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domingo, 15 de março de 2009

Dom José aceita uso da camisinha


PACIFICADOR Arcebispo emérito da Paraíba completa 90 anos hoje reconhecido como um profeta pacificador



O arcebispo emérito da Paraíba, Dom José Maria Pires, completa hoje 90 anos, 68 dos quais dedicados à Igreja e três décadas desta trajetória religiosa vividas na Paraíba. Nascido em 15 de março de 1919, em Córregos, Minas Gerais, estado onde hoje reside, ele revelou que não esquece da sua "paraibanidade". De gestos simples e consciente dos problemas sociais, Dom José Maria Pires afirmou que a pedofilia é uma tendência negativa que pode ser controlada se tratada na infância e que o uso do preservativo pode ser usado "para que se evite um mal maior".
"O uso do preservativo é algo que merece reflexão. O sexo existe e deve ser usado de acordo com sua finalidade, de aproximar as pessoas, sem destruição da vida. Na doutrina bíblica a vida tem de ser preservada sempre. Mas se você vai fazer algo errado, que pelo menos proteja a outra pessoa para se evitar um mal maior", ponderou. Sobre os escândalos envolvendo casos de pedofilia, assunto comumente divulgado na imprensa nacional, Dom José Maria Pires alertou que os acusados precisam de apoio para superar o problema. Para ele, a falha de atitude não pode ser revertida, mas, superada.
Educação para evitar a pedofilia
"A pedofilia é uma questão de educação. Essas pessoas têm uma tendência negativa, fora do normal, que deveriam ser tratadas desde criança para superar este problema. A igreja, escola e sociedade poderiam contribuir para isso. Se a pessoa não tem uma oportunidade, um ambiente adequado, não pode superar isso. Ao invés de condenação, ela precisa de apoio".
O arcebispo emérito da Paraíba ponderou ao falar sobre o uso de células troncos para fins medicinais. Mas não descartou totalmente o uso destas experiências no tratamento de algumas doenças.
"O princípio da palavra de Deus é proteger a vida. Se as células usadas pela medicina não forem embrionárias podem ser usadas para fins terapêuticos. Se for embrionária, significa que já existe um ser humano em formação, então não é possível porque temos sempre que celebrar a vida. Isso seria uma espécie de aborto no início".
Para Dom José, celebrar 90 anos de vida não há nada de especial, mas uma de suas grandes gratificações foi ter vivido "todo esse tempo com alegria por ter sido chamado por Deus para o sacerdócio". A comemoração relativa à data ocorrerá em uma missa em Minas Gerais e um almoço na Casa dos Jesuítas, no bairro de Itapuã, Belo Horizonte-MG.
Dom José tem devoção pelo social
Bispo da solidariedade
Trabalho pastoral em favor dos necessitados é destacado por amigos e admiradores.
Ao longo dos 30 anos em que esteve à frente da Arquidiocese da Paraíba, Dom José Maria Pires realizou muitas obras, conquistou amigos e fiéis para a Igreja Católica. "Dom José e Dom Adauto são as duas presenças de destaque no episcopado paraibano. Dom Adauto por ter fundado a Diocese e Dom José pela afinidade com os problemas sociais do estado. Antes dele, a Igreja compensava a miséria social com um lugarzinho no céu. Depois dele, a pobreza passou a descobrir que tinha direito a um lugar na terra", disse Gonzaga Rodrigues.
"Ele foi o grande pastor, despertando fanatismo ideológico numas consciências e admiração e respeito naqueles que não concordavam com ele. Dom José é o arcebispo da minha admiração", acrescentou o jornalista.
O reitor do Unipê, José Loureiro Lopes, lembrou de algumas obras sociais deixadas pelo arcebispo emérito. "Tive a alegria de participar da ação evangelizadora de Dom José Maria Pires enquanto esteve na Arquidiocese da Paraíba. Ele criou na Arquidiocese o Instituto de Desenvolvimento e nele lançou o projeto Ação, Justiça e Paz, que envolve a participação da Igreja num esforço de desenvolvimento da Paraíba e do Nordeste, ajudando as populações mais carentes", disse.
O reitor do Unipê disse que Dom José Maria Pires era muito evangélico e trouxe para o estado uma mensagem de esperança, não só para os religiosos, mas para o povo. "Ele trouxe uma mensagem de amor, fraternidade e solidariedade que são inerentes à proposta básica de Jesus Cristo", concluiu.
O diácono e sociólogo Alder Júlio Ferreira Calado também deixou sua mensagem para o sacerdote. "Como não lembrar do apoio de Dom José aos Centros de Defesa dos Direitos Humanos, que se espalhariam pelo Nordeste e pelo Brasil? Sua ação profética tantas vezes se fez manifestar, firme e serena, sempre na linha da não-violência ativa, em numerosos conflitos e ameaças de quem eram vítimas camponeses, religiosas e alguns padres, que nele tinham um Pastor a apoiá-los frente aos donos do poder".As saudações a ele também estão registradas em obras literárias e uma delas é "Dom José Maria Pires: uma voz fiel à mudança social", contendo homilias, palestras e conferências e organizada por Sampaio Geraldo Lopes Ribeiro (2005). No livro, o sacerdote recebe depoimentos de importantes figuras da sociedade brasileira.
"Zé Maria é um mineiro pacífico e pacificador, que sorri sempre, até quando contesta. Tem a palavra mansa da verdade e do diálogo, uma palavra pastoral sempre, quer seja numa homilia, quer seja num discurso acadêmico", frisa Dom Pedro Casaldáliga.
A deputada Luíza Erundina também deixou seu depoimento nesta obra. "Dom José, com suas idéias revolucionárias, estava muito à frente dos que com ele faziam a caminhada. Por isso, foi ganhando a adesão dos leigos as suas propostas de trabalho pastoral engajado na luta do povo, portanto, política", disse a deputada.
Trajetória religiosa:
Lema: "Scientiam Salutis" (A Ciência da Salvação)Nascimento: 15 de março de 1919Local: Córregos - MGFiliação: Eleutério Augusto Pires e Pedrelina Maria de JesusOrdenação Presbiteral: 20 de dezembro de 1941
Local: Diamantina - MGNomeação Episcopal: 25 de maio de 1957Ordenação Episcopal: 22 de setembro de 1957
Local: Diamantina - MGData de Arcebispo: 2 de dezembro de 1965Data da Renúncia: 29 de novembro de 1995Estudos:Filosofia: Seminário de Diamantina - MG (1936-1937)Teologia: Seminário de Diamantina - MG (1938-1941)

Fonte: O Norte
foto: Canção Nova

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