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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A MULHER DOS DOIS MARIDOS




Patos-PB é uma das maiores referências em se tratando de peleja no repente. Isso devido o marco que é a cidade, na época Vila de Patos, ter sido cenário da peleja entre Ignacio da Catingueira e Romano da Mãe d'Água ocorrida em 1870. Muitos escritores apontam esta como sendo a primeira de todas as pelejas. Na história da cantoria de viola, literatura de cordel, muitos poetas dignificaram nossa cultura popular nordestina. Patos de vez em quando recebe um desses talentos, que aparece para nos brindar com suas poesias. Recentemente flagramos chegando à cidade Louro Branco, velho conhecido dos amantes da cantoria de viola.
Francisco Maia de Queiroz, o popular Louro Branco, Poeta, repentista e compositor, nasceu dia 02 de Setembro de 1943 na Vila Feiticeiro no município de Jaguaribe - CE. Foi pescador, agricultor e vendedor ambulante. Começou a cantar aos 12 anos de idade, morou nas seguintes cidades: Jaguaribe – CE, Jaguaretama – CE, Coronel João Pessoa – RN, Limoeiro do Norte – CE, Mossoró – RN, Iguatú – CE, Caicó – RN, e atualmente em Santa Cruz do Capibaribe onde mora desde 1991, e aonde pretende permanecer.
            Cantou em vinte estados do Brasil, com todos os maiores cantadores do Nordeste, participou em mais de 400 festivais, tem ao todo mais de 700 composições, condecorado como o maior cantador do Brasil, titulo dado pelo famoso poeta compositor e presidente da Classe, o baiano Rodolfo Coelho Cavalcante.
            Chegou a cantar para o ex-presidente José Sanei, publicou dois livros, 1º: A Natureza Falando, e 2º: Da Casca Até o Miolo, e está partindo para seu 3º livro.
            Casado com Maria Gomes de Souza Queiroz, 6 filhos e 11 netos. Hoje com 65 anos e em plena atividade. Evangélico desde novembro de 1994. Gravou 30 trabalhos entre eles CDs, LPs e DVDs.  
            Oferecemos aos nossos leitores um dos trabalhos de Louro Banco, o cordel:

A MULHER DOS DOIS MARIDOS 

Tem gente que faz
um pedido e vem menor,
se depois pedir maior,
aí vem grande demais,
dois tamanhos desiguais,
um perde pra os encolhidos,
o outro dá nos compridos,
um cresceu, outro encolheu,
foi assim que aconteceu
com a MULHER DOS DOIS MARIDOS.



ZEFA fez no seu terreno
da rua do cabaré
dois prédios forma chalé,
se juntou com ZÉ MORENO,
o rapaz meio pequeno,
com pinta de bom mulato,
só que na cama foi chato,
ZEFA diz que ZÉ MORENO
tem o negócio pequeno
do mesmo jeito dum gato.



ZEFA ficou sem gostar,
querendo mais comprimento,
perguntou pra doutor BENTO,
tem um jeito de aumentar?
Disse o Doutor: se estirar,
vai ser coisa muito pouca,
ZEFA falou quase louca,
fica tão bom se crescer !
Doutor é triste comer
sem sentir nada na boca !! 


ZEFA não desprezou ZÉ,
mas ficou com muita pena
achando a colher pequena,
pra mexer no seu café,
lembrou do outro chalé,
falou um só deu pior,
com outro macho é melhor,
embora a feira não venha,
mas possa ser que ele tenha
um material maior. 


ZEFA no segundo laço
conquistou PICASSO GOMES,
disse dois machos, dois nomes,
cada um faz um pedaço,
agarrou logo PICASSO,
botou no outro chalé,
combinou tudo com ZÉ,
pra não ter briga depois,
foi morar com todos dois
na rua do cabaré.



ZEFA falou logo, e é assim
que com dois eu faço,
uma noite é de PICASSO,
a outra noite é de ZÉ,
mas de noite ela deu fé
que tinha peso no gás,
ZEFA pinotou pra trás
na hora do tapa oco
gritando se ZÉ tem pouco,
esse imoral tem demais ! 


PICASSO inda se mexeu
pra fazer amor bonito,
só que ZEFA deu um grito
que o colchão amoleceu,
vestiu a roupa e correu
pra não perder o embalo,
foi ver seu irmão Gonçalo
e disse assim meu irmão:
eu nunca fui égua não,
mas arrumei um cavalo ! 


ZEFA depois do cansaço
foi falar com Doutor BENTO,
Doutor eu me arrebento
se for transar com PICASSO,
me diga como é que faço,
me ajude Doutor Bento,
o outro tem dez por cento,
esse tora qualquer fato,
o ZÉ herdou a do gato
e PICASSO a do jumento.



O Doutor só por favor,
disse vou fazer de graça,
como você quer que faça,
eles num sentem nem dor,
ZEFA disse: seu Doutor,
corte sem ele dar fé,
um palmo acima do pé da

tubiba de PICASSO
e depois pregue o pedaço
na tijubina do ZÉ. 


Se aprovar tudo em paz,
casada de DOIS MARIDOS,
QUENGA que tem dois queridos,
moça com dois desiguais,
um pouco e outro demais,
num a do gato mimoso,
noutro a do jegue fogoso,
corte a ponta da maior,
pregue a tora na menor,
que fica tudo gostoso !!


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