André Monteiro |
Liliane Sena |
A
cidade de Patos recebeu nesta quarta-feira (15) representantes da educação,
saúde, infraestrutura da região de Patos e do Seridó Paraibano, que lotaram o
auditório do Sebrae no Rodoshopping, para um evento de suma importância, no
qual foram discutidos diversos temas ligados às causas das doenças provocadas
pelo mosquito Aedes aegypti.
“Determinação
social das arboviroses provocadas pelo Aedes Aegypti e suas consequências”. Este
foi o título do seminário realizado pela UEPB, através de seu projeto
Univer-Cidade, em parceria com o Governo do Estado, por meio da 6ª Regional de
Saúde; Fiocruz; IFPB; UFPB e UFCG. Houve conferências, mesas-redondas, troca de
experiências e no final do encontro apresentações de propostas e
encaminhamentos.
O
primeiro tema abordado no seminário foi: Determinação Social das Arboviroses
Dengue, Zika e Chikungunya, tendo como palestrantes André Monteiro da Fiocruz,
que versou sobre Leitura Crítica da Realidade; Leonardo Tinoco (Insa –
Instituto nacional do Semiárido) – Pesquisa e Intervenção e Cidoval Morais
(UEPB) que discorreu sobre educação e saúde, uma mesa coordenada por Liliane
Sena, gerente da 6ª Regional de Saúde.
No
período da tarde houve uma segunda mesa, coordenada pelo apoio da 6ª Gerência
de Saúde, Eugênio Oliveira. A palestra ficou sob responsabilidade de Isabel
Sarmento, gerente do núcleo de Epidemiologia da SES-PB, que tratou da
Experiência Paraibana no Enfrentamento das Arboviroses.
André
Monteiro, pesquisador do departamento de saúde coletiva da Fiocruz, destacou a
importância da discussão em torno de políticas sociais, públicas, organização
das cidades, dos serviços públicos, que contribuem para determinar a existência
das arboviroses (doenças causadas por mosquitos). “A gente sabe que as doenças
transmitidas por mosquitos são relacionadas a saneamento inadequado e às condições
de habitação”, enfatiza Monteiro.
Ele
citou a problemática da seca no semiárido nordestino, ciclos que devem ser mais
frequentes e mais intensos e que todos devem se preparar, se ter estratégias de
abastecimento de água e como essa água é armazenada. Diz que essa questão deve
ser pensada do ponto de vista das políticas públicas e não ficar apenas
responsabilizando a população por esse problema.
Sobre
o cenário das pesquisas, mais especificamente em torno da Zika Vírus, afirma
que não são conclusivos, mas os dados, ainda preliminares, apontam nos casos de
microcefalia estão em populações que moram em áreas com urbanização, condições
de habitação precárias, serviços de abastecimento também precários.
Veneno
André
afirma que busca-se no mosquito a culpa para a proliferação das doenças
arboviroses, quando a real causa são as precárias condições históricas em que o
povo vive, ausência de políticas públicas eficazes, de melhores condições de
saneamento, abastecimento, habitação. Para a Fiocruz o controle do mosquito por
veneno é ineficaz. “Desde 1990 até 2015 houve aumento progressivo da taxa de
incidência de dengue. Como a gente tem aumento no número de pessoas que tem
dengue e o controle é o mesmo, o químico, que é caríssimo e ineficaz. União,
estados, municípios gastam muito dinheiro com veneno e o problema só faz
aumentar”, explica.
O
malathion, inseticida usado no fumacê, com suas substâncias agrotóxicas, é
considerado pela OMS como provável cancerígeno para humanos, ou seja, há um
potencial das pessoas adquirirem câncer. Porém, segundo o representante da
Fiocruz, há uma contradição da OMS, pois recomenda o uso do malathion no
combate de vetores. Diz ser preciso
conhecer os interesses que existem por trás da venda dos inseticidas.
Para
o combate do Aedes o representante da Fiocruz afirma que é preciso ações de curto,
médio e longo prazo. As de longo prazo seriam a de redefinição e integração das
políticas públicas, articulações de políticas urbanas, de habitação,
saneamento, de saúde sobretudo. De maneira mais imediata, em nível de município,
orienta maior envolvimento dos ACS, atenção básica, agentes de endemias, que os
gestores articulem todas as secretarias para juntas colocar em prática ações
que evitem a presença do mosquito.
A
gerente da 6ª Regional de Saúde, Liliane Sena, elogiou a iniciativa da UEPB, de
reunir importantes parceiros para disseminar junto aos municípios um novo olhar
de enfrentamento ao Aedes, uma luta que vai muito além do simples ato da
população em acabar com os focos do mosquito, mas sim de fortalecer políticas
que melhorem as condições de vida da população, especialmente a periférica, que
sofre mais com os problemas de moradia, saneamento básico.
Marcos
Eugênio (6ª GRS)
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