxa pode ser ainda
menor", diz Oliveira. Nesses casos, o financiamento estará vinculado ao
pagamento do benefício: o desconto é feito automaticamente após o recebimento
por parte do consumidor.
Em situações
extremas, porém, pode não ser possível esperar o crédito ser aprovado pelo
banco. Aí o cheque especial pode ser usado, ainda que com parcimônia, dizem os
especialistas.
"Se
alguém da família está com um problema de saúde ou é preciso fazer o conserto
do carro, ou seja, em condições realmente excepcionais, o consumidor pode usar
o cheque especial. Mas ele não pode contar com o especial como um complemento
da própria renda", diz Nogami, do Insper.
O conselho é
baseado nas altas taxas cobradas no cheque especial, de 7,75% ao mês. Segundo
os dados da Anefac, elas só estão abaixo dos juros do crédito rotativo do
cartão de crédito, de 9,37% mensais. O rotativo, que é o crédito acionado
quando o consumidor não paga a fatura integralmente, deve ser sempre evitado,
dizem os especialistas.
Uol
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