ENFERMAGEM VALE A VIDA
Maria Goreti do N. Andrade (1)
Ankilma do Nascimento Andrade (2)
A exemplo dos anos anteriores, acontecerá em todo o país, de 12 a 20 de maio, numa promoção da Associação Brasileira de Enfermagem/ABEN, por meio de suas representações nacional, seccionais e regionais, a 7ª Semana Brasileira de Enfermagem/SBEN, a qual, neste ano, terá como tema central Enfermagem vale a vida. Este assunto, em boa hora escolhido, é resultado da reunião do Conselho Nacional das Associações Brasileiras de Enfermagem, realizado em Belo Horizonte, Minas Gerais, no mês de novembro de 2008.
Com se vê, trata-se de um tema apropriado para o momento atual porque passa a saúde brasileira e mundial, bem como a enfermagem, notadamente no campo social, ético e econômico. Na verdade, a humanidade está em crise de eticidade e de valores. A vida tem sido banalizada em quase todos os recantos do planeta, daí o grande mérito desse chamamento da ABEN, para uma discussão reflexiva e um embate bem intencionado acerca da relevância dos valores humanos e dos trabalhadores da Enfermagem, quer os envolvidos nos setores acadêmicos, quer os envolvidos nos setores da atenção básica e de média e alta complexidades.
Nesse ensejo, a nosso ver, cabe bem lembrar as palavras de Cristo, expressas por João, em seu evangelho, quando diz: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância". A Enfermagem tem a missão de promover a vida! Utilizando-se de seus saberes, competências e habilidades poderá muito bem cuidar dela (a Vida). Por isso a convocação da ABEN, considerando-se o cuidar como uma atribuição peculiar da Enfermagem, ajusta-se perfeitamente a essa reflexão cristã, quando pondera que pensemos e ajamos racional e emocionalmente em favor da valorização dos profissionais - realce-se os Enfermeiros - e das profissões que cuidam da vida.
É o clamor por uma Enfermagem Viva, que valorize a autonomia profissional; que lute pela conquista de uma nova visibilidade da Enfermagem como Ciência e como Profissão; que entusiasme o debate capaz de sensibilizar e de conscientizar as categorias da Enfermagem sobre a importância social, intelectual e científica que desfrutam; e que incentive a necessidade justa de ocupação de espaços de cuidado e de poder, tendo como eixo norteador a educação permanente, a participação efetiva nas políticas públicas, a defesa vigilante da projeção, manutenção e reprodução da força de trabalho desses profissionais e a resignificação do trabalho e dos trabalhadores que lidam com a vida humana.
Por fim, torna-se útil lembrar, que a SBEN desde sua primeira realização em 1940, pela Escola de Enfermagem Ana Nery, no Rio de Janeiro, constitui-se em um bem valioso do ponto de vista científico-sócio-cultural para a Enfermagem nacional. Dessa forma, todos os trabalhadores da saúde e, especialmente os da Enfermagem, devem dar a esse evento um reconhecimento justo e uma solidariedade visível com uma participação eficaz, manifestando-se cada um ao seu modo nas atividades programadas pelo Brasil afora. Somente assim, far-se-á justiça ao tema proposto para o debate neste ano: Enfermagem vale a vida.
(1) Maria Goreti do N. Andrade - Enfermeira-sanitarista. Professora aposentada da UFPB.
(2) Ankilma do N. Andrade. Mestranda em Enfermagem. CCS/UFPB. Professora da UEPB.
ENFERMEIRO(A)*
Amado querubim da humanidade
Alma sensível, generosa e santa
Amas a tanta estranha gente e tanta
Gente amiga não vê tua bondade!
O teu mundo não é de alacridade,
Tua palavra ao enfermo levanta;
És sentinela que este mundo encanta
E ilumina com sua claridade.
Olvidas tua dor e as próprias chagas
E a este mundo cruel ainda afagas
Sem que abracem a ti, teu corpo forte.
Corredor do hospital – tua avenida,
Viela, às vezes, onde passa a vida
E, algumas vezes, tristemente, a morte!
* Soneto escrito e publicado em 1980, na revista Ciência Cultura e Saúde, v. 2, n.2, da UFPB.
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