Editoras lançam livros de autores paraibanos em noite dedicada à cultura

Evento marca a criação da parceria de editoras do estado na busca pela melhor distribuição das obras no mercado literário brasileiro

Uma noite dedicada ao reconhecimento do trabalho de escritores paraibanos. É assim que a ‘Noite da Cultura’, organizada pelo Sebrae e o Núcleo de Editores do Nordeste, com apoio da Academia Paraibana de Letras e Editora da Unipê, promete revelar para o público leitor a qualidade literária das obras produzidas na Paraíba. A Noite também marca a parceria entre filiados do núcleo e a abertura de canais para discussões entre escritores, editoras e livrarias de todo o país sobre a criação de estratégias para a melhor distribuição e aceitação das obras paraibanas no mercado literário. O evento, que acontece amanhã, dia 26, é aberto a todo o público de forma gratuita e começa às 19h, em João Pessoa, no Centro de Educação Empreendedora do Sebrae.

Na Noite da Cultura serão lançados seis livros: O Manuscrito Inacabado, de Kamal Abdula; Leituras Diversas: Crônicas, Ensaios e Contos, de Magno Nicolau; Terra, Revisionismo e Cultura em Euclides da Cunha, de José Otavio de Arruda; Memorial das Famílias, de Pereira Cavalcanti, Craibas ou Caraíbas, de Franciraldo Loureiro; e O Gago que Discursava, de João Ribeiro Filho. Durante o evento terá um espaço reservado para uma sessão coletiva de autógrafos. A programação do evento também incluirá apresentações como do poeta Jomar Morais com a leitura dramática do Itinerário Lírico da Cidade de João Pessoa, além de exibições de vídeos sobre a vida e obra de Zabé da Loca.

O evento também servirá como marco na parceria entre Sebrae e as editoras Idéia, Linha D’Água, Zarinha Centro de Cultura, Editora Astus, Paraíba Solidária e Fotograf, no lançamento do projeto que trabalhará conjuntamente ações de inserção das obras nordestinas nas grandes cadeias de livrarias. Segundo Magno Nicolau, dono da Editora Idéia, uma das mais antigas do estado e parceira do Núcleo, o grande desafio das pequenas empresas que trabalham com a publicação de obras aqui no estado é a distribuição, principalmente para o Sul e Sudeste do país.

“Temos muitos autores bons aqui no estado e muitas pessoas que buscam comprar esses livros, mas existe ainda um preconceito, se assim posso falar, das grandes redes em apostar nesses livros. Se tem uma publicação nordestina ela fica lá na última prateleira, escondidinha, sem destaque. Unindo forças e com o apoio de uma instituição séria creio que vamos conseguir algumas mudanças”, comenta Nicolau.

O modelo de trabalho com as editoras já é experimentado também em estados como Ceará e Bahia, que enfrentam o mesmo problema da Paraíba. Aqui vários outros núcleos também obtiveram sucesso através do trabalho de cooperativismo e parceria entre os empresários, como por exemplo, o da Rede de Óticas Fácil, o Núcleo de Contabilistas, que se tornou referencia nacional, a Rede Paraíba de Supermercados e recentemente lançada a Rede PB Construção.

“Trabalhar com cultura é bem diferente e será um desafio para nós nessa ótica de núcleo voltada para ações de mercado. O setor envolve muito o trabalho de políticas públicas, incentivos e a sensibilização do público para o prazer da leitura, e por isso não depende só de nossos esforços. O grupo começou pequeno, mas dentro dele as maiores editoras do estado estão inseridas e com isso acredito muito que tudo vá correr bem”, afirma Alessandra Travassos, gestora do projeto de Comércio Varejista do Sebrae Paraíba.

Ela ainda destacou que a função do núcleo é de ajuntar essas pequenas empresas, as editoras, para que juntas, em contatos semanais, trabalhem estratégias, como o acesso à bienais de livros, criação de livrarias on-line e a disseminação das publicações feitas no estado. “A função do Núcleo é não deixar a peteca cair, de estar ali cutucando os donos das editoras. A Noite da Cultura é só o primeiro evento de amostragem à sociedade, um grito de estamos aqui e só assim iremos sentir o terreno”, conclui a gestora.

Valor alto- Atualmente as grandes livrarias trabalham captando de 60% a 30% do valor do livro produzido pelas editoras, ou seja, vendendo um livro a R$ 50,00, cerca de R$ 15,00 voltam de lucro para a editora (custeando gastos com papel, impressão, funcionários especializados e maquinário) que precisa ainda repassar uma parte do dinheiro para o autor.

“Essa lógica para mim não funciona. Mesmo sendo dono de editora, o autor, no meu ponto de vista, é quem mais merece, é ele quem é o pesquisador, dono do conteúdo intelectual da obra, quem precisa ser mais valorizado”, critica Magno apontando a criação de Livrarias Virtuais para as editoras envolvidas como uma solução que garantirá retorno maior tanto para quem publica como para quem escreve.

“Com esses espaços que as novas tecnologias nos oferecem vou poder vender para o mundo todo, me distanciando do problema da distribuição e podendo oferecer um negócio bem mais vantajoso para o meu escritor”, explica Magno.

Assessoria Sebrae