Inácio A. Torres
Patos
é minha terra natal. Dela guardo lembranças que me vivificam. Dela tenho
saudades que me fortalecem. Provérbios são traidores, mesmo assim continuo
crendo que profeta também se é na terra natal. E que recordar é viver, embora
Alcides Carneiro insista em dizer quer “recordar é viver de lembranças e viver
de lembranças é morrer de saudades”.
Particularmente,
tenho a crença de que boas lembranças e boas saudades prolongam a vida, alegram
a alma e animam o espírito, por isso hoje desejo falar e reviver coisas do
passado.Os rios Cruz, Farinha e o velho Espinharas que desciam açodados,
cheios, de barreira a barreira, animando a molecada.
O
Jatobá, nosso açude pioneiro – só depois vieram Barragem, Farinha e Capoeira - que em dias de sangria era uma
grande festa.
O
banho de biqueira em frente à casa onde nasci na Padre Anchieta, bairro Santo
Antônio. A barragem de D. Elvina... Águas de vida... pingos de boas lembranças
e saudades.
Os
grandes comícios de Zé Cavalcante, Zé Gayoso e Rui Gouveia. Os discursos de
Ernany Sátyro, o amigo velho, verdadeiras aulas de civismo e de civilidade. O
corujão de Edivaldo Mota e de Chico Bocão. Os jovens políticos Gilvan Freire,
Polion Carneiro, Marcondes Sobral, Antônio Simões e tantos outros.
A
difusora de Otacílio Divino. O programa Estudante em Marcha na rádio
Espinharas, feito a capricho por colegas como Buarque Fernandes, Edmilson
Menezes. A Crônica das Doze do Padre Assis. O Forró de Batista Leitão.
Edileuson Franco narrando, como ninguém, as partidas de futebol antes, no campo
do Ginásio Diocesano e depois no Estádio Zé Cavalcante, em tardes de pelejas
aguerridas do clássico Nacional e Esporte (único escrito com E).
O
Clube Fortelândia e a Casa do Estudante com seu eterno presidente Juraci
Dantas, amigo que ainda hoje sempre nos encontramos na Peixada do Donato, tão
bem administrada por Lula, lá no bairro Jatobá – sem bairrismo um pirão sem
igual.
A
Escola Mista Espinharas, onde tudo começaria com D. Jacinta Xavier de Amorim,
minha primeira mestra. O Instituto Leão XIII de Luiz de França e Chico Satyro
onde as professoras Lourdes Gomes, Ursulina – minha mana – Dejalina
ensinamram-me que o respeito e a amizade são coisas úteis neste mundo
O
velho Diocesano do Monsenhor Vieira. As aulas de matemática de Onilva, as de
geografia com professor Oliveira e Ana Cartaxo, as de Português com Messias,
Badu e Antônio Fernandes e as de História com D. Terezinha.
Do
Colégio Estadual, lembramos de Dra. Terezinha, D. Lyen, Dr. Marcos Urquiza, Dr.
Cajuáz e tantos outros cujos nomes permanecerão estatuados nas mentes e
corações de seus alunos.
Quem
pode esquecer da esquina de João David, onde Santo Garapa e outros idosos da
época discutiam com Mestre Ábdon, Valdemar do Pandeiro e S. Arsênio temas
políticos da época. O encantamento do desfile do 7 de setembro.
Os
clubes da periferia: Fluminense de Totô, o Flamengo de Vigolvino, o Guarani de
Tião Bilú, o Botafogo de Toinho, o Estrela do Belo Horizonte, o Bariri do São
Sebastião e tantos outros que participavam de fantásticos campeonatos de times
amadores.
Lembremos
ainda dos Festivais de Música realizados no Cine Eldorado com animação dos
conjuntos: Os Jovens, dos irmãos Agnaldo e Toinho e o Z-Sete de Brandão e
Everaldo. A procissão dos homens tendo a frente o Padre Levi Rodrigues.O Tiro
de Guerra da época de sargentos Hélio, Bezerra e Eudinho.
As
quadrilhas das ruas Espinharas, Padre Anchieta, Augusto dos Anjos e Dezoito do
Forte. Os forrós – Festa do Milho – nas quadras do Rio Branco, Estadual, Tiro
de Guerra e Tênis Club, animadas por Pinto do Acordeon, Gê Maria, Derrés e
outros artistas.
Os
cinemas Eldorado e Prado, esse último agonizando em ruínas, mesmo assim tentou
resistir. A Cruz da Menina e a Festa de Setembro historiadas por Flávio Satyro,
Romildo e Damião Lucena. As Missões de frei Damião.
As
histórias de Antonio Tranca Rua e de Zezinho Pintor. A beleza dos quadros de
Perigo Neto, estampados na antiga rodoviária. O Revista da Semana, programa
radiofônico, comandado por Luiz Gonzaga, talvez o mais antigo da Paraíba.
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Time do Dioesano 1978 |
As
composições de Amaury de Carvalho, Antonio Emiliano, Virgílio Trindade, Derréis
e tantos outros artistas patoenses merecem mais divulgação. As obras de Allyrio
Meira Wanderley, os livros de Zé Cavalcante, o museu de Afonso, merecem mais
atenção. Falta fazer-se uma homenagem digna a João Ferreira, um cientista
reconhecido na Rússia, nascido em Patos.
Esse
é um ensaio sobre a minha terra e minha gente. Um momento de saudade
aconchegante da terra onde tive, tenho e terei a felicidade de conviver com
minha família grande e inesquecíveis momentos de felicidades. Encerro com esses
versos saídos do coração e da mente saudosa.
Patos:
Ninguém tirará teu
progresso, tua sorte
Teu destino traçado
para o futuro.
Haveremos de lutar com
garra: eu juro
Na busca de fazer-te
ainda mais forte!
Em cada idoso teu e em
cada criança
Eu vejo o renascer de
um novo dia,
Salpicado da mais
firme esperança
E da tintura da mais
forte energia.
Patos ardente... minha
terra querida!
Em teu seio finquei
raízes de minha vida
Em teu solo o meu
sonho de esperança.
Portanto, orgulhar-se
de te nunca me cansa