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quinta-feira, 8 de abril de 2010

REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO SEXUAL NO CONTEXTO FAMILIAR



Iara da Silva Machado
A partir da década de 80 vem intensificando a conduta erotizada no âmbito social, através da mídia, da ambigüidade lingüística e liberdade de pensamentos que corrompem os valores ético-morais, necessários a educação familiar infanto-juvenil.
Algo útil neste aspecto é sugerir uma reflexão de como essa enxurrada de informações degenerativas tem adentrado os nossos lares.
Os pais da geração precedente a contemporânea apresentam certas dificuldades quanto à abordagem de temas sexuais junto aos seus filhos púberes e adolescentes, pelo registro singular de sua própria educação sexual doméstica, no mais das vezes, pobre de informações e diálogos salutares.
Assim, recorrem às mães e pais aos recursos de livros, revistas, enciclopédias que possam lançar luz sobre como abordar o tema junto aos filhos, de modo que não agridam ou invadam, ou mesmo “fingem” que o referido tema não é tão importante, ou ainda assumem o dito popular: ainda é cedo para falar sobre isso. Assim adiam o momento de importante orientação, deixando que outros, sobretudo os colegas, igualmente despreparados realizem este papel.
Compete, hoje, não mais protelar ou transferir as responsabilidades doméstico-familiar a terceiros, que definitivamente não conhecem a dinâmica que paira por trás das portas de cada lar, e cada responsável assumir as rédeas da comunicação e partilha com os filhos de forma saudável e edificante.
Muitos entraves acometem a mente dos pais, devido as suas próprias vivências sexuais, na maioria, não analisadas, e que podem ter deixado “fantasmas” afetivos que os impedem de visualizar a real necessidade de ação junto aos filhos, transferindo-lhes, às vezes, cargas emocionais reprimidas que não lhes pertencem.
Um dos caminhos terapêuticos é fazer uso da percepção lúcida, seja na auto- reflexão ou através de auxílio profissional adequado, a fim de ampliar a visão de que a pessoa não se torna “outra” porque assumiu a função de pai ou mãe, e antes de adquirir a paternidade ou maternidade cada um foi filho (a) e possui sua história pessoal de aprendizagem, permeada de erros e acertos.
O médico e fundador do método psicoterapêutico em Análise Bioenergética Alexander Lowen (1994) enfatiza que se faz necessário orientar os filhos sobre assuntos associados a abusos sexuais, tendo em vista que na atualidade esse tema tem vindo à tona de forma cada vez mais recorrente. E se reconhece o ato abusivo desde o toque sutilizado nos órgãos genitais da criança ou jovem até atos mais invasivos seja de ordem verbal, físico, emocional ou psicológico. Quanto mais diálogo e orientação, menor o risco da exposição ao dano, ou pelo menos, maior a probabilidade da criança ou jovem compartilhar qualquer tipo de assédio.
Para os pais algumas orientações específicas para abordar o tema com os filhos:
·         Busquem falar com os filhos de forma natural sobre sexo e atividade sexual.
·         Fundamentem suas colocações numa linguagem simples, porém nunca vulgar, ensine-lhes que os termos “chulos” que são utilizados nas vias públicas são fruto da ignorância, que desconhece o respeito que se deve ter pela função sexual.
·         Sempre vincular o sexo ao sentimento; a atividade sexual ao vínculo afetivo com o outro. JAMAIS EDUQUE SEU FILHO (A) A LIMITAR O SEXO AO PRAZER GENITALIZADO OU A “DESCARGAS HORMONAIS”.
·         Tire proveito das situações cotidianas que possam chegar pelos canais de comunicação para discorrer e refletir em família sobre os valores morais da vida.
·         Procure auxílio de profissionais especializados quando se sentir em apuros diante de uma conduta ou comportamento inadequado do seu filho (a).
·         Compartilhe com os filhos (as) os afetos positivos, com naturalidade, porque o prazer é uma sensação natural extensiva a todas as situações da vida, desde que se respeite os limites e potenciais da relação, discernindo o lugar que é de cada um diante do outro.
A orientação sexual é um desafio no processo de educação contemporânea e que não pode ser relegada a segundo plano tendo em vista que a sexolatria (exacerbação da função sexual) é uma doença social que pode acometer qualquer lar, qualquer família.
Cuidar da criança e do jovem nessa área é um caminho para cuidar da capacidade de amar, enquanto direito indiscutível de qualquer ser humano.
Coluna publicada simultaneamente com o pbnoticias.com

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