Por Misael Nóbrega de Sousa (colaborador)
Eu vivo um dia após o outro; e nenhum deles, por mais que os anjos se esforcem, é diferente na dor. Suporto as horas que atravessam o tempo, vagarosamente; e, esse penar, é a minha punição. Espero na ansiedade, a conformidade do fim. E penso que essa terminação será melhor que todos os instantes juntos, em que aqui estive, feito arremedo de homem.
Tolero apenas, os pássaros, quem sabe, pela liberdade tão peculiar – Mas, apenas tolero... – Não os invejo. A mim não foi dada nenhuma razão para voar. Acredito que essa vida toda tenha sido uma blasfêmia. Isso por que descobri ser quem era antes de chegada à hora – E nada sou.
Deus foi cruel comigo. Deu-me a exultação da carne; e alegou para Si, qualquer santidade de meu espírito. Fez-me entrever o derradeiro momento; antecipando, assim, como se fora uma visagem, uma profecia... - a depuração de tudo que é material. Não fui ungido pela palavra; fiz dela o meu próprio escárnio. E dentro do condado da racionalidade não encontro o caminho de volta. É acolá onde se permite questionar a existência – Da terra e do céu; do inferno e de onde mais se queira o confinamento da alma; quem dera, livre para escolher o lugar da consolação. E é acolá, também, onde se beira à loucura.
Longe estou da verdade. E, pela inconsistência da moção, padeço... - ao redor da minha própria insensatez. Todavia, o que me tornei? Se até comparado a um demente, vejo nisso a elevação de sua alma (inocente)?.
Quisera eu ter a certeza dos comuns, que advêm da luz, e só a ela retornarão. Mas, a minha incredulidade, cujo amparo deveria ser incondicional; flui, agora, pelos lugares, já citados: o céu, a terra, e o inferno. Como posso não me confessar e mesmo assim querer algum perdão? Anseio pela fé não como uma muleta para continuar (de pé) na posição de honradez.
Não nego a existência de Deus. Acredito que Ele tenha negado a nossa, quando viu que não tínhamos entendido à Sua vontade. E, apenas isso, bastou. Deus, Onisciente, já nos julgou. Não terei outro destino que não o de esperar na morte. Pior é o ensaio do desprendimento. Às vezes, tísico, claustrofóbico, asfixioso... – E, então, nada mais acontecerá. Penso que não há mais tempo para a comunhão.
Morro, portanto, a cada manhã cinzenta de domingo, sem a esperança renovada de que isso seja a busca pela eternidade... – E a manifestação de que fizemos por merecer o milagre da vida. E nesses domingos, as tardes são mortas; e, servem, apenas, para realçar o cortejo, por assim dizer. Não posso, fortalecer-me na amargura. Não sou digno de ter sido parido, porquanto, não me sustento, sequer, em mim mesmo.
Jornalista e professor
Eu vivo um dia após o outro; e nenhum deles, por mais que os anjos se esforcem, é diferente na dor. Suporto as horas que atravessam o tempo, vagarosamente; e, esse penar, é a minha punição. Espero na ansiedade, a conformidade do fim. E penso que essa terminação será melhor que todos os instantes juntos, em que aqui estive, feito arremedo de homem.
Tolero apenas, os pássaros, quem sabe, pela liberdade tão peculiar – Mas, apenas tolero... – Não os invejo. A mim não foi dada nenhuma razão para voar. Acredito que essa vida toda tenha sido uma blasfêmia. Isso por que descobri ser quem era antes de chegada à hora – E nada sou.
Deus foi cruel comigo. Deu-me a exultação da carne; e alegou para Si, qualquer santidade de meu espírito. Fez-me entrever o derradeiro momento; antecipando, assim, como se fora uma visagem, uma profecia... - a depuração de tudo que é material. Não fui ungido pela palavra; fiz dela o meu próprio escárnio. E dentro do condado da racionalidade não encontro o caminho de volta. É acolá onde se permite questionar a existência – Da terra e do céu; do inferno e de onde mais se queira o confinamento da alma; quem dera, livre para escolher o lugar da consolação. E é acolá, também, onde se beira à loucura.
Longe estou da verdade. E, pela inconsistência da moção, padeço... - ao redor da minha própria insensatez. Todavia, o que me tornei? Se até comparado a um demente, vejo nisso a elevação de sua alma (inocente)?.
Quisera eu ter a certeza dos comuns, que advêm da luz, e só a ela retornarão. Mas, a minha incredulidade, cujo amparo deveria ser incondicional; flui, agora, pelos lugares, já citados: o céu, a terra, e o inferno. Como posso não me confessar e mesmo assim querer algum perdão? Anseio pela fé não como uma muleta para continuar (de pé) na posição de honradez.
Não nego a existência de Deus. Acredito que Ele tenha negado a nossa, quando viu que não tínhamos entendido à Sua vontade. E, apenas isso, bastou. Deus, Onisciente, já nos julgou. Não terei outro destino que não o de esperar na morte. Pior é o ensaio do desprendimento. Às vezes, tísico, claustrofóbico, asfixioso... – E, então, nada mais acontecerá. Penso que não há mais tempo para a comunhão.
Morro, portanto, a cada manhã cinzenta de domingo, sem a esperança renovada de que isso seja a busca pela eternidade... – E a manifestação de que fizemos por merecer o milagre da vida. E nesses domingos, as tardes são mortas; e, servem, apenas, para realçar o cortejo, por assim dizer. Não posso, fortalecer-me na amargura. Não sou digno de ter sido parido, porquanto, não me sustento, sequer, em mim mesmo.
Jornalista e professor
Um comentário:
Misael é ótimo!
josewrmoura@ig.com.br
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