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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Escravidão: Paraibanos são resgatados pelo MPT no Rio de Janeiro


Cerca de 70 pessoas, todos da Paraíba e Pernambuco, foram resgatados pelo Ministério Público do Trabalho em situação análoga à de escravo no Rio de Janeiro. Eles estavam trabalhando na Fazenda Parque Recreio, no Recreio dos Bandeirantes. A inspeção envolveu ainda a Superintendência Regional do Trabalho e Polícia Federal.
Se ficar comprovado que o recrutamento dos trabalhadores se deu em razão de aliciamento na Paraíba, o MPT local irá investigar o assunto através de um procedimento investigatório, segundo informou o procurador do Trabalho José Caetano dos Santos Filho. Pela investigação do MPT do Rio, os trabalhadores receberam proposta para trabalharem na fazenda por um salário médio de R$ 800. O intermediário ou "gato" da suposta contratação é chamado por eles de "Nego de Totô".
Diversas irregularidades trabalhistas foram encontradas no local, entre elas servidão por dívida, salários não pagos, alojamentos impróprios e carteiras de trabalho retidas. A propriedade, do empresário Pasquale Mauro, dono do Hospital Rio Mar, tem sido preparada para se tornar uma área rural urbana temática e turística.
Os trabalhadores encontrados foram arregimentados para exercerem funções de serventes, pedreiros e serviços gerais a fim de construir os locais que serão destinados ao público visitante. Os trabalhadores embarcaram para o Rio no dia 25 de outubro em um ônibus fretado pelo "gato" e ficaram em alojamentos inadequados, pois os locais não têm água potável e nem condições de higiene e segurança. Um dos alojamentos contém 14 quartos.
Em cada um dos cômodos dormem quatro homens em beliches precárias. O local é chamado de "Carandiru" pelos trabalhadores. Na porta de cada quarto não há fechaduras, mas há correntes que são colocadas para garantir a segurança dos trabalhadores, pois o alojamento já foi invadido por ladrões.
Segundo depoimentos colhidos no local, os trabalhadores são submetidos a uma jornada excessiva, além custearem a própria alimentação e alojamento. "Trabalhamos de segunda a segunda, pois se não trabalharmos nos finais de semana, não comemos. Não temos dinheiro, não recebemos salário e sequer temos notícias dos nossos familiares. Quando recebermos, teremos que pagar a passagem de ônibus (R$ 300). Eu só quero voltar para casa", disse um dos trabalhadores.
Um menor foi encontrado entre os demais. Ele conta que recentemente foi vítima de acidente de trabalho, cortou um dos dedos em uma máquina e foi levado ao hospital pelos próprios colegas de trabalho. "Quase perdi o dedo. Levei 12 pontos e continuo trabalhando normalmente", disse.
Fonte: Assessoria
foto:www.unicrio.org.br

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