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domingo, 6 de outubro de 2013

Artesão produz réplicas de máquinas pesadas com reciclados

Raimundo feliz com a técnica que lhe rende R$ 5 mil ao mês

Lixo da arte


Marcos Eugênio

Dobradiças velhas de guarda-roupa, de armários, sucatas de lojas de moto, sandálias, correntes, catracas de bicicleta, parafusos, pilhas, peças de computador, um simples botão de camisa, tudo tem um enorme significado para o artesão Raimundo Monteiro Costa, 45 anos, natural de Taperoá-PB, atualmente residindo na comunidade rural Carnaúbas do Baixo, em São José do Bonfim-PB.

Quem vê as peças produzidas por este artesão que há 18 anos vive praticamente do artesanato se encanta pela técnica única, até o momento, conhecida no Brasil, segundo o próprio. São miniaturas de aproximadamente 30 cm de máquinas pesadas, tratores, caminhões, com detalhes idênticos aos originais. Basta aproximar a visão para perceber as peças, que tinham como destino o lixo, dando o acabamento e beleza ao veículo, que poderá ser um dos destaques no próximo salão de artesanato da Paraíba.

Algumas peças estão expostas no Sebrae Patos, local em que encontramos Raimundo no momento em que ele formalizava sua empresa no MEI – Microempreendedor Individual. Entusiasmado pelo tratamento, incentivo do Sebrae, ele faz planos para sua linha de produção. Hoje é algo em torno de 200 unidades/mês, que o lhe rende uma quantia considerável, R$ 5 mil, levando-se em conta a fartura de matéria prima e um custo baixo.

“Formalizado agora, lutarei para ampliar minha produção. Tenho em mente terceirizar algumas etapas dessa produção, o que vai aumentar a circulação de capital, os lucros, pois poderei atender uma demanda maior”, fala mostrando seu conhecimento em economia de mercado e valorizando a possibilidade de ampliação das vendas, que hoje estão mais limitadas às rodovias na região de Guarabira-PB.

As peças produzidas por Raimundo Costa despertaram a atenção do gerente regional do Sebrae, Aldo Nunes, que percebeu a potência do artesão, que deverá em breve expandir suas vendas além fronteiras paraibanas. “Todos que passam pelo Sebrae param para admirar essas réplicas e muitos se interessam em levar uma para casa”, diz Aldo Nunes, gerente regional.

O principal público de Raimundo Costa são os caminhoneiros. Suas peças já ornamentam muitas estantes de vários estados brasileiros. Motoristas que passam por seu stand de vendas não resistem. “Houve o caso de um deles oferecer quatro vezes mais pelo valor que cobro. Como era apenas expositor, pedi-lhe o endereço para enviar pelos Correios”, enfatiza o artesão, que também já foi músico, sanfoneiro.


Ele enveredou pelo artesanato por necessidades financeiras. Diz que ganhou um bom dinheiro comercializando porta-retratos e imagens de santos feitas de gesso. Há apenas três meses fez sua primeira réplica de trator, do que ele denomina de artemonteiro, uma forma meio que patentear sua técnica, recebeu total apoio da família e a partir daquele momento tem investido cerca de doze horas por dia. Apesar das mãos cheias de calos, cicatrizes dos cortes que sofre na construção das “máquinas pesadas”, diz ser feliz com o que faz. Ele conta com uma ajuda preciosa, sua esposa, Ivanilda Marques, também artesã. Uma parceria que vem dando certo no amor e no negócio.

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