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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Goiânia manda mendigos "forasteiros" de volta para casa

A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), de Goiânia, mandou nesta segunda-feira embora 16 moradores de rua oriundos de dez Estados e que estavam na capital pedindo esmola nas ruas.

O embarque é a etapa final de uma campanha iniciada em dezembro do ano passado, quando funcionários da Semas retiraram das ruas essas pessoas e as encaminharam para a Casa da Acolhida Cidadã (CAC). Amanhã, deverão ir embora outros 11 mendigos.

O titular da Semas, Walter Silva, disse não acreditar que estas pessoas voltem para Goiânia por causa do Plano Nacional para População em Situação de Rua, que entrou em vigor no dia 24 de dezembro, e prevê assistência aos mendigos em seus municípios de origem.

"As prefeituras vão, inclusive, receber dinheiro para fazer isso. Então, não acredito que elas voltem."

Se depender da vontade dos moradores de rua que foram embora hoje, Goiânia fará parte do passado para sempre.

"Espero me firmar agora em São Paulo, lá está minha tia, tem uns parentes. Quero arranjar um emprego e esquecer esse tempo que fiquei fora de casa. Nunca mais", disse Danilo Miranda Rodrigues, 21 anos.

Rodrigues é de Franca (SP), mas saiu cedo de casa em busca de emprego. Antes de vir para a capital, passou em Britânia (GO), a 337 km de Goiânia, não deu certo e resolveu voltar para Franca. Na Rodoviária de Goiânia, diz ter sido assaltado. Sem dinheiro, nem documento, ficou na rua por três dias.

"Todo dia a polícia me pegava, achava que eu era bandido, que era maloqueiro. Teve um dia em Aparecida (cidade vizinha à Goiânia) que apanhei deles. Foi um inferno. Aí vim aqui (no CAC) para me ajudarem", disse.

Outro que também não quer lembrar de Goiânia é Sinval Sousa de Melo, 28 anos, natural do Rio de Janeiro.

"Eu saí de lá tem um tempo, fui para a casa de uns parentes em Pernambuco, mas não deu certo. Aí vim para Goiânia porque uns irmãos tinham falado bem da cidade, que aqui eu conseguia emprego fácil. Só que não foi bem assim."

Sinval ficou um mês sendo ajudado por fiéis de uma igreja evangélica. Mas, como não conseguiu emprego fixo, precisou sair da casa que haviam alugado para ele e foi parar literalmente na rua.

"É difícil. Foi um pesadelo, mas aí vim pra cá antes de piorar muito. Quero voltar pra minha terra, pro Rio de Janeiro e nunca mais sair de lá."

Todas as despesas com as viagens foram custeadas pela Prefeitura de Goiânia. Antes de irem embora, essas pessoas receberam assistência médica, psicológica, funcionários da Semas contataram seus familiares e as prefeituras de suas respectivas cidades.

"Não estamos expulsando ninguém. Estamos encaminhando elas para um atendimento mais apropriado, perto de seus familiares", disse Silva.

A intenção é que todo mês um grupo de moradores de rua forasteiro seja encaminhado para sua terra natal. Dos 135 abrigados pelo CAC hoje, mais de 70% são de outras cidades, segundo a Semas.

"São pessoas que vêm em busca de emprego na grande maioria dos casos. Muitas deles sofrem com alcoolismo, problemas familiares ou uso de drogas", disse o titular da Semas.

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