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quinta-feira, 11 de junho de 2015

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS VÍTIMAS DE TRAUMA ATENDIDAS EM UM HOSPITAL DE REFERENCIA DA PARAÍBA1



Jhames David Dias dos Santos2
Allan Martins Ferreira3

1Trabalho de Conclusão de Curso (Artigo) apresentado a Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem das Faculdades Integradas de Patos – FIP, como requisito para obtenção do título de Bacharel.
2Discente concluinte do Curso de Bacharelado em Enfermagem das FIP, 2015.1.
3Enfermeiro, Especialista em Urgência e Emergência, Coordenador Adjunto da Pós Graduação das FIP, Docente do Estágio Curricular de Urgência e Emergência das FIP, orientador da pesquisa.


O trauma permanece sendo uma das três principais causas de morte em todo o mundo, é a principal causa de morte entre crianças, adolescentes e adultos jovens na América do Norte e no Reino Unido. Os traumas violentos e os acidentes automobilísticos acarretam a morte de mais de 2,5 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. Cerca de 80% das mortes em adolescentes e 60% na infância são decorrentes de trauma, sendo ainda a sétima causa de óbito no idoso.

No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, ocorrem cerca de 150.000 mortes violentas por ano, e cerca de nove bilhões de reais são destinados ao atendimento ao trauma, quase um terço de tudo o que é investido em saúde pública no país. Os homicídios e os acidentes de trânsito represen­taram 62,5% do total de óbitos por causas externas no Brasil na última década. Segundo dados comparativos realizados pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), o ano de 2008 revelou ainda que o trânsito brasileiro matou 2,5 vezes mais do que o dos Estados Unidos, e 3,7 vezes mais do que o Europeu.

Por acometer preferencialmente pessoas jovens e previamente sadias, resulta em perda potencial de trabalho e de produtividade e, portanto, em custos sociais imensamente maiores que outras doenças como as cardiovasculares e as neoplásicas. Como o cotidiano dos profissionais de saúde, entre eles o enfermeiro é baseado em situações inesperadas, diversificadas e complexas, principalmente os que atuam em serviços de urgência e emergência, viu-se a importante necessidade de identificar as características das vítimas de traumas atendidas em um Pronto Atendimento (PA) para uma prévia melhoria na assistência a esses indivíduos, assim como o estabelecimento de um plano preventivo, visando à adoção de políticas públicas que priorize a aplicação de recursos materiais e humanos necessários na prevenção e redução destes casos.

Partindo desse pressuposto, surgiu o seguinte questionamento: Qual o perfil das vítimas de traumas atendidas no Hospital Regional de Patos? Como o trauma na maioria das vezes acontece em situações previsíveis, indago que é de suma importância conhecer o perfil destas vítimas para que se possam promover estratégias específicas e eficazes para prevenir e reduzir o número de óbitos e sequelas das vítimas atendidas e internadas. O estudo teve como objetivo identificar o perfil epidemiológico das vítimas de traumas atendidas e internadas no Hospital Regional de Patos – Paraíba.

Trata-se de um estudo retrospectivo, com abordagem quantitativa, que foi realizado através da análise de prontuários de pacientes admitidos no Pronto Atendimento (PA), atendidos e internados no Hospital Regional Deputado Jandhuy Carneiro. Os dados foram analisados entre o período que compreende Agosto a Dezembro de 2014. A população foi constituída a partir de 332 prontuários de vítimas de trauma atendidas e internadas no Hospital em estudo, às internações são referentes ao período supracitado, enquanto que a amostra foi composta por 179 prontuários. O universo da pesquisa envolve 32.980 atendimentos realizados no período de agosto a dezembro de 2015, dos quais se considerou apenas os internados que concretizaram 3.548 indivíduos.

Foram inclusos na pesquisa todos os prontuários dos pacientes vítimas de trauma atendidos e internados no Hospital Regional de Patos entre Agosto e Dezembro de 2014, entre os casos: os de agressão física (incluindo violência interpessoal e mordeduras, ferimentos por arma de fogo e arma branca), atropelamento (incluindo carro, caminhão, motocicleta, bicicleta e ônibus), acidentes com veículos (incluindo colisão contra outros veículos, postes, paredes, casas e queda de motocicleta), acidentes de bicicleta, acidentes de trabalho, quadros de intoxicação ou envenenamento, quedas da própria altura e impacto não relacionado à queda (colisão direta com móveis, instalações, elementos internos e externos das residências dos pacientes). Não foram inclusos no estudo os prontuários com letras ilegíveis, de difícil entendimento e com dados incompletos, assim como aqueles de pacientes admitidos no Hospital a partir de emergências clínicas ou psiquiátricas.

Os dados foram coletados utilizando um questionário com questões objetivas que inclui as seguintes variáveis: tipo de atendimento a vítima, gênero, faixa etária, profissão, procedência, dia da semana, turno do incidente, tipo de trauma e outros dados relacionados ao objetivo do estudo. A coleta foi realizada entre os meses de Março e Abril de 2015, em horário oportuno para os funcionários do arquivo morto do Hospital fonte da pesquisa, onde os prontuários foram escolhidos aleatoriamente, em seguida analisados individualmente quanto às variáveis em estudo.

O projeto de pesquisa foi encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa das Faculdades Integradas de Patos, via Plataforma Brasil, através do CCAA: 44191515.5.0000.5181, onde obteve o consentimento legal para realização da pesquisa de acordo com os princípios éticos. Na realização deste estudo pôde haver riscos presumíveis, não físicos aos participantes do estudo, mas inerentes a danos de dimensões moral, intelectual, social, cultural ou espiritual, mas que foram evitados ao máximo. O estudo beneficiará tanto o pesquisador, que irá obter resultados para melhorar o conhecimento dos usuários sobre os métodos de prevenção do trauma, como também dos profissionais de saúde e acadêmicos, no sentido de melhorar suas atribuições, condutas, seu ponto de vista social e formas de interação com a população em geral.

O estudo resultou dados bastantes relevantes, visto que, o perfil epidemiológico das vítimas de trauma desta população não se condiz aos demais estudos nacionais, que mostra vítimas cada vez mais jovens, geralmente apresentando TCE, admitidas em tempo festivo e nos fins de semana.

Contudo, no que diz respeito aos dados analisados no trabalho, observou-se que o trauma predomina em pessoas do gênero masculino, com idade superior a 40 anos, trabalhadores rurais, apesar dos acidentes acontecerem em sua maioria na zona urbana, com grande parcela admitida após trauma de extremidades, de crânio e de face. Mostrou-se maior número de ocorrências no mês de Outubro, caracterizando a segunda-feira, com o maior número de admissões e internamentos, geralmente compreendendo o horário noturno das 18h01min às 24h00.

A realidade regional reflete diretamente no alto custo para o município, para a sociedade e para o Sistema Único de Saúde. Ressaltando ainda que muitos desses traumas poderiam ser prevenidos e gastos evitados. Portanto, vê-se a necessidade de atenção maior voltada para os idosos e os trabalhadores agrícolas por serem mais susceptíveis ao trauma, não só pelos acidentes de trânsito e a violência, mas também, e principalmente, pelos acidentes de trabalho.

Faz-se necessário que os órgãos públicos invistam em recursos humanos e infraestrutura, a fim de melhorar a assistência prestada; e promover execução das políticas públicas efetivas para a prevenção e redução dos números de incidência traumática e, consequentemente, da morbimortalidade. O presente estudo possibilitou traçar uma linha de informação que pôde chegar à população para que assim possam contribuir para redução da morte por acidentes e diminuição nos números de sequelados e vítimas improdutivas para o país.



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