O NÓ DO AFETO
Inácio Andrade Torres
A parábola, conforme os dicionaristas, é uma “narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior”. Cristo usava sempre parábolas para facilitar o entendimento de sua mensagem. Ele foi o maior construtor de parábolas. Nos evangelhos, aproximadamente um terço do conteúdo é enunciado através de parábolas.
Na verdade, expressar-se, se utilizando a escrita comparativa, onde predomina a metáfora, a fábula, a parábola não é fácil. Exige muito poder de criação. Segundo Mansour Challita, o maior tradutor, em língua portuguesa, de Gibran, o grande poeta libanês, é muito raro encontrar na história pregadores ou escritores que tenham a seu crédito mais de duas ou três parábolas de classe.
Isso posto, agora recomendamos a você fazer uma leitura reflexiva da parábola abaixo, intitulada “O nó do afeto”, veiculada na rede, porém lamentavelmente apócrifa.
“Em uma reunião de pais numa escola da periferia, a diretora ressaltava o apoio que os pais devem dar aos filhos. Pedia-lhes, também, que se fizessem presentes o máximo de tempo possível. Ela entendia que, embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade trabalhassem fora, deveriam achar um tempinho para se dedicar e entender as crianças.
Mas a diretora ficou muito surpresa quando um pai se levantou e explicou, com seu jeito humilde, que ele não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo, durante a semana. Quando ele saía para trabalhar era muito cedo e o filho ainda estava dormindo. Quando voltava do serviço era muito tarde e o garoto não estava mais acordado. Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família.
Mas ele contou, também, que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e que tentava se redimir indo beijá-lo todas as noites quando chegava em casa. E, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria. Isso acontecia religiosamente todas as noites quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles.
A diretora ficou emocionada com aquela singela história. E ficou surpresa quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola. O fato nos faz refletir sobre as muitas maneiras das pessoas se fazerem presentes, de se comunicarem com os outros. Aquele pai encontrou a sua, que era simples, mas eficiente. E o mais importante é que o filho percebia, através do nó afetivo, o que o pai estava lhe dizendo.
Por vezes, nos importamos tanto com a forma de dizer as coisas e esquecemos o principal, que é a comunicação através do sentimento. Simples gestos como um beijo e um nó na ponta do lençol, valiam, para aquele filho, muito mais que presentes ou desculpas vazias. É válido que nos preocupemos com as pessoas, mas é importante que elas saibam, que elas sintam isso.
Para que haja a comunicação é preciso que as pessoas "ouçam" a linguagem do nosso coração, pois, em matéria de afeto, os sentimentos sempre falam mais alto que as palavras. É por essa razão que um beijo, revestido do mais puro afeto, cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o medo do escuro. As pessoas podem não entender o significado de muitas palavras, mas sabem registrar um gesto de amor. Mesmo que esse gesto seja apenas um nó. Um nó cheio de afeto e carinho.
Reflexão
"Procure ser um homem de valor em vez de procurar ser um homem de sucesso!" Albert Einstein
Coluna publicada simultaneamente com o pbnoticias.com
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