O fato mais polêmico no Brasil esta semana, que ganhou repercussão mundo afora, foi o caso da garota de nove anos que foi estuprada pelo padrasto em Pernambuco, tendo ficado grávida de gêmeos. A criança teve a gestação abortada, fez curetagem, e isso gerou rápida reação do arcebispo de Recife e Olinda, D. José Cardoso Sobrinho, que assumiu o lugar de D. Hélder Câmara em 1985. O arcebispo, usando o direito penal canônico de 1.398, tratou logo de determinar a excomunhão da mãe da garota e dos médicos que lhe fizeram o aborto. Essa atitude gerou revolta na maioria do povo brasileiro, que ficou atônito com a falta de sensibilidade de D. José para com os riscos que a menor poderia enfrentar, inclusive a morte, caso a gravidez tivesse continuidade.
Acredito que está na hora do Vaticano, que aprovou a excomunhão, ou seja, expulsão da igreja católica ou proibição de participar da liturgia da consagração (Corpo e Sangue de Cristo) aos médicos e a mãe da garota, reformule suas leis, se modernize, inclusive eticamente, seja menos radical na forma de conduzir seus fiéis ao encontro do Pai.
Sempre houve choque entre Igreja Católica e a Ciência quando está em jogo a bioética. É preciso maior reflexão sobre causas e efeitos ao se tratar da vida. Não adianta a preservação do que virá, se virá, em detrimento do que existe. Ou seja, vale a pena morrer pela vida? Todos sabem das dificuldades que a menor teria para sobreviver caso a gestação fosse levada adiante. O que dizer também das sequelas psicológicas que essa criança teria? É preciso muita reflexão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário