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sábado, 15 de dezembro de 2007

Literatura de Cordel: ainda vive


Ele nasceu no berço da cantoria de viola, do cordel, região da Serra do Teixeira, mais precisamente em Mãe D’Água. Seu nome, Antônio Mota da Silva. Todo o encanto e magia que existe na poesia oral ou de bancada presentes nessa cultura de raiz vem aos poucos tomando fôlego pela perseverança de alguns talentos de nossa terra, a exemplo de Mota, que enfrentam a era digital, a globalização e mantêm vivos antigos traços culturais, que na visão deles não podem morrer.
O Garimpando Palavras, que no seu curto tempo de vida, apenas três meses e com mais de quinhentas postagens já colocadas online, tem em um de seus papéis principais a valorização e preservação da autêntica cultura de raiz, por entender que ela é o maior patrimônio de seu povo. É nessa ótica de raciocínio que apresentamos hoje um dos grandes talentos do cordel de nossa região, Antônio Mota.
Professor da rede estadual, 39 anos, hoje residindo em Patos, cresceu ouvindo as histórias e proezas dos poetas de terra, a exemplo de Nicandro e Ugulino, Francisco Romano e Severino Pirauá, além do pioneiro do cordel no Brasil, Leandro Gomes de Barros, que nasceu em Pombal, mas viveu até os quinze anos no município de Teixeira.
O primeiro trabalho de Mota de Mãe D’Água, nome sugerido para que subscrevesse artisticamente suas poesias, foi o livro ICR – Intrínseco Coração Resignado, de poemas líricos, lançado pela UCPEL – Universidade Católica de Pelotas – RS, depois de um intercâmbio pedagógico de Mãe D’Água com o governo Federal, através da referida universidade, isso em 2001. Depois ele lançou o primeiro cordel: Judas ainda está vivo, onde faz neste uma série de críticas sociais, políticas e religiosas. O segundo de sete cordéis já publicados, O casal que mais brigava na Paraíba do Norte, que trata dos conflitos de um casal com intenso humor, é uma obra que vem sendo adaptada para o teatro em vários municípios como Patos, Condado, Santa Luzia e Mãe D’Água, encenada em escolas e faculdades sertanejas.
Na seqüência veio a publicação de Onde fica a caixa pregos, em que o autor descobre que fica em Brasília, mas precisamente no Congresso Nacional, onde abusa, com certo sarcasmo, de nossos políticos. Seu quarto cordel, intitulado Beijo de mulher bonita e carinho de mulher feia, mesmo tratando com humor conceitos e atitudes do público feminino, gerou polêmica de algumas. O Homem é quem vai parir, onde Mota faz uma crítica social do mundo moderno, com grande pitada de humor, foi seu quinto cordel. O sexto folheto foi lançado mais como material de marketing do evento junino de Mãe D’Água: João Pedro é só alegria em Mãe D’Água. O último foi o Jumento Que Advinha. Que Advinha era mesmo o nome do jumento, figura central de uma piada que corre na região. Mas o escritor, que não pode mais ser chamado de bancada, tendo em vista as novas ferramentas de montagem dos textos para irem à gráfica, não descansa e deve lançar seu oitavo cordel nos últimos dias deste ano. Vale lembrar que nas capas não são usados mais os desenhos em xilogravura. Todo o material vem sendo produzido pelo designer gráfico e artista plástico Alex Souto.
foto: garimpandopalavras

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