Inácio Andrade Torres
AS MULHRES E A POLÍTICA
O grau de instrução dos 135,8 milhões de eleitores que votarão neste 3 outubro, conforme o Tribunal Superior Eleitoral, está assim configurado: 5,9% são analfabetos; 14,6% dizem saber ler e escrever, mas nunca freqüentaram a escola; 33% freqüentaram a escola mas não chegaram a concluir o ensino fundamental; e 46,5% asseguraram que têm, pelo menos,o ensino fundamental completo.
Já quanto às cotas e paridade de gênero, os números são desiguais. Em 1988, as mulheres representavam 49% das pessoas aptas a votar, agora, em 2010, elas compõem a maioria, com percentual de 52%, o que significa mais de cinco milhões de eleitoras sobre os eleitores.
Todavia, isso não significa muita vantagem para as mulheres. O poder de voto delas não tem se manifestado na ocupação dos espaços de poder e a democracia brasileira insiste em conviver com um déficit de gênero na representação política.
Citemos os exemplos da eleição deste ano. Presidenciáveis, duas candidatas mulheres entre os nove candidatos, portanto um percentual de 22,2% para as mulheres. Governos estaduais e distrital: dezoito mulheres candidatas, correspondente a 10,6%. Senado Federal: 35 mulheres candidatas (12,8%) e 238 homens candidatos (87,2%). Câmara Federal: 1.345 mulheres candidatas (22,3%) e 6.037 homens candidatos (77,7%). Assembléias Estaduais e Distrital: 3.466 mulheres candidatas (22,7%) e 15.246 homens candidatos (77,3%).
Como mostram os números, ainda há muito o que se fazer para estimular as mulheres brasileiras a participarem da política partidária do país. Sobre o assunto, extraímos a síntese das respostas dadas por três mulheres brasileiras, trabalhadoras de importantes segmentos sociais, à pergunta abaixo formulada pelo jornal Fêmea.
- Como a política pode mudar a vida das mulheres?
Com a palavra forte e ponderada Taciana Gouveia, Educadora feminista do SOS CORPO – Instituto Feminista para Democracia. “A política que muda a vidas das mulheres é a política feminista, construída desde sempre em confronto direto e explícito a todas as formas de dominação, opressão e exploração de gênero, classe, raça e orientação sexual. É uma política de esquerda no sentido mais completo dessa palavra”.
A resposta da jornalista Eliane Cantanhêde, colunista da Folha de São Paulo, compõem-se do conciso e justo argumento: “O ideal é que, em vez de concentrar as energias na eleição presidencial e apenas amplificar a troca de picuinhas entre os candidatos, a imprensa ampliasse o seu ângulo de visão para as candidaturas aos legislativos e se concentrasse mais em questões públicas [...] A política é que move o mundo. Logo, move também o mundo das mulheres”.
E, por último, leiamos o pensamento racional e determinado de Rejane Pitanga, candidata a deputada distrital. “A política muda a vida das mulheres quando ela traduz uma verdade que durante muitos séculos foi distorcida e ocultada. Por isso, é importante dar visibilidade à atuação das mulheres, mostrando para a sociedade que, com competência, coragem e responsabilidade podemos exercer o poder em toda as esferas”.
Encerramos com esse convite do CFEMEA – Centro Feminino de Estudos e Assessoria, um alerta que busca encorajar as mulheres a participarem das eleições municipais, estaduais e federais dos poderes Legislativo e Executivo. Mulheres na política, mulheres no poder a chance de fazer o novo acontecer! Que venha logo 2012.
Foto: Alzira Soriano, primera mulher eleita no Brasil, prefeita de Lajes-RN, em 1928
Coluna publicada simultaneamente com o pbnoticias.com
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