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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

ANSIEDADE: NORMAL E PATOLÓGICA






Morgana do Nascimento Andrade*

            A ansiedade é uma perturbação psíquica caracterizada por um estado quase constante e permanente de inquietação, preocupação, angústia,  intranqüilidade, desassossego e medo que provoca um mal-estar e uma tensão constante. É um sinal de alerta, que adverte sobre perigos iminentes e capacita o indivíduo a tomar medidas para enfrentar ameaças.
            Enquanto a ansiedade é uma resposta a uma ameaça desconhecida e incerta; o medo, por sua vez, é a resposta a uma ameaça definida e exata. A ansiedade prepara o indivíduo para lidar com situações potencialmente danosas, como punições ou privações, ou qualquer ameaça a unidade ou integridade pessoal, tanto física como moral. Portanto, refere-se a uma reação natural e necessária para a autopreservação. Não é um estado normal, mas é uma reação normal, e sendo assim, não precisa ser tratada, exceto quando tratar-se de síndromes de ansiedade, pois aí já é uma patologia que requer um tratamento específico.
            Para reforçar a explicação anterior, basta lembrar que se considera normal a ansiedade apresentada por um bebê que se sente ameaçado se for separado de sua mãe, ou no caso de um adolescente quando do seu primeiro encontro com sua namorada, ou ainda de qualquer pessoa que enfrente uma doença. Logo, vê-se que a ansiedade normal acompanha o indivíduo em seu crescimento, em suas mudanças, experiência de algo novo e nunca tentado, e no encontro da nossa própria identidade e significado da vida.
            Por outro lado, a ansiedade patológica caracteriza-se pela excessiva intensidade e prolongada duração proporcionalmente à situação de ataque. Ao invés de contribuir com o enfrentamento do objeto de origem da ansiedade, atrapalha, dificulta ou impossibilita a adaptação. Nesse caso, o ser humano sente-se intranqüilo e as situações à sua volta criam-lhe, muitas vezes, um mal-estar que ele não consegue definir nem controlar. Este estado de espírito altera negativamente a vida da  pessoa levando-a ao  afastamento da realidade à sua volta, acabando muitas das vezes por prejudicar sua vida e os seus relacionamentos.
            É um sentimento de apreensão desagradável, instável, acompanhado de sensações físicas como vazio (ou frio) no estômago (ou na espinha), opressão no peito,  excesso de transpiração, dor de cabeça, falta de ar, alterações das batidas do coração, dores de estômago, má digestão, perturbações intestinais e outras alterações nervosas.  
            Como sintomas da ansiedade patológica são citadas ainda, dificuldade para dormir, alergias, coceiras e inflamações na pele. Geralmente os portadores de ansiedade patológica são "nervosos", apreensivos e tem dificuldades de concentração e de reflexão. Sentem necessidade de estarem sempre em atividade para fugir do seu estado emocional, destacando-se também como agravantes desse quadro as situações estressantes e as perdas.
            No tratamento da ansiedade patológica, usa-se a psicoterapia, acrescida de exercícios relaxantes e atividades físicas para reduzirem o estresse e descontraírem a pessoa. Faz-se também um outro tipo de trabalho para que se localizem as causas por detrás da ansiedade e para que dessa forma se consiga trabalhá-las e eliminá-las. Somado a tudo isso, deve-se oferecer bom acolhimento à pessoa ansiosa, na intenção de promover alguma mudanças em benefício de sua forma de ver e de sentir o mundo e as outras pessoas. Essas alternativas, em várias ocasiões, por si só não é suficiente, sendo muitas vezes necessário que se faça uma desmemorização das tensões e emoções que foram sendo acumuladas ao longo da vida no corpo e nos tecidos e que agravam todo o estado de ansiedade. 


* Morgana do Nascimento Andrade – Psicóloga clínica. Especializanda do Centro da Dor do Hospital A.C. Camargo. São Paulo, SP.

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