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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Francisco – O Papa da Boa Nova

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Por Inácio A. Torres

Durante a estada de sua Santidade o Papa Francisco, no Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, agendamo-nos, com antecipação, para melhor apreciarmos suas falas. Ouvimos alguns de seus discursos, homilias e entrevistas. Pinçamos trechos dos mesmos e agora, em citações indiretas e adaptadas, apresentamos no resumo abaixo. São pensamentos sábios e úteis para a vida de todos nós. Diz ele referindo-se a sua moradia. Gosto de viver com as pessoas. Essa foi a razão para morar na Residência Santa Marta. Ali moram várias pessoas, cardeais e religiosos.  Esse espaço permite viver-se pertos dos outros, compartilhar com todos eles um cotidiano saudável. A antiga morada do papa não é tão sofisticada, mas só reduz-se em uma vida solitária.

O sacerdote deve dar um testemunho de pobreza, para isso escolheu a vida religiosa. Ele deve estar junto do povo, parecer com o povo. Ao escolher um carro simples e que satisfaz minhas necessidades de
mobilidade apenas justifiquei a prática de meu discurso. Não tenho medo do povo. Atiro-me no meio dele. Esse gesto pode parecer inconsciente e até indisciplinado mas faz parte de minha personalidade, logo não posso mudar. Se assim o fizer deixarei de ser eu.

 O papa-móvel assemelha-se a uma grande caixa de vidro que, apesar de transparente é impermeável ao som, o que impossibilita a comunicação direta com as pessoas. E eu não consigo viver sem a comunicação
popular. Não entendo uma comunicação humana pela metade. Penso que a todos deva ser dada a oportunidade de falar e de ser escutado, ouvir o outro é tratá-lo como gente.

Defenderei sempre a Igreja de Cristo. A ela dediquei minha vida, meu trabalho. Sobre a diminuição do número de católicos no Brasil não sei explicar. Desconheço as causas. Em todo caso, arrisco o palpite de que
isso vem acontecendo por causa da não proximidade da igreja junto às populações. Essa não proximidade talvez seja uma das causas. Outra é a falta de sacerdotes. A preparação deles. A igreja é mãe, e como tal, tem a obrigação de acariciar, tocar, beijar e cuidar bem de seus filhos. Comunicar-se diretamente com eles. A comunicação por carta, e-mails, telefone, rádios, televisão é importante, porém deve ser lembrado que sempre há alguns ruídos que podem distorcer e arrefecer a mensagem, mitigando o calor humano.

Conta-se que uma igreja passara mais de 20 anos sem pároco. O pastor ocupou o lugar do padre, ganhou credibilidade do povo, disseminou com sucesso os ensinamentos de sua religião. Após todo esse tempo, um novo padre fora designado para essa cidade. Nos primeiros dias de atuação, conversando com uma paroquiana, escutou dela o seguinte relato. “A ausência do padre nesses 20 anos, fêz-me e a minha família frequentar a igreja evangélica, mas confesso que nunca perdi a minha fé, porém eu tinha vergonha de colocar Nossa Senhora na sala de minha casa”. Em seguida, chamou o padre para a cozinha, abriu o armário e mostrou ali, bem protegida, a  imagem da Santa, argumentando que se arrependia dessa atitude, e concluiu dizendo: “Isso aconteceu pela ausência da minha religião nesse lugar, mas confesso que, com a sua presença, toda nossa comunidade retornará para nossa igreja”.

A igreja, ou melhor, a Cúria Romana é antiquada. Contudo, tem suas virtude e imperfeições. Ela sempre abrigou bons homens, santos e também maus pecadores. Ela não pode esquecer dos pobres, dos
necessitados. É uma instituição como outra qualquer, - portanto com erros e acerto - e deve ser criticada quando necessário. Quando fizer o que não devia, quando praticar injustiças. Mas também deve ser respeitada em sua história, quer pelo que fez de bom no passado quer no presente. Escândalos existem em toda parte e somente com alarde eles não são resolvidos.

Nos momentos de turbulência de qualquer instituição, há sempre aqueles que gostam de fazer muito barulho. Aqui é válido refletir o ditado que apregoa: “uma árvore que cai faz mais barulho que um bosque que cresce”. Trazendo para a desordem vivenciada pela cúria e que causou grande sofrimento aos católicos do mundo inteiro é preciso que paremos para refletir. De fato, a igreja precisa ser mais dinâmica,  renovada e criativa. Precisa sempre reorganizar-se,  avaliar-se e até protestar abertamente contra injustiças e desmandos internos. E tudo deve começar pelos que estão à frente da gestão.

É necessário que combatamos a feroz idolatria pelo dinheiro que se instalou no mundo inteiro. A visão equivocada de que quem tem dinheiro manda em tudo, pode corromper, subornar, descumprir leis, enfim tudo
pode. A sociedade precisa valoriza mais os extremos da vida. Não podemos continuar descartando os idosos, considerando-os imprestáveis. Tampouco, desprotegendo a juventude. Se descartamos os jovens e os velhos - não tenhamos dúvidas  o mundo desabará. Lamentavelmente, a imprensa enfatiza mais a bolsa de valores que a falta de acesso à escola, aos serviços de saúde, aos direito humanos, à liberdade, à justiça. Ninguém pode ser humano desalmado. Portanto, busquemos estimular a humanidade independentemente de religião.


Superar o poder do egoísmo pela promoção da educação dos povos. Devemos conscientizar e educar os jovens. Escutá-los. Aliás, o jovem que não protesta não me agrada. É inconsciente. E o jovem inconsciente corre o risco de insucesso e de invisibilidade na vida.

A nossa igreja precisa enxergar melhor a realidade humana, vivenciar com entusiasmo o presente, podar o egoísmo, trabalhar pelo e junto do povo. Entender que educar significa matar não só a fome do saber, mas iluminar consciências no sentido de valorizar e de lutar por mais vida em abundância. Tudo isso resume-se em algo que pode ser chamado obra de misericórdia, de compaixão, de coragem e de amor pelo próximo. 

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