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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Diretor técnico da Maternidade de Patos apresenta trabalhos científicos em Congresso


O diretor técnico da Maternidade Dr. Peregrino Filho, de Patos, médico Paulo Atayde, participou no mês passado do Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva, em Fortaleza-CE, momento em que apresentou dois trabalhos científicos, registrados na Revista Brasileira de Terapia Intensiva, pesquisas que discorrem sobre problemas do dia a dia da clientela da Maternidade.

Um dos trabalhos trata de índices de prognósticos da sepse (doença bacteriana) em UTI. Segundo os estudos, complicações durante o nascimento do bebê, seja pela ruptura prematura das membranas, via hemorragia ou mesmo por uma infecção na mãe, torna o recém-nascido exposto a um maior risco de contrair a sepse (septcemia). “Através desse estudo a gente consegue prevê antecipadamente, dar um diagnóstico da doença antes mesmo dos resultados laboratoriais”, diz o diretor técnico da Maternidade.

Dr. Paulo Athayde

Outra pesquisa científica desenvolvida por Paulo Athayde, juntamente com o médico Paulo Sérgio Franca, o fisioterapeuta Lavoisier Morais e alunos de Medicina da UFCG (Cajazeiras) tem como título: Pacientes com Doença Hipertensiva Específica da Gravidez em uma Maternidade Pública do Sertão Paraibano (pré-eclâmpsia).

Qualidade do pré-natal

O perfil da paciente da regional Patos com pré-eclâmpsia é na sua maioria mulheres jovens. Outro dado citado pela pesquisa é que 92% delas realizam pré-natal. Nas discussões no Congresso, com grandes nomes da área, se questionou a qualidade do pré-natal, como esse processo de acompanhamento da gestante vem ocorrendo nos municípios de origem destas, atendidas pela Peregrino Filho. “A gente concluiu que a assistência à saúde de pré-natal prestada às gestantes de nossa região precisa ser revista, sobretudo com as adolescentes, melhorar os indicadores de saúde perinatal”, enfatizou Athayde.

Explicou que a pré-eclâmpsia hoje é a maior causa de mortalidade materna no Brasil, em médias duas mulheres chegam a óbito por dia e de cada três em estado grave de eclampsia uma volta para casa sem seu filho, sendo uma patologia que precisa de constante acompanhamento. A Maternidade Peregrino Filho, preocupada com o alto índice de mulheres com esse problema vai procurar as prefeituras e tentar oferecer um treinamento para os médicos, enfermeiras para que tenham maior entendimento sobre o que é pré-eclâmpsia.  

Muitos médicos acreditam que o que provoca a pré-eclâmpsia é a pressão alta, quando isso é apenas uma das causas. Estudos mais atualizados mostram que o surgimento da pré-eclâmpsia não acontece a partir da vigésima semana de gravidez, e sim no início da gravidez. “Por isso precisamos trabalhar mais exaustivamente o tema com os colegas médicos, coma enfermagem”, acrescentou.

Aborto

Uma das maiores preocupações da Peregrino Filho tem sido com o elevado número de abortos provocados na região de Patos, com destaque para esta cidade que apresenta os maiores índices proporcionais. O diretor técnico diz que a maioria dos abortos naturais acontece decorrente de má formação fetal, levando o organismo às vezes a rejeitá-lo. Mas o crescimento do número de abortos provocados precisa, segundo Paulo Athayde, de um trabalho de assistência social junto às gestantes, um trabalho de planejamento familiar para evitar a gravidez indesejada. “Em conversa com Roberto Magliano - presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia, ele já demonstrava sua preocupação com o alto índice de abortos provocados, na maioria jovens, que acontecem na cidade de Patos”, enfatizou Dr. Paulo. 

Apesar de ser do município a responsabilidade de oferecer a atenção básica, no caso específico aqui tratado, o pré-natal, a Maternidade de Patos deverá, segundo seu diretor técnico, deve entrar com serviço de pré-natal de alto risco, tendo em vista o grande déficit que há na região. “É nossa meta é retornar o serviço ambulatorial na Maternidade de Patos, como já houve, para cuidar melhor ainda das mulheres”, disse Dr. Paulo.

A Maternidade Dr. Peregrino Filho, de Patos, sofreu grandes alterações a partir do momento que passou a oferecer serviços de alta complexidade, com a abertura das UTIs Neo e Materno. A demanda cresceu bastante e por mês, só de partos, houve um acréscimo em média de 100 desse procedimento. O perfil da clientela mudou. Se antes os casos graves eram transferidos para outros centros, hoje a Maternidade é referência em alta complexidade, possuindo doze leitos de UTI, número ainda insatisfatório, segundo o diretor técnico, se levar em contar a demanda de 90 municípios que tem Patos como referência. 

Mortalidade: Índice europeu

Apesar do aumento da demanda de mulheres com risco de morte, a UTI Materna da Peregrino Filho possui índices de mortalidade (menos de 10%) semelhantes a da Alemanha, que possui os melhores índices mundiais, segundo Paulo Athayde, acrescentando que a UTI Neonatal mantém índices abaixo dos nacionais, que são de 25% a 30% de óbitos de pacientes que enfrentam esse tratamento intensivo. 

Abertura

A Maternidade vem ampliando abertura para internato de alunos de Medicina da UFCG, que têm oportunidade de aprimorar seus conhecimentos e contribuir nas pesquisas realizadas por esse hospital. Mensalmente são avaliados pela SES – Secretaria de Estado da Saúde e pelo Instituto Social Fibra, que administra a Peregrino Filho, todos os dados referentes aos serviços realizados pela Maternidade, que se transformam em relatórios, que são discutidos amplamente em reuniões na quais são construídas metas, onde é preciso melhorar. 

Um desses dados trabalhados exaustivamente foi de exames de mamografia, para o qual havia necessidade de ampliação da demanda. Quando o Governo do Estado colocou em funcionamento o mamógrafo, que estava encaixotado fazia mais de cinco anos, sem atender sua função, de auxiliar na prevenção do câncer de mama, a meta era atender 500 mulheres ao mês, porém os números não passavam de 150. 

No mês passado, após a busca ativa, divulgação, incentivo aos municípios, com a gerência regional de saúde estreitando cada vez mais os laços com as secretarias municipais de saúde, essa demanda aumentou em quase 200%, e a tendência é que cresça a cada mês e o público feminino possa prevenir esse mal que aparece como o que mais mata mulheres no Brasil, cerca de 12.750 só este ano e estimativas de mais 55 mil novos casos da doença em 2013. Estudiosos acreditam que até final deste sejam diagnosticados 1,6 milhão de novos casos no mundo.

 Marcos Eugênio

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