Compromisso com a verdade dos fatos

Bem-vindo ao blog Garimpando Palavras

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

PATERNIDADE E FUNÇÃO PATERNA


Por: Iara da Silva Machado*
Pela diversidade estrutural familiar dos dias modernos, não é raro surgir questionamentos acerca do papel da figura materna e paterna no processo de educação dos filhos. Diversas teorias do desenvolvimento humano procuram ajustar suas premissas ao mundo contemporâneo, buscando mecanismos de justificativas respeitáveis aos padrões familiares que se apresentam em versões diferentes daquelas tidas como “clássicas” do século XIX e XX, ou seja, o modelo familiar constituído pelo pai, a mãe e os filhos.
Hodiernamente se vê várias constelações familiares pautadas em outros perfis, tais como:
·          Mãe, avós maternos e filhos(a) 
·          Pai, avós paternos e filhos(a)
·          Mãe solteira e filhos(a)
·          Pai solteiro e filhos(a)
·          Casal homoafetivo masculino e filhos(a)
·          Casal homoafetivo feminino e filhos(a)
·          Pais divorciados em segundo matrimônio com filhos(a) da primeira relação conjugal em convívio com os meio irmãos desse segundo casamento do pai ou da mãe.
Apenas para ilustrar alguns modelos familiares atuais.
Daí, pode se estabelecer a pergunta: Como a paternidade e a função paterna são exercidas de forma saudável nessas diversas formatações familiares?
Em primeiro lugar é preciso entender que a paternidade é a condição de um homem co-criar, ou seja, doar sua genética junto a uma mulher no processo de fecundação/gestação para o surgimento de um terceiro ser humano – o filho. Semanticamente a palavra pai, nomeia o homem em relação a uma família ou a descendência que provém dele.
A partir daí a criança irá começar a identificar a função paterna quando chegar a segunda infância, entre os 3 e 5 anos de idade, pois é neste período que ela perceberá a figura do pai com qualidades diferentes da mãe.
“A função paterna para criança representa a abertura para a sociedade e à autoridade familiar. Essa autoridade não se fundamenta em uma suposta superioridade do homem, pois é essencialmente um serviço, que não significa exercício de poder ou domínio sobre os subordinados. A autoridade paterna é exercida por meio da entrega, do provimento do necessário, em termos materiais, psíquicos e espirituais, para o pleno desenvolvimento da família”. (Griffa & Moreno, 2001).
“É o pai, ou quem exerce esse papel na família, que incentiva o filho a socializar-se e é ele que instaura a lei”.
Quando Griffa & Moreno (2001) afirmam essa sentença acima, cujos grifos são meus, eles permitem que possamos verificar que não apenas a figura instituída do genitor/pai (autor ou causa de alguma coisa), mas também qualquer outro (a) que exerça essa autoridade e estabeleça os limites, as normatizações familiares estará atuando numa função paternal. Não há corrupção ao desenvolvimento psíquico do ser humano com essas possibilidades outras de formatação familiar. De fato, o prejuízo ou dano emocional, afetivo, psíquico se dará em qualquer roupagem familiar, inclusive nas ditas tradicionais/clássicas se somente se houverem fatores genéticos preponderantes ao favorecimento de doenças mentais ou psicopatológicas ou se existir na estrutura familiar conflitos permanentes ou freqüentes entre o casal que desemboquem em violência doméstica, agressão verbal, emocional ou física, quando há a degeneração moral e ética diante dos filhos, quando há a doença do alcoolismo ou outra dependência química materna ou paterna, momento em que toda família adoece na co-dependência dessa droga, quando no âmbito familiar não há diálogo enobrecido, e por fim, mas não menos importante quando neste lar não há fé, não há religiosidade.
Pais e filhos são como dois pólos de um paradoxo, de um dilema, que precisam um do outro e definem-se um ao outro.
Por fim, os pais precisam se reconhecer como autores da “obra” que é um filho, portanto têm autoridade para administrar o seu desenvolvimento, embora devam respeitá-lo como um ser individual e livre. Isso quer dizer que ele vai ser o autor da própria vida, desenvolvendo seu projeto pessoal. É fundamental reconhecer que os sentimentos possessivos levam ao abuso da autoridade, a excessos de quem acredita que o filho é patrimônio dos pais, sem reconhecer que ele tem de caminhar sozinho, com as identificações e os modelos internalizados, para poder ver os pais de uma perspectiva mais madura e saudável. Quiçá, mais feliz.
*CRP13-2262. Psicóloga Clínica Especialista em Infância e Adolescência; Psicoterapeuta em Análise Bioenergética; Orientação Transpessoal em DMP - Processo de Memória Profunda.
 Coluna publilcada simultaneamente com o pbnoticias.com

Nenhum comentário:

Arquivo do blog