Hoje trazemos a continuidade da entrevista concedida semana passada pelo cirurgião dentista Inácio Andrade Torres ao Garimpando Palavras. Nessa segunda parte ele fala um pouco sobre o comportamento dos laboratórios farmacêuticos, cuidados com a amamentação e quando devemos procurar o dentista, dentre outros temas inseridos no contexto da saúde bucal..
Garimpando - Como se deve proceder a atenção eficiente em saúde bucal nos ciclos de vida, no âmbito do SUS/PSF?
Inácio Andrade - Primeiro temos de entender quais são os ciclos de vida. Até a idade média, por exemplo, não havia a adolescência. O ser humano, de criança passava direto a adulto. Só com a revolução francesa é que começaram as mudanças. E, no âmbito da saúde, surgiram mais tarde as fases da vida tendo como conseqüência o “esquartejamento” do corpo humano para estudos, advindo à construção de novos saberes e, com eles, as especialidades.
Assim foram criadas para cada fase da vida dos humanos as respectivas especialidades: a neonatologia para cuidar do recém-nascido, a pediatria para cuidar da criança, a hebiatria (numa referência deusa da juventude Hebra, mitologia grega) para cuidar dos adolescentes, a geriatria para cuidar dos idosos e outras especialidades que se encarregaram do cuidar dos humanos durante a maturidade – fase adulta que vai dos 21 aos 59 anos.
Garimpando - Como surge uma especialidade na área da saúde?
Inácio Andrade - A saúde não deve ser vista como uma mercadoria, como um negócio que tenha por objetivo maior gerar lucro. Digo, não deveria, mas infelizmente para as empresas grandiosas, as grandes multinacionais - sobretudo as vinculadas à indústria farmacêutica e de cosméticos – empreendimentos que, na maioria, não têm entranhas, não tem sentimento patriótico, o fim é sempre o lucro, a usura, juros exorbitantes.
A imprensa tem cumprido seu papel. Não faz tempo que circulou nos jornais que havia farinha de trigo em anticoncepcionais; que havia leite adulterado, creme dental que continha produtos que desgastavam o esmalte dos dentes; excesso de chumbo no batom; que nos absorvente havia asbesto, mas em nada deu essas denúncias.
Assim também ocorre com as especialidades. As especialidades aparecem de acordo com a demanda. Até pouco tempo não havia odontogeriatra. Como o número de idosos, no Brasil, tem crescido abruptamente, surgiram vários especialistas nessa área. Isso vale para as outras treze categorias da saúde.
E o pior é que em muitos casos a consecução do título de especialista é adquirido em instituições ineficientes, sem a competência para tal. Nada tenho contra as boas especialidades, mas tenho a convicção de que precisamos urgentemente melhorar a graduação dos cursos de saúde nas instituições públicas e privadas do país. Precisamos formar um bom generalista, necessitamos exportar conhecimento, ciência e tecnologia e não simplesmente matéria-prima ou de subsistência, como temos feito ao longo do tempo. A palavra de ordem nas universidades européias e norte-americanas é inovação e avanço em tecnologia.
Garimpando -Voltando ao caso da odontologia para os ciclos de vida, quando se deve realmente cuidar da saúde de uma criança, ou levá-la ao odontopediatra? Se possível, cite alguns cuidados básicos que a gestante deve adotar visando a saúde bucal dela própria e do filho?
Inácio Andrade - Antes do nascimento devemos ter cuidado para com a saúde geral dos humanos. O homem e a mulher são os únicos animais que ao nascerem não tem condição de sobrevirem com independência, sozinhos. Qualquer outro animal tem essa capacidade. Assim, se você deseja que seu filho ou filha tenha uma saúde bucal de boa qualidade, deve simplesmente seguir algumas regras gerais.
Garimpando - Como se deve proceder a atenção eficiente em saúde bucal nos ciclos de vida, no âmbito do SUS/PSF?
Inácio Andrade - Primeiro temos de entender quais são os ciclos de vida. Até a idade média, por exemplo, não havia a adolescência. O ser humano, de criança passava direto a adulto. Só com a revolução francesa é que começaram as mudanças. E, no âmbito da saúde, surgiram mais tarde as fases da vida tendo como conseqüência o “esquartejamento” do corpo humano para estudos, advindo à construção de novos saberes e, com eles, as especialidades.
Assim foram criadas para cada fase da vida dos humanos as respectivas especialidades: a neonatologia para cuidar do recém-nascido, a pediatria para cuidar da criança, a hebiatria (numa referência deusa da juventude Hebra, mitologia grega) para cuidar dos adolescentes, a geriatria para cuidar dos idosos e outras especialidades que se encarregaram do cuidar dos humanos durante a maturidade – fase adulta que vai dos 21 aos 59 anos.
Garimpando - Como surge uma especialidade na área da saúde?
Inácio Andrade - A saúde não deve ser vista como uma mercadoria, como um negócio que tenha por objetivo maior gerar lucro. Digo, não deveria, mas infelizmente para as empresas grandiosas, as grandes multinacionais - sobretudo as vinculadas à indústria farmacêutica e de cosméticos – empreendimentos que, na maioria, não têm entranhas, não tem sentimento patriótico, o fim é sempre o lucro, a usura, juros exorbitantes.
A imprensa tem cumprido seu papel. Não faz tempo que circulou nos jornais que havia farinha de trigo em anticoncepcionais; que havia leite adulterado, creme dental que continha produtos que desgastavam o esmalte dos dentes; excesso de chumbo no batom; que nos absorvente havia asbesto, mas em nada deu essas denúncias.
Assim também ocorre com as especialidades. As especialidades aparecem de acordo com a demanda. Até pouco tempo não havia odontogeriatra. Como o número de idosos, no Brasil, tem crescido abruptamente, surgiram vários especialistas nessa área. Isso vale para as outras treze categorias da saúde.
E o pior é que em muitos casos a consecução do título de especialista é adquirido em instituições ineficientes, sem a competência para tal. Nada tenho contra as boas especialidades, mas tenho a convicção de que precisamos urgentemente melhorar a graduação dos cursos de saúde nas instituições públicas e privadas do país. Precisamos formar um bom generalista, necessitamos exportar conhecimento, ciência e tecnologia e não simplesmente matéria-prima ou de subsistência, como temos feito ao longo do tempo. A palavra de ordem nas universidades européias e norte-americanas é inovação e avanço em tecnologia.
Garimpando -Voltando ao caso da odontologia para os ciclos de vida, quando se deve realmente cuidar da saúde de uma criança, ou levá-la ao odontopediatra? Se possível, cite alguns cuidados básicos que a gestante deve adotar visando a saúde bucal dela própria e do filho?
Inácio Andrade - Antes do nascimento devemos ter cuidado para com a saúde geral dos humanos. O homem e a mulher são os únicos animais que ao nascerem não tem condição de sobrevirem com independência, sozinhos. Qualquer outro animal tem essa capacidade. Assim, se você deseja que seu filho ou filha tenha uma saúde bucal de boa qualidade, deve simplesmente seguir algumas regras gerais.
Orientar a mãe para que durante o pré-natal faça consultas odontológicas a cada trimestre, para que tenha uma menor ingestão de doces, para que faça limpeza diária e correta dos dentes antes e depois do parto. Estimular a mãe a amamentar o filho, porém ensinar como evitar a “cárie de peito”. Aliás, quando a mãe não é bem orientada acaba fazendo de seu peito uma chupeta para o recém-nascido. Esse gesto embora seja bom para mãe e filho, quando não se tem higienização do mamilo e da boca da criança, principalmente à noite, pode provocar a cárie de peito que acomete crianças de 12 a 18 meses.
Mamadeira à noite
Mamadeira à noite
Há também a cárie de mamadeira, que acomete crianças a partir de 1 ano e meio. O problema é que quando a criança dorme diminui o fluxo salivar, reduzindo a proteção da boca, pois o leite aderido aos dentes forma ácidos que destroem o esmalte, isto é, a parte branca dos dentes.
Também é importante que os pais sejam orientados sobre alguns hábitos nocivos à saúde bucal, como uso prolongado de chupeta, uso precoce de mamadeira, roer as unhas, ranger dentes, chupar dedo e outros. Sobre quando levar a criança ao cirurgião dentista, não existe uma idade determinada. Particularmente, recomendo tão logo nasçam os primeiros dentinhos ou apareça alguma lesão labial ou lingual.
Como disse antes, a prevenção começa na barriga da mãe e continua durante o resto da vida...O bebê a partir de 6 meses já pode ir ao cirurgião dentista, e cabe a equipe de saúde bucal fazer esse encaminhamento. Não devemos esquecer que os procedimentos preventivos precoces reduzem em 90% a necessidade de tratamento curativo no futuro, sendo do ponto de vista econômico vinte vezes mais barato.
Garimpando - Em resumo, quais os benefícios que a amamentação pode trazer para o recém nascido do ponto de vista de saúde bucal?
Inácio Andrade - Antes de tudo – e toda mãe certamente sabe disso - o leite materno é o alimento mais completo, mais digestivo e mais imunizante. Agora imagine um alimento desses acrescido do afeto - dependendo da forma como é oferecido - só poderá passar para o recém nascido muita segurança, pois para o bebê, embora ele não fale, não existe nada melhor do que sentir-se cuidado.
Além do mais esse exercício desenvolve a ossatura e musculatura bucal, auxilia no crescimento da mandíbula para equilíbrio com a maxila promovendo melhor alinhamento dos dentes. A amamentação tem reflexos não só na dentição: estende-se também para a fala e respiração, daí porque as gestantes devem ser bem orientadas para uma boa pega.
A boa pega refere-se ao modo como a mãe deve colocar o bebê para mamar. Pode ser assim resumida: o lábio inferior da criança deve ficar para fora; o mamilo e a maior parte da aréola devem ficar dentro da boca da criança; o queixo em contato com a mama e o nariz afastado da mama, livre para respirar; e por fim, a criança deve ficar em contato direto com a mãe e um pouco verticalizada para ajudar na deglutição. É bom lembrar que, por ser um exercício que requer muito esforço, durante a amamentação o bebê às vezes transpira muito, mostrando-se cansado, caindo no sono em seguida, o que acontece também com a mãe. É o sono gostoso da amamentação, as mães que o digam!
Garimpando - E agora, uma última pergunta: que avaliação o senhor faz dessa série de entrevistas enfocando a saúde pelo Garimpando Palavras?
Inácio Andrade - É sempre bom ser entrevistado por um canal de comunicação que tem por objetivo educar as pessoas, acordar consciências, estimular talentos. Enfim, fazer um trabalho para a melhoria da consciência coletiva. Tomara que tenhamos contribuído para isso.
Também é importante que os pais sejam orientados sobre alguns hábitos nocivos à saúde bucal, como uso prolongado de chupeta, uso precoce de mamadeira, roer as unhas, ranger dentes, chupar dedo e outros. Sobre quando levar a criança ao cirurgião dentista, não existe uma idade determinada. Particularmente, recomendo tão logo nasçam os primeiros dentinhos ou apareça alguma lesão labial ou lingual.
Como disse antes, a prevenção começa na barriga da mãe e continua durante o resto da vida...O bebê a partir de 6 meses já pode ir ao cirurgião dentista, e cabe a equipe de saúde bucal fazer esse encaminhamento. Não devemos esquecer que os procedimentos preventivos precoces reduzem em 90% a necessidade de tratamento curativo no futuro, sendo do ponto de vista econômico vinte vezes mais barato.
Garimpando - Em resumo, quais os benefícios que a amamentação pode trazer para o recém nascido do ponto de vista de saúde bucal?
Inácio Andrade - Antes de tudo – e toda mãe certamente sabe disso - o leite materno é o alimento mais completo, mais digestivo e mais imunizante. Agora imagine um alimento desses acrescido do afeto - dependendo da forma como é oferecido - só poderá passar para o recém nascido muita segurança, pois para o bebê, embora ele não fale, não existe nada melhor do que sentir-se cuidado.
Além do mais esse exercício desenvolve a ossatura e musculatura bucal, auxilia no crescimento da mandíbula para equilíbrio com a maxila promovendo melhor alinhamento dos dentes. A amamentação tem reflexos não só na dentição: estende-se também para a fala e respiração, daí porque as gestantes devem ser bem orientadas para uma boa pega.
A boa pega refere-se ao modo como a mãe deve colocar o bebê para mamar. Pode ser assim resumida: o lábio inferior da criança deve ficar para fora; o mamilo e a maior parte da aréola devem ficar dentro da boca da criança; o queixo em contato com a mama e o nariz afastado da mama, livre para respirar; e por fim, a criança deve ficar em contato direto com a mãe e um pouco verticalizada para ajudar na deglutição. É bom lembrar que, por ser um exercício que requer muito esforço, durante a amamentação o bebê às vezes transpira muito, mostrando-se cansado, caindo no sono em seguida, o que acontece também com a mãe. É o sono gostoso da amamentação, as mães que o digam!
Garimpando - E agora, uma última pergunta: que avaliação o senhor faz dessa série de entrevistas enfocando a saúde pelo Garimpando Palavras?
Inácio Andrade - É sempre bom ser entrevistado por um canal de comunicação que tem por objetivo educar as pessoas, acordar consciências, estimular talentos. Enfim, fazer um trabalho para a melhoria da consciência coletiva. Tomara que tenhamos contribuído para isso.
fotos:www.fundacaoorsa.org.br/www.nosralla.com.br/www.codel.londrina.pr.gov.br
Um comentário:
Acabei d chegar da melhor viagem da minha vida! Rios, cachoeiras e lagos de águas cristalinas!
Fantástico!!!
Me surpreendeu q em Bonito MS existe a única agência de viagem 24h do mundo.(agência AR)
Bom…o que importa é q agora vou poder acompanhar o site.
E sempre bom passar por aqui e verr essas notícias, sempre interessantes
O conteúdo é ótimo.
Parabénsssss
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