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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Vaia justa


Foto:Uol

Marcos Eugênio

A boa educação é o principal cartão de visita de uma pessoa, de uma sociedade. Mas às vezes a falta desta pode vir carregada de significados, como na atitude de torcedores no Mané Garrincha, na abertura da Copa das Federações, com uma sonora vaia à presidente do Brasil, Dilma Roussef, quando esta foi anunciada pelo serviço de som do Estádio. De “saia justa”, sem jeito, a expressão facial de insatisfação de Dilma mostrou que seu governo passa por momentos de insatisfação popular, de certa turbulência. Nem mesmo o presidente da poderosa Fifa, Joseph Blatter, entidade que possui mais de 20 grandes empresas patrocinadoras enchendo os bolsos de seus diretores, foi poupado das vaias, no momento em que ele pediu respeito à Dilma.

Os brasileiros conscientes dos problemas que o País atravessa, a exemplo da saúde pública, que vive um caos, a violência que assusta e gera cada vez mais insegurança, uma educação que avança a passos de tartaruga em busca da modernização e conscientização para um mundo mais justo e cidadão, com certeza têm presa na garganta a vontade de soltar essa vaia, não à nossa representante maior, mas ao estágio de inoperância do governo, a tantos problemas que impedem avanços sociais, à corrupção, que causa enorme prejuízo aos cofres públicos. Os altíssimos investimentos em estádios, a exemplo do Mané (R$ 1,3 bi), com a justificativa de que isso irá gerar emprego e renda, desenvolver cidades e movimentar o turismo interno não convence a todos.

Ao se priorizar o futebol em detrimento de algo mais imediato e necessário, como maior resolutividade do SUS, mobilidade com transporte coletivo de qualidade, a exemplo do metrô, ações que contenham a crescente violência, a conclusão da Transposição do São Francisco, que para os nordestinos representa a redenção regional, os bilhões com o futebol, deixa no ar certa frustração de que sabemos que há recursos suficientes para produzirmos profundas transformações em nosso país, mas que são canalizados de forma equivocada.

Muitos podem afirmar que as cidades estão sendo desenvolvidas com a Copa. As que servem como sede dos jogos, com certeza recebem altos investimentos, mas e resto do País fica ao Deus dará. Investimentos dos tributos da sociedade brasileira nos estádios foram empregados na construção das arenas esportivas, que devem ser administradas pela iniciativa privada, como já foi anunciado. Enquanto isso não temos uma base de formação esportiva no País. Não existem centros de treinamento, um planejamento de educação física na rede escolar que possam contribuir, inclusive, para revelar talentos nos esportes, como é feito na miserável Cuba.


Enquanto isso os movimentos populares ganham as ruas do Brasil, movimentos estes que surgiram em São Paulo no protesto contra aumento das passagens de ônibus, um serviço de péssima qualidade, e que depois ganharam contornos de uma série de problemas vividos pela população brasileira. O livre exercício democrático dos brasileiros, que está nas ruas, ganhou a mídia nacional, internacional e atenção da classe política, que deve refletir bastante em torno de seus atos. No próximo ano teremos novas eleições e cada representante do povo deve refletir muito bem seus atos, que são vigiados de perto. 

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