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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Autoestima - uma leitura saudável para começar o dia!




Inácio Andrade Torres – 04/01/2010

PAIS MAUS
 
Em maio de 2003, uma tragédia, acontecida em Maracaípe – Porto de Galinhas, Pernambuco, abalou a opinião pública. Duas jovens de dezesseis anos tiveram morte estúpida. Catorze dias após o desaparecimento, uma pulseira prateada ajudou na identificação do corpo de uma delas, localizado pelo seu próprio pai.
Conforme os jornais da época, somente após de 13 dias desaparecidas, as mães revelaram desconhecer os proprietários da casa onde as filhas tinham ido curtir o fim de semana.

Naquele ensejo, Roberto Candelori, professor de Ética e Cidadania da escola Objetivo/Americana, distribuiu e pediu aos alunos na sala de aula, que lessem juntamente com seus pais, o texto Pais Maus, traduzido por Carlos Hecktheuer, médico psiquiatra, cuja autoria não foi citada, aparecendo equivocadamente como autor da obra. Por tratar-se de uma reflexão sempre atual, julgamos pertinente a publicação nesse espaço, reforçando o pedido do professor de ética. Abaixo o texto. Bons proveitos!

“Um dia quando os meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães, eu hei de dizer-lhes: - Eu amei-vos o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão.

Eu amei-vos o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.

Eu amei-vos o suficiente para vos fazer pagar os rebuçados que tiraram do supermercado ou revistas do jornaleiro, e vos fazer dizer ao dono: ‘Nós tiramos isto ontem e queríamos pagar’.

Eu amei-vos o suficiente para ter ficado em pé,  junto de vocês, duas horas, enquanto limpavam o vosso quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.

Eu amei-vos o suficiente para vos deixar ver além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos.

Eu amei-vos o suficiente para vos deixar assumir a responsabilidade das vossas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.

Mais do que tudo, eu amei-vos o suficiente para vos dizer não, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em alguns momentos até odiaram). 

Estas eram as mais difíceis batalhas de todas. Estou contente, venci... Porque no final vocês venceram também! E  qualquer dia, quando os meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães; quando eles lhes perguntarem se os seus pais eram maus, os meus filhos vão lhes dizer:

Sim, os nossos pais eram maus. Eram os piores do mundo...As outras crianças comiam doces no café e nós só tínhamos que comer cereais, ovos, torradas. As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvetes ao almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. Nossos pais tinham que saber quem eram os nossos amigos e o que nós fazíamos com eles.

Insistiam que lhes disséssemos com quem íamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos. Nossos pais insistiam sempre conosco para que lhes disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade.

E quando éramos adolescentes, eles conseguiam até ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata!

Nossos pais não deixavam os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos; tinham que subir, bater à porta, para que os nossos pais os conhecessem.

Enquanto todos podiam voltar tarde da noite com 12 anos, tivemos que esperar pelo menos 16 para chegar um pouco mais tarde, e aqueles chatos levantavam para saber se a festa foi boa (só para verem como estávamos ao voltar). 

Foi tudo por causa dos nossos pais! Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o melhor para sermos PAIS MAUS, como eles foram. Eu acho que  este  é  um  dos males  do mundo de hoje: não  há pais maus suficientes! Como faço parte desse grupo de  pais maus  estou repassando.

Coluna publicada simultaneamente com o pbnoticias.com


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